JornalValor--- Página 10 da edição"23/06/2020 1a CAD A" ---- Impressapor ccassiano às 22/06/2020@21:15:
Te rça-feira, 23dejunhode 2020 |Valor |A
Política
Empresário apoiado pelo Centrão e
pela Fiesp é cotado para Educação
MatheusSchuch e AndreaJubé
DeBrasília
O presidente Jair Bolsonaroes-
tá dispostoadesagradara ala
ideológicado governoparano-
mearum ministrocom perfilde
gestor para o Ministérioda Edu-
cação(MEC).Ganhouforçanos
bastidoresaindicaçãodoempre-
sárioeatual secretário da Educa-
ção do governodo Paraná,Rena-
toFeder,quereúneapoiodeinte-
grantes do Centrão, de empresá-
rios ligados à Federaçãodas In-
dústrias do Estadode São Paulo
(Fiesp) e da comunidadejudaica,
segundoapurouoValor.
Feder deverá ser recebido hoje
pelo presidente Jair Bolsonaro, no
PaláciodoPlanalto, parauma con-
versa. Embora integrantes do Cen-
trão não reconheçampublica-
mente Feder comoindicação do
bloco, ele é bemvistopor parla-
mentares. Asolução tambémiria
ao encontrodo que é defendido
por ministros militares,que antes
da demissão de AbrahamWein-
traubjátentavamconvenceropre-
sidenteaoptar por um perfilmais
técnicoparaapasta.
Integrantesdo núcleo militar
ouvidos pelo Valor admitem
que,pelocurrículo,oempresário
poderia ser umasoluçãoparao
Ministérioda Educação.No en-
tanto,ponderaramque éuma
área“complexa” paraaqualo
presidente “terá que analisar
muitascoisas”antesdedecidir.
Um dospontosde reflexão éso-
bre o impacto que a eventualesco-
lhadeFederterájuntoaogrupode
seguidores do ideólogoOlavo de
Carvalhoe do ex-ministro Wein-
traubemredessociais.“Elesempre
pensacomoatropade choquelá
vai reagir”, comentouum assessor
palaciano, em relação aos militan-
tes quese mobilizamnainternet
paradefenderopresidente.
Logo apósa demissãode Wein-
traub, na semanapassada, Bolso-
naro estava inclinado a deixar co-
mo ministro interino osecretário
de Alfabetização do MEC,Carlos
Nadalim, enquanto definia onovo
titular.No entanto,caso avancem
as conversascom Feder hoje, auxi-
liaresdo presidente dizemque a
nomeação poderá ocorrer em
poucotempo.Porenquanto,apas-
taestásobcomandodosecretário-
executivo,AntonioPauloVogel.
AliadodeBolsonaroenomeim-
portante do PSD,ogovernador do
Paraná, RatinhoJunior, já teria da-
do sinal verdepara amudança. Fe-
der comanda a área de Educação
no Paraná desdeoinício da atual
gestão. Em um ano e meio, propôs
uma sériede medidas de transfor-
mação digital nas escolas e tentou
alinhar agestão a métodos e práti-
cas corporativas. Enfrentou resis-
tência de servidores,ao propora
reformanosistemaprevidenciário
e mudanças nas eleiçõespara dire-
toresdeinstituiçõesdeensino.
Aexperiência na Educaçãodo
Paranáéaprimeiradedestaquena
áreadegestão pública no currícu-
lo do empresário de 41 anos.An-
tes,ele havia assessorado de forma
voluntária agestãode Geraldo Al-
ckmin (PSDB) no governode São
Paulo. Tambémapoioua candida-
tura de João Doria àprefeitura da
capital paulista, doando R$ 120
milparaacampanha.
OeconomistaésóciodaMulti-
laser. A empresa éuma das prin-
cipaisdo Brasilno segmentode
eletrônicose de suprimentos de
informática.Em 2018,areceita
líquidafoideR$1,91bilhão.
Ontem, oministro Gilmar Men-
des, do Supremo Tribunal Federal
(STF),deuprazode48horasparao
governo justificar arevogação de
umaportaria que incluía negros,
indígenas e pessoascom deficiên-
cia em açõesafirmativas de acesso
acursosdepós-graduaçãoemuni-
versidades federais. A portaria foi
revogadapor Weintraub antesde-
ledeixarocargo.
Começam asbaixas
nacaserna
Andrea Jubé
A
pesardeesforços
deváriosatoresem
váriasfrentespara
arejaracena
política,aprisãode
FabrícioQueiroz,ex-assessordo
senadorFlávioBolsonaro
(Republicanos-RJ),aumentoua
tensãoemtodososambientes,
inclusiveemumadasbasesmais
carasdeJairBolsonaro:as
esposasdosoficiaismilitares.
Umaevidênciado
derretimentodapopularidade
dopresidenteéaprogressiva
perdadeapoionessesegmento,
refletidanosváriosgruposde
WhatsAppemqueasmulheres
dosoficiaisdaativaedareserva
trocamimpressõessobreos
fatospolíticos.Aprisãode
Queirozeascircunstânciasque
aenvolveramprovocaramuma
debandadanessegrupo,
inclusivededefensoras
obstinadasdopresidente.
Nemasaídadoex-juizSergio
Morodogovernonemapostura
negacionistadeBolsonarosobrea
pandemia—ea indiferença
diantedasmaisde50milvítimas
fataisdacovid-19—haviam
espantadoessasapoiadoras.
Masoesconderijono
escritóriodoadvogado
FrederickWassef,quenãosaía
dosdoispalácios,Planaltoe
Alvorada,évistocomoum
detalheestarrecedor.Aindaque
Wasseftenhadeixadoadefesa
dosenador,atéontemsuas
digitaisestavamlá,próximasda
família,esuasdeclaraçõespara
tentarblindaropresidentesão
consideradasartificiais.
Outraconvicçãodogrupode
mensagensdasesposasédeque
maisdoqueumauxiliar,
Queirozeraumpersonagemdo
entornodopresidente,
frequentadordechurrascose
pescariasdafamília.Emumdos
primeirosepisódiosemquese
viuobrigadoaesclareceresses
laços,Bolsonarotevede
responderporqueQueiroz
depositouumchequedeR$
milnacontadaprimeira-dama
MichelleBolsonaro.
Umgeneralqueviualgumas
dasmensagenstrocadasentre
elasasseguraqueaté“o grupo
maisradicalsumiu”.Osgrupos
demensagensdasesposasdos
oficiaisantecipamtendências,
dizestegeneral.
Éumaanálisesemdúvida
empírica.Masem2018,antesdos
institutosdepesquisasedos
analistaspolíticos,astrocasde
mensagensnessesgruposjá
indicavamavitóriadeBolsonaro.
Seopresidenteamargaas
primeirasbaixasnoestrato
femininodacaserna,generais
daativaafirmamqueaprisãode
Queirozacentuouodesconforto
dacúpulacomapersistente
vinculaçãodogovernoao
Exército.
Aimagemmaisclaradesse
vínculoparaogrupodo
comandanteEdsonLealPujolé
apermanênciadedoisgenerais
daativanoprimeiroescalão:os
ministrosLuizEduardoRamos,
daSecretariadeGoverno,e
EduardoPazuello,daSaúde.
Écomessepanodefundoque
acúpulamilitaresperaque
nestasemana,emqueoAlto
ComandodoExércitoestá
reunidoparadefinirpromoções
eanalisaraconjuntura,o
ministroRamosfinalmente
anuncieasuatransferênciapara
areserva.
Há15dias,Ramosanuncioua
aposentadoria,masnãofalou
emdata.Napróximasemanaele
completaráumanocomo
generaldaativaemumcargo
civil,paradesassossegodePujol.
QuantoogeneralBraga
Netto,aindanaativa,tomou
possecomoministro-chefeda
CasaCivil,paraassumira
gerênciadogoverno,emmenos
deummêsformalizousua
transferênciaparaareserva.
Aposentandoafarda,
entretanto,Ramosperdea
oportunidadedeserindicado
paraapróximavagaparao
SuperiorTribunalMilitar(STM),
queseráabertanosegundo
semestrede2022,coma
aposentadoriacompulsóriado
ministroLuísCarlosGomes
Mattos.
Acúpuladacaserna,
entretanto,distingueasituação
deRamosePazuello.Ambos
aindatêmumanoemeiona
ativaparagalgaroutrospostos
nacarreira.Masháumaleitura
dequecomogeneralde
Exército,Ramosatingiuotopo
dacarreira—acima,sóoposto
dePujol.
EnquantoPazuello,oficialde
intendência(especializadoem
tarefasadministrativasou
logísticas),teriaaprerrogativa
debuscaroutrascolocações
porquecomoministrointerino
daSaúdeestariacumprindo
missãodasmaisespinhosas,
semchancededeserção.
Masseháodesconfortocom
ovínculodiretodogoverno
BolsonarocomoExército,a
cúpulamilitartambémnãoestá
satisfeitacomasrecorrentes
insinuaçõesdequetentariam
umgolpemilitar,tampouco
comoqueclassificamcomo
excessosdeministrosdo
SupremoTribunalFederal(STF).
Foiporessemotivoqueo
ministrodoSTFGilmarMendes
pediuaaudiênciacomo
comandantedoExércitona
semanapassada.Areuniãofoi
salutar,masaconversanemde
longefoiconclusiva.
Osgeneraisreconhecemos
excessosdeBolsonaro,masda
mesmaformaenumeram
episódiosemqueaseuver,os
ministrosdoSTFteriam
extrapolado.
Oepisódiomaisrecenteque
irritouosgeneraisfoia
declaraçãodoministrodoSTFe
presidentedoTribunalSuperior
Eleitoral(TSE),LuísRoberto
Barroso,dequeanomeaçãode
militaresparavárioscargoseraa
“chavização” dogoverno.“Ele
praticamentenoschamoude
bandidos”,indignou-seum
generaldaativa.
Outrogestoconsiderado
desrespeitosoéatribuídoao
decanodoSTF,CelsodeMello.
eleincluiunomandadopara
ouvirRamoseoministrodo
GabinetedeSegurança
Institucional(GSI),general
AugustoHeleno,aadvertência
dequesenãocomparecessem
nadataagendadaparaaoitiva,
estariamsujeitos“como
qualquercidadãoàcondução
coercitivaoudebaixodevara”.
Elesseriamouvidossobrea
acusaçãodeMorodasuposta
interferênciapolíticade
BolsonaronaPolíciaFederal.
“Bolsonarotemexcessos,mas
oSupremoestáforadacasinha,
otribunalestápolitizadohá
muitomaistempo”, ressaltou
umgeneral.
AcúpuladoExércitoavalizou
adeclaraçãodeRamosàrevista
“Veja” dequeosmilitaresnão
cogitamnenhumgolpe,masa
oposiçãonãopodeesticara
corda.Oentendimentona
cúpuladacasernaédequeas
instituiçõesdevemser
preservadas:oJudiciário,o
LegislativoeoExecutivo.
Investigaçõeseprocessosque
miremopresidenteealgumde
seusfamiliaresdevemseguiro
cursonormal,semaçodamentos
nemardis.Areiteraçãodoquea
cúpulaclassificacomoexcessos
serácompreendidacomo
cutucaraonçacomvaracurta.E
aonçaestádormindocomum
olhoaberto.
Andrea Jubéé repórterdePolíticaem
Brasília.Escreveàsterças-feiras
Prisão de Queiroz
ampliadesconforto
no Exército
Ruasselarão destinodeBolsonaro, diz Temer
CésarFelício
DeSãoPaulo
“Quem derruba presidente é o
povo na rua”. A sentença chama
atenção por quem aprofere, oex-
presidente Michel Temer, em
umaconversaemSãoPaulo,onde
se mantémem isolamento social.
Para um dos principaisatores do
processo de impeachment que
acabou comogoverno da sua an-
tecessora, DilmaRousseff, esta éa
variável decisiva para se vaticinar
sobre acapacidade de Jair Bolso-
narosemanternaPresidênciaaté
ofimdeseumandato.
Oex-presidente foi alvode
duas denúncias feitaspelo ex-
procurador geral da República,
Rodrigo Janot, que poderiam ter
levado ao seu afastamento, caso
fossemacolhidaspeloCongresso.
Ele acha que oelemento decisivo
para salvá-lo foi o silêncio popu-
lar. “Eu não tive povona rua no
meu governo, exceto alguns ca-
sospontuais, contra a reforma da
Previdência”. Em relação aBolso-
naro, ele tem dúvidas. “Ele tem
povo contra e povo a favor, os
doissemanifestando”, comenta.
Temer sente-se honradopelas
manifestaçõesdereconhecimen-
to que Bolsonarojá fez em rela-
ção a seu governoe, entreos ex-
presidentes,édelongeomaisco-
medido nas avaliaçõesem rela-
ção ao atualchefede Estado. Mas
ficou apreensivo com a radicali-
zaçãoque partedos próprios
apoiadores do presidente.“Algu-
mas manifestações pregamofim
da democracia.É útil que asocie-
dadefaçaumalerta.Todapalavra
em defesada democracia éútil
nessemomento. O Brasilprecisa
édeunidade”, diz.
Causou espécie ao ex-presiden-
te a teoria levantada por apoiado-
res de Bolsonaro de queoartigo
142 da Constituição Federal pode-
ria justificar uma intervenção mi-
litar no jogopolítico. “As Forças
Armadas são um poder,mas su-
bordinado, nãoautônomo. Elas
não podem ser usadas contra o
funcionamento de outrospode-
res, mas podemser usadas para
garanti-los. No caso de algum po-
der descumprir uma decisão judi-
cial, caberiaao Judiciário recorrer
a este artigo, por exemplo”.
Para Temer, “osmilitaresja-
mais se desviarãodos termos
constitucionais.Eles não querem
repetiro episódiode 1964e não
vi nenhumadeclaraçãoescrita
ou oral que não fossenessadire-
ção”, afirmou, demonstrando
não se impressionarcom as de-
claraçõesde tom ameaçadorfei-
tas por ministros comoAugusto
HelenoeLuizEduardoRamos.
O ex-presidentetambémnão
crê que Bolsonarotomequal-
queriniciativade ruptura.“No
caso dele a retóricaémuito dife-
rentedaação”, comentou.
Ele fala por experiência própria:
logo após uma campanha em que
o atualpresidente repetidasvezes
antagonizou China, Argentina e
mencionou a transferência da em-
baixada brasileira em Israelpara
Jerusalém, Bolsonaro foi recebido
por Temer.De formacordata, pe-
diu um conselho.Oex-presidente
fez recomendações apenas sobre a
política externa. Aconselhou a ter
cuidado coma relaçãobilateral
com a China, a não brigar com os
paísesárabeseanãosefecharpara
a Argentina. “Em seu governo,ele
já esteve na Chinaeem paísesára-
bes enão levou arelação com a Ar-
gentina a um pontode ruptura”,
disseTemer.
O ex-presidente também cita o
reverso da medalha.Há algumas
semanas, Temer tomou a iniciativa
de telefonar para Bolsonaro.Que-
ria falar sobrepandemia. Quando
foiatendido,indagouaopresiden-
te se ele aceitava um conselho so-
bre otema. Recomendoua Bolso-
narocentralizar em suas mãoso
combate àcovid-19. Decretarum
isolamento nacional rígido por 15
dias, com revisões quinzenais, em
coordenação com governadores e
representantes dos prefeitos. Cha-
mar para si a liderança no enfren-
tamento da questão. Bolsonaro
concordou com tudo. “No dia se-
guinte, elefoi parauma feiraem
Taguatinga”, disse Temer.Ea cen-
tralizaçãonocombateàpandemia
nuncafoifeita.
Acarreira parlamentar de Bol-
sonaro foi maior que a de Temer.
O atualpresidente cumpriusete
mandatos como deputado fede-
ral. Temer estevena Câmara na
condição de suplente durante
duaslegislaturasefoieleitodepu-
tadocincovezes.Ainda assim, o
ex-presidente sinaliza pensar que
oseusucessorcustouasedarcon-
tadaimportânciadoLegislativo.
“Essa coisa de velhae novapolíti-
ca é eleitoreira, não tem conteúdo.
Você tem que trabalhar com oCon-
gresso. O barro é esse”, diz. Neste
sentido, vê comoalvissareira a che-
gadade Fábio Faria no Ministério
das Comunicações.“Essa foi uma
abertura paraumaboa interlocu-
ção. Se o presidente assentar essa in-
terlocução,depoisque passar apan-
demia,elevaiatéofim”, acredita.
Moraesretira sigilo emdecisãosobre inquérito
Isadora Peron
DeBrasília
O ministroAlexandrede Mo-
raes,do Supremo TribunalFede-
ral (STF),decidiuretirarosigilo
da decisãoque autorizoua reali-
zaçãode umaoperaçãocontra
aliadosdo presidenteJair Bolso-
naronoinquéritoqueinvestigaa
organizaçãoe o financiamento
deatosantidemocráticos.
Segundoo ministro,ele teve
que divulgaraíntegra do seu
despacho, “diantede inúmeras
publicaçõesjornalísticas de tre-
chosincompletosdoinquérito”.
Na decisão, Moraesafirmaque
os “indíciosapresentados na ma-
nifestaçãoapresentadapela Pro-
curadoria-Geral da República
confirmamareal possibilidade
de existênciade umaassociação
criminosa” por trás da realização
de manifestaçõesque atentam
contraasinstituições.
Para a PGR, “podehaver abu-
sos ecrimesque precisamser
apurados apartirdo esclareci-
mento do modode funciona-
mento estruturadoeconomica-
mente rentável de uma escalade
organizaçãoeagrupamentocom
pretensõesaparentes de execu-
ção de açõescontraa ordem
constitucional eoEstadoDemo-
cráticoe provocaçãodas Forças
Armadasao descumprimentode
suamissãoconstitucional”.
SegundoMoraes,oMinistério
Público Federalaponta, “deta-
lhadamente”, a existênciade vá-
rios núcleos dessasuposta asso-
ciação criminosa, intitulados
“organizadorese movimentos”,
“influenciadores digitaise hash-
tags”,“monetização” e“conexão
comparlamentares”.
Para a PGR, “há participação
de parlamentares tantona ex-
pressão eformulaçãode mensa-
gens[nas redessociais],quanto
nasuapropagaçãoevisibilidade,
quanto no convícioefinancia-
mentodeprofissionaisdaárea”.
Na decisão, oministrodo STF
afirma aindaque há indíciosde
que essesatos estariamsendofi-
nanciadospor empresários que
“atuariamdemaneiraveladafor-
necendorecursos—das maisva-
riadasformas—, paraos inte-
grantesdessaorganização”.
A decisãode Moraesédo dia
27demaio.Asdiligências,noen-
tanto, foramcolocadasem práti-
ca pelaPolíciaFederal(PF) so-
menteno dia 17 de junho,com a
deflagraçãodaOperaçãoLume.
A delegadaDenisseDias Rosas
Ribeiro,responsável pela investi-
gaçãona corporação, chegoua
pedirparaqueMoraesadiasseou
“re colhesse” os mandadosde
buscaseasquebrasdesigilosque
atingiram parlamentares, em-
presáriose blogueiros ligadosao
governo.
Comdivergênciasem relação
às medidaspedidaspela PGR,a
PF decidiuinstaurarum inquéri-
to paralelo para investigar os
atosantidemocráticos.
No MinistérioPúblico, o in-
quéritoé tocadopelovice-PGR,
HumbertoJacques,e foi vistoco-
mo uma sinalizaçãode que o
procurador-geralda República,
Augusto Aras, não vai tentar
blindarinvestigaçõesenvolven-
doBolsonaro.
A relação de Aras com a cate-
goria,no entanto,continuatur-
bulenta.Na sexta-feira,o Conse-
lho Nacionaldo MinistérioPú-
blico(CNMP)editouumareco-
mendaçãoque restringeaatua-
ção dos procuradoresem meioà
pandemiada covid-19.Otexto
tem recebidocríticas internase
entidades, comoaAssociação
Nacional dos Procuradores da
República(ANPR),estudamuma
formadeimpugná-lo.
Te mer:para ex-presidente,ForçasArmadasnãopodemserusadaspeloExecutivo para interferiremoutrosPoderes
SILVIA ZAMBONI/VALOR —22/8/