JornalValor--- Página 15 da edição"23/06/2020 1a CAD A" ---- Impressapor VDSilva às 22/06/2020@21:31:3 4
Te rça-feira, 23dejunhode (^2020) |Valor| A
Internacional
IMPACTOSDO
CORONAVÍRUS
Fonte:FT, CentroEuropeuparaPrevençãoe Controlede Doenças,CovidTrackingProject,
Relatóriosde mobilidadeda comunidadedo Google
Nãohouvepicosde novasinfecções....
Médiadenovoscasosconfirmadosemsetedias(por milhão)
...desdequeos paísesreabriram
Variaçãoanualdaatividadenossetoresdevarejoe entretenimento- em%
60
40
20
ReinoUnido
ReinoUnido
Itália França Alemanha Dinamarca Áustria
Itália França Alemanha Dinamarca Áustria
15/abr Mai Jun 15/jun
0
15/abr Mai Jun 12/jun
Fonte: covid19.data.gouv.fr
Novasinternaçõesdespencamna França
Médiadenovospacienteshospitalizadosnoperíododesetedias
26/mar 1/mai1/jun 17/jun
0
3.00 0
2.00 0
1.
Covid-1 9 Quedanonúmerodecasospermiteretomadadaeconomia,masriscospersistem
Europa consegue administrar a
epidemia após a reabertura
Leila Abboude DanDombey
FinancialTimes,deParise Madri
Em21dejunho,comoemtodos
os anos desde1982, a França reali-
zou sua “Fête de la musique”, um
feitoque poucos imaginavamser
possívelpoucassemanasatrás.
O novo coronavírus, que parali-
sou o país por mesese ainda não
foi erradicado,fez sua presença ser
sentida:ofestivalderuacommúsi-
ca que atravessou a noite teve me-
nos concertos e apresentações de
DJsqueonormal,eosorganizado-
res tiveramde adotar medidas de
segurança criativas—como músi-
cos tocando em palcos móveis
montadossobrecaminhões.
Mas a realizaçãodo eventoem
si éum sinaldo sucessorelativo
que aFrançaestá tendono con-
troledo coronavírus,depoisde
afrouxar as medidas de lock-
downnacionaisnomêspassado.
Desde 11 de maio,quando o
presidente Emmanuel Macron or-
denouareabertura gradual de es-
colaseempresas, ataxa de contá-
gio da covid-19 diminuiu—inclu-
sive em Paris enaregiãonordeste,
ondeapandemia foimais forte. Is-
so levou omédico Jean-François
Delfraissy, principal assessor do
governo da França,a declarar que
ovírus“estásobcontrole”.
Comas medidasde distancia-
mento social ainda em vigor e o
uso de máscaras obrigatório no
transporte público, os novos casos
têm ficado em tornode 450 por
dia, depois de atingirem o picode
7.500. Desde aflexibilização do
“lockdown”,onúmero semanalde
pacientes da covid-19 encaminha-
dos a hospitais caiu a menosda
metade. Desde ontem, a França
passouapermitirquetodasasem-
presas retomemas suas atividades
etodasasescolasreabram.
“Vamosvoltarànossa ‘art de
vivre’ erecuperarnossogostope-
la liberdade”, disseMacronaos
francesesem14dejunho.
Tendências parecidas e promis-
sorastêmsidoobservadasemtoda
aEuropa. Segundo oCentro Euro-
peu de PrevençãoeControle de
Doenças, que monitora apande-
mia em 31 países, incluindooRei-
no Unido, os novos casosdiários
caíram 82% desde9 de abril, quan-
doatingiramseupico,comapenas
três paísesinformando números
maioresdo que nos últimos três
meses,noaugedapandemia.
Na Espanha, segundo números
oficiais controversos, apenas 154
casos foram diagnosticados na
quinta-feira, em comparaçãoaos
373 registradosem 11 de maio,
quando o país começoualevantar
as suas durasrestrições. Onúmero
total de casosdiários caiu 98% des-
deopiconofimdemarço.
Umaautoridade de saúde espa-
nholadissequeoscontágiosconti-
nuamdiminuindo, aindaque a
um ritmo maislentodo que há
dois meses, antes de a quarentena
ser relaxada. “A tendência conti-
nua sendo de queda, emboramais
branda”, disse,ao observar que
umaproporção maiordos contá-
gios vem sendodetectada por cau-
sadamelhortestagem.
A Itália também vem detectan-
doentre200e300novoscasospor
dia neste mês. Na semana passada
aAlemanharegistroucerca de 300
casos por dia em média, bem me-
nos que os cercade 4.000casos
diáriosdemarçoaabril.
As exceçõesna Europa sãoo
Reino Unido, que demorou para
impor restrições, e aSuécia,que
não chegou a implementarne-
nhuma. Ambos registraram mais
de mil novoscasos diáriosna se-
manaaté 17 de junho. Mas a alta
do número de novos casos é um
lembreteconstante de que apan-
demia podevoltar a ganharforça.
O número de infecções em
Rouen,anoroestede Paris, levou
ataxadereproduçãodovírus—o
chamadofatorR —para maisde
1,5 na região, o que significaque
um pacientecom covid-19infec-
taemmédiamaisdeumapessoa.
No fim de semana, mil pessoasli-
gadasa um matadourotestaram
positivo na Renâniado Norte-
Vestfália,elevandoo fatorR da
Alemanhade 1,06para2,88—
emboraapartirdepoucoscasos.
A reimposição de restrições na
Coreia do Sul eem Pequimtam-
bémsugerequeéprecisotercaute-
la.OnúmerodecontágiosnaFran-
çacontinuamaisaltodoqueoque
seriaaceitoporessespaíses.
AFrançaestámaisbemprepara-
da para uma segundaonda.Quan-
doapandemiaexplodiu,opaísca-
reciade capacidade de testagem,
enfrentavafalta de equipamentos
e precisou transferir pacientes pa-
ra a Alemanhae a Suíça. Comore-
sultado,opaís registrou maisde
29.575mortes, com uma das taxas
percapitamaioresdomundo.
Opaís aumentouasua capaci-
dadedetestagempara700milpor
semanae treinou 6.500 pessoas
parao rastreamento de contatos.
Comadoença recuando, essesre-
cursos não estão sendo usados to-
talmente. Cerca de 194 mil testes
foramrealizadosnasemanapassa-
da, e menosde um terço dos ras-
treadores de contatos ainda traba-
lhambuscandocontágios.
Yonathan Freund, médico so-
corrista do Hospital Pitié-Salpê-
trière, de Paris, diz que as opera-
ções agora “voltaram ao normal”,
depois de umaenxurradade pa-
cientescomcovid-19emabril.
“Todos os sinais são muito,
muito positivos”,disse. “A pande-
mia foi interrompida, mesmo que
ainda não estejamos certos do
porquê... Se ela voltar,percebere-
mos bem antes e poderemos ado-
tar medidas de distanciamento
social e testar e isolar pessoas.”
Apandemiatambém está per-
dendo espaçono pensamento
das pessoas.Em Paris, as varan-
das dos cafésestãocheias,otrân-
sito intensovoltoue poucospe-
destres usammáscaras.Romain
Siavy,quetrabalhacomocabelei-
reiro, diz que algunsde seus
clientespararamde usar másca-
ras. O uso do aplicativo de ras-
treamentodo governotem sido
pequeno:nasduasúltimassema-
nas1,7milhãodeusuários,ou2%
dapopulação,obaixaram.
Algumasautoridadesde saú-
de públicatememque apande-
mia voltea ganharforçacomo
aumentodacomplacência.
“A primeira onda está acabando
na Europa enaFrança, mas apan-
demia está longe de ter acabado, e
o víruscontinua circulandode
modoheterogêneo”, disse Jérôme
Salomon,autoridade do Ministé-
rio da Saúde,ao Parlamentona se-
manapassada. “Seria irresponsa-
bilidadenão nos prepararmospa-
ra umasegundaondano outono
ouinverno[segundosemestre].”
Ele disse ainda que maiscasos
devem surgir durante as férias de
verão,agoranomeiodoano.
Martin Blachier,epidemiologis-
ta da Universitéde VersaillesSaint
Quentin, alertou que oaumento
da capacidade de testagem e ras-
treamentoda França poderá não
suportar umasegunda onda. “As
brigadasde saúde podem aguen-
tar uma situação comoa atual, em
que o vírus está circulando a uma
taxa baixa, mas não darão conta se
oscontágiosaumentarem”,disse.
Dinamarca
aprova corte
de emissão de
70%até 2030
ChristianWienberg
e MortenButtler
Bloomberg, deCopenhague
ADinamarcaaprovou um paco-
te climático para cumprira na pró-
ximadécadaa ambiciosa meta de
reduzirasemissõesdecarbonoem
70%,emrelaçãoaosníveisde1990.
O plano deve incluir uma taxa de
carbono paraempresasdo país,
queapoiamaproposta.
Pelo acordo, que teveamplo
apoiode todosos partidos no Par-
lamento, a Dinamarca se compro-
meteareduzir as emissões de car-
bonoem3,4milhõesdetoneladas.
Segundo o Ministério do Clima, o
Parlamento tambémaprovou a
construçãodas primeirasilhas de
energiadomundoeinvestimentos
para os setores de captura de car-
bonoecombustíveismaisverdes.
“Este acordomostra ao mundo
que a ação climática e a reconstru-
ção econômica andamde mãos
dadas”,argumentouoministério.
A primeira-ministra, MetteFre-
deriksen, disseque ainda não está
claroseonovoacordo basta para
que aDinamarca atinja sua meta
de reduziras emissões em 70%. E
porisso“devemosinvestir,inovare
estimular a pesquisa, para que
possamos desenvolver tecnologias
e soluções que reduzirãoas emis-
sõesdeformasignificativa”,disse.
As metas climáticasdaDina-
marcaacolocamnum patamar
mais ambicioso do que o da União
Europeia, que tem como objetivo
cortaras emissões de carbono em
40%até2 030 .Masopaísnórdico
aindatemumlongocaminhopela
frente. A Agência Dinamarquesa
de Energia disse na semana passa-
da que as emissões só cairão 44%
na próxima década, anão ser que
medidasextrassejamadotadas.
Oacordofoicrucialparasusten-
tar a credibilidadeda premiê. O
governosocial-democrata de Fre-
deriksen derrubou umacoalizão
decentro-direitanaeleiçãodoano
passado prometendo mais investi-
mentosemenergiasrenováveis.
A Dinamarca é uma precursora
na adoção de políticas climáticas,
e seu já antigo programa de apoio
atecnologiasverdes resultou em
algumas das maiores empresas
globais nesse campo. Hojeopaís
tem a maiorfabricante de turbi-
nas eólicas, a Vestas WindSys-
tems, e a maioroperadora de par-
ques eólicos marítimo, a Oersted.
AConfederação das Indústrias
Dinamarquesa, que representa
11.700 empresas, afirmou estar fe-
lizcomonovoacordoclimático.
“Esteéumacordobomeimpor-
tante, quetambém se baseiano
grandetrabalhoenasmuitasreco-
mendações concretas dasparce-
rias climáticas dentro da comuni-
dadeempresarial, eestá totalmen-
te alinhado comnosso plano de
crescimento verdepara 2030”, dis-
se em nota oexecutivo-chefe da
entidade,LarsSandahlSorensen.
A taxasobreas emissõesde
carbonodas empresasdeveser
negociadaatéofimdoano.
Oacordo visa baratear oconsu-
mo de energiarenovável no aque-
cimento eencarecer ouso de com-
bustíveis fósseis. Aquecedores a
óleoe gás serão eliminados gra-
dualmente. Veículos elétricos te-
rãomaisestaçõesderecarga.
Curta
Eleições na Bolívia
ApresidenteinterinadaBolívia,
JeanineAñez,promulgounodo-
mingoànoiteleiqueconvocaas
eleiçõespresidenciaispara6dese-
tembro.Jeaninetomouposseapós
pressãoquelevouoex-presidente
EvoMorales,arenunciar,emno-
vembro.PeloTwitter, eladiztersi-
dopressionadapeloMovimento
aoSocialismo(Mas),partidode
Morales,porCarlosMesa,ex-presi-
denteecandidato,eporoutros
políticosaconvocaraseleições.
Originalmente,opleitoestava
marcadoparamaio.Pesquisasde
intençãodevotorecentesmos-
tramArcecom24%eMesacom
17,1%.Emterceirovemoex-presi-
denteJorgeQuirogacom14,8%e
emquarto,Jeaninecom9,6%.
Vendadecasascaie
calotecrescenosetor
imobiliárionosEUA
Agências internacionais
As vendasde imóveis nos EUA
caíram no mês de maioparaome-
nornívelemmaisde9anosemeio,
e calote no crédito imobiliário é o
maiordesde novembrode 2011.
Os dadosde fortecontração do
mercado de imóveisrefletem o
efeitodapandemiasobrefinanças
Dados divulgados ontempela
Associação Nacional de Corretores
de Imóveis dosEUA mostraram
que as vendas de imóveis existen-
tescaíram9,7%,maisqueoespera-
do,parauma taxa anual ajustada
sazonalmente de 3,91 milhões de
unidades no mês passado —me-
norníveldesdeoutubrode2010.
Nabaseanual,essasvendas,que
perfazemcercade 90% das vendas
de imóveisnos EUA, caíram 26,6%
em maio. Foi amaior queda desde
oiníciodosregistros,em1982.
Tambémem maioo total de ca-
loteemfinanciamentoimobiliário
de residências subiu paraomaior
nívelem quase noveanos. O nú-
merode mutuários comatraso su-
perior a30 dias subiupara 4,3 mi-
lhões, 723 mil a mais que em abril,
segundo o serviço de informações
imobiliárias Black Knight. Mais de
8% dosfinanciamentos estão ago-
racompagamentosematraso.
A variação foi menordo que o
saltode1,6milhãoemabril,quan-
do a economiaamericana estava
fechadaporcontadocovid-19.
Ainda assim, há incertezas
quantoao futuro, em meio ao pro-
cesso de reabertura da economia
dos EUA,que deve levar ao fim de
benefícios que ajudaram desem-
pregadoseevitarinadimplência.
Cercade 20,5 milhõesdeame-
ricanosentraram compedidos
de benefício adicionalao seguro
desempregonaprimeirasemana
de junho, segundonúmerosdo
DepartamentodoTrabalho.
O númerode totalde inadim-
plentesincluiproprietários que
deixaram de pagarprestações
comopartedos acordosde tole-
rância,que permitemsuspensão
dos pagamentospor um período
inicialdeseismesessemmulta.
Risco de segundaondana Coreia e Austrália
CARLA
GOTTGENS/BL
OOMBERG
A Coreia do Sul confirmouontem
umasegundaondade casosde
coronavírusem Seule nos arredores
da capital.O governo alertou que
medidas maisduras de
distanciamento físicoserão
reimpostas se o aumento diáriodas
infecçõesnão diminuir. A
confirmação de umanova ondana
Ásiaocorre no momento em que
tambémIsrael ameaçareintroduzir
o lockdown, diantede umaaltade
novos casos.Já na Austrália,uma
equipede especialistas de
rastreamento de contatos se
prepara para identificarinfectados
em meioa possível novo surto em
Melbourne,capitalno Estadode
Victoria.As novas altasressaltam
as dificuldadesde se erradicar
completamenteo coronavírus,
mesmoem paísestidoscomo
exemplosem sua resposta inicialà
pandemia. Na foto, mesasvaziasna
hora do almoçono Melbourne
Central ShoppingCentre, um dos
maiores da cidade.
Epidemia segueacelerandonosEUA
Agências internacionais
A pandemiada covid-19conti-
nua acelerando nos EUA. Ao me-
nos 29 Estadosreportaramau-
mentodo númerode novos casos
em relação àmedia de sete dias, o
que indica que opaís aindanão
conteveaprimeiraonda.
As maiores altas ocorremnos
Estados do sul e do oeste do país,
que reabriram suas economias
maisrapidamente, como Arizona,
Flórida, Geórgia e Carolina do Sul.
Estados da parteleste que adota-
ram umaabordagemmais caute-
losa de reabertura, como Califór-
nia e Washington,tambémestão
registrandoaumentodecasos.
No Arizona,o númerodeno-
vos casosquasedobrouem 14
dias.AutoridadesdesaúdedoEs-
tado registraram2.196novosca-
sos ontem,elevandoototal para
54.586, em comparaçãocom cer-
cade27.000em7dejunho.
ACalifórnia contabilizou 4.
novoscasos no domingo —maior
alta em um diadesde março —e
outros4.230ontem,elevandooto-
tal de casos no Estado para
173.824.Flórida, Geórgia eTexas
também registraram mais de
2.000novos casosontem,enquan-
to oMississippi atingiu novo re-
cordede1.646.Nototal,osEUAre-
gistraram 27.928 novos casos em
24 horas ontem, quinto dia conse-
cutivoacimados25mil.
Trumpvetanovosvistospara
trabalhadoresespecializados
Agências internacionais
Opresidente Donald Trumpve-
tou ontem temporariamentea
emissãodevistos de trabalho nos
EUA.O setor de tecnologia afir-
mouque amedida podeprejudi-
cararetomadadaeconomia.
Os vistos paraprofissionaisde
tecnologia, bem comopara trans-
ferências entreempresas epara a
maioria programasde trabalho e
estudo nos EUA, comoau pairs, es-
tão suspensos até ofinal do ano.A
medida veta ainda alguns vistos
para trabalhadores sazonais,com
exceçãodosetordealimentos.
Empresas chamaramaordem
de"míope",poispodeprejudicara
economia. O governo Trump alega
estar protegendo empregospara
trabalhadoresamericanos.