Valor Econômico (2020-06-23)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 8 da edição"23/06/20201a CADB" ---- Impressa por VDSilva às 22/06/2020@21:16:08


B8|Te rça-feira, 23dejunhode 2020


Agronegócios


Governo lança plano de investimentono camposustentável


Financiamentos


Rafael Walendorff


DeBrasília


Atrair investidoresestrangeiros


para financiaraagropecuária brasi-


leira, apoiar serviços ambientaisde-


senvolvidos no campo efortalecer


umaimagemde sustentabilidade


no campo do país.Essas são algu-


mas diretrizes do Planode Investi-


mento no Agronegócio Sustentável


no Brasil, que ogoverno vai lançar


nestaterça-feira com aexpectativa


de desenvolver um potencialbilio-


nário vinculadoao lançamento de


títulosatreladosapráticas de con-


servação ou reduçãode emissão de


carbono pelosprodutoresrurais.


O plano foi desenvolvidoem


parceriacom aClimateBondsIni-


tiative (CBI), uma das certificadoras


de títulosverdesmais influentes do


mundo,que criou um protocoloes-


pecífico para aagropecuáriabrasi-


leira. A ministra da Agricultura, Te-


reza Cristina, e o presidente do Ban-


co Central, Roberto CamposNeto,


participarãodo lançamento.


“O Brasil é opaís que tem mais


condição de ter o agronegócio


sustentável do pontode vista am-


biental,social edegovernança.


Faltava essetipode certificação


para que os produtores pudessem


captar recursospor meiodessestí-


tulos verdes”,diz José AngeloMaz-


zillo Júnior,secretário-adjunto de


Política Agrícola do Ministérioda


Agricultura.APasta acredita que


as contrataçõescomeçarãoa ocor-


rer até ofim do ano.Para isso,os


produtores terãoque se adaptar a


esse novomercado, o que podege-


rar custos para adequar aativida-


de aos parâmetrosdo selo.


O mercadode finanças susten-


táveis direcionarecursos paraati-


vidades econômicas que atendem


às boas práticas ambientais, so-


ciais ede governança. No caso do


agronegócio brasileiro, podeatin-


gir cifras bilionárias, afirma o se-


cretário, já que as atividades agro-


pecuárias “dentro da porteira” de-


mandamcréditopara capital de


gironaordem de US$100 bilhões


por ano, alémde expressiva de-


manda parainvestimentos. “To-


das as atividades podem se ade-


quar, inclusive fora da porteira,


comlogística, produção de insu-


mos, armazenagem, comercializa-


ção e industrialização”, disse ele.


Aperspectivaéque,até2021,já


haja um númerorazoável de ope-


raçõescontratadas. Títuloscomo


Cédula de Produto Rural (CPR),


Debêntures Incentivadas, Certifi-


cadosde DireitosCreditórios do


Agronegócio (CDCA),Fundos de


Direitos Creditórios do Agrone-


gócio (FIDC), Certificados de Re-


cebíveis do Agronegócio (CRA) e


Letras de Crédito do Agronegócio


(LCA) poderãoser emitidas com a


chancela “ve rde”. Alémdisso, ha-


verá a regulamentação das Cotas


de Reserva Ambiental (CRA)edo


programa de Pagamento por Ser-


viços Ambientais (PSA)para ade-


quaramonetizaçãoeas transa-


çõesemmercadossecundário.


Do pontode vista regulatório, a


resoluçãocircular4.327/2014do


Conselho Monetário Nacional


(CMN)estabeleceapolíticade res-


ponsabilidadesocioambientaldas


instituiçõesfinanceiras, mas deve


sermelhordetalhadaebalizada,se-


gundoMazzilloJúnior, para orien-


tar osistemafinanceirorumoao


mercadodefinançassustentáveis.


Títulosverdes, ou “green bonds”,


são títulosde dívida emitidos por


empresas e produtoreseadquiridos


porinvestidores.Os recursosservem


para financiar projetos e ativoscom


impacto ambientale socialpositi-


vos. Entreos investidores estãoenti-


dades financeiras, não-financeiras,


fundos de investimentos, investido-


res corporativos, familyoffices, fun-


dosdepensãoegestoresdeativos.


Contrato desoja


OCMEGroup,quecontrola a bolsade


Chicago,e a B3estabeleceramuma


parceria para o desenvolvimento de


novos produtoscapazesdeproporcionar


umagestão deriscomais eficientetanto


noBrasilquanto nomercado


internacional.Segundoo acordo,CMEe


B3trabalharãojuntosnacriaçãodeum


contrato futuro desojacomreferência


noBrasil.A expectativa é queospapéis


sejamlançadosnoterceiro trimestre


deste ano,após“alinhamentos


estratégicos”eaprovações dosórgãos


reguladores.“Anovaparceriaamplia o


acessoàsferramentasdegestão derisco


para asempresasdeagronegócioda


AméricadoSulqueatuamnomercado


desoja”, informaram.


Perdas daTereosnopaísdiminuíramnatemporada


DeSãoPaulo


ATereos Açúcar eEnergia Brasil,


braçoda francesa Tereos com sete


usinas no Brasil, encerrouasafra


2019/20 comprejuízo líquido de


R$121milhões,ante umresultado


negativo de R$ 401 milhões no ci-


cloanterior.Obalançofoidivulga-


do na edição de sábado(20) do


“DiárioOficialdeSãoPaulo”.


As despesas financeiras pesaram


no resultado, ofuscandoa melhora


operacional.Acompanhiaregistrou


na safrao recebimentode R$ 200


milhõescomoaumentode capital


da Tereos Internacional. A receita lí-


quidada TereosAçúcar e Energia


Brasil subiu 8% na temporada, para


R$ 3,311 bilhões, puxadapelosau-


mentosdamoagemedospreços.


O processamentodecanacresceu


8%, para 19,4 milhões de toneladas,


enquanto a concentração de sacaro-


se caiu 2%, para 139 quilos por tone-


lada moída. Diferentemente da


maiorparte das usinasdo Centro-


Sul, as unidadesda Tereos produzi-


ram mais açúcar que etanolna safra


passada —aprodução de açúcar


cresceu 14%, para 1,6 milhãode to-


neladas,eado biocombustível re-


cuou3%,para655milhõesdelitros.


O lucroantes de juros,impostos,


depreciação e amortização (Ebitda,


na siglaem inglês)ajustadoatingiu


R$ 794 milhões, considerando os


efeitosdanovaregradecontabilida-


de, ante R$ 536 milhõesna safra an-


terior(quandoanormanãoexistia).


Acompanhiaincorreu em mais


gastoscominvestimentos,porcausa


de projetos de aumento de eficiên-


cia e pelos compromissos firmados


com a VLI para aconstruçãodear-


mazénsdeaçúcar. Comisso, oinves-


timento da empresa na safrapassa-


dafoi12%maior,deR$831milhões.


A valorização do dólar no fecha-


mentodoexercíciofezcomqueadí-


vida líquida consolidada alcançasse


R$4bilhões—ouR$3,6bilhões,des-


considerando os efeitosda novare-


gracontábil.Emrelaçãoàsafraante-


rior, que foide pouco maisde R$ 3


bilhões, o endividamento da com-


panhiaaumentoucercade30%.


Aposiçãodecaixanofimdasafra,


de R$ 1,6 bilhão, não era suficiente


paracobrirtodososvencimentosde


curto prazo. (R$ 1,765 bilhão).Mas,


comohouve melhora operacional, a


relação entredívida líquida e Ebitda


caiude5,7para5,3vezes.(CSR)


BRF reabre planta em Rio


Verde apósduas semanas


Frigoríficos


Luiz HenriqueMendes


DeSãoPaulo


ABRF retomou ontema produ-


ção no complexo industrialdeRio


Verde, em Goiás.Aunidade,que fi-


cou duas semanasfechadapor de-


terminação da prefeitura e é uma


das principaisdo grupo,ainda não


estáoperandoaplenacapacidade.


Em nota, a empresa informou


que a retomadaé gradativa. Os


funcionários da planta só podem


regressar depois de consulta mé-


dicaedoresultadodostestespara


adetecçãodonovocoronavírus.


Odecreto municipalque deter-


minoua interdiçãotemporária do


complexo industrial ocorreu após


testes detectarem alta prevalência


da covid-19 entre os funcionários


—os examesforamcusteados pela


empresa por exigência da Vigilân-


ciaSanitáriadomunicípiogoiano.


Quando determinou a interdi-


ção da fábrica, a prefeitura infor-


mouque, dos testes cujos resulta-


dos já estavam prontos, 58,6%


apresentavam diagnóstico positi-


voparaocoronavírus.Àquelaaltu-


ra, oresultadode 29% das amos-


tras era conhecido, o que indicava


pelomenos1,4milcontaminados.


Em Rio Verde, a BRF tem mais de


8,5 mil funcionários etodosforam


testados.Emnota,aempresanãore-


velouquantosfuncionários testa-


ram positivo equantosestãoafasta-


dos.“A companhiaaindaaguardaos


resultados finaisda testagemfeita


no iníciodo mês”,informou ogru-


po,destacando que vem acompa-


nhandoaevoluçãodovírusnopaís.


Fonte:Conab

TrigonoBrasil


Ofertae demanda(milhõesdetoneladas)


Estoqueinicial


2014


2015


2016


2017


2018


2019


2020


2,27


Produção


2014


2015


2016


2017


2018


2019


2020


Importação


2014


2015


2016


2017


2018


2019


2020


Consumo


2014


2015


2016


2017


2018


2019


2020


1,18


0,81


2,53


1,69


0,80


0,25


5,97


5,54


6,73


4,26


5,43


5,16


5,69


5,33


5,52


7,09


6,39


6,75


7,20


7,30


10,71


10,37


11,52


11,29


12,48


12,51


12,53


MercadoParaanalistas,Argentinadevemanterclientelaequedadepreçosdomésticonãovaisermaisacentuada


Nova cota terá efeito limitado no setor de trigo


FernandaPressinott


DeSãoPaulo


Aprovada na semanapassada pe-


laCâmaradeComércioExterior(Ca-


mex),a nova cota de 450 mil tonela-


dasparaimportaçãodetrigodepaí-


ses de fora do Mercosul sem a co-


brança da Tarifa Externa Comum


(TEC)de10%porpartedosmoinhos


brasileiros preocupa os produtores


nacionais e geroureclamaçõesna


Argentina. Mas, segundo analistas, a


medida terá poucainfluência sobre


omercado:osexportadoresargenti-


nos não deverão perder aclientela


por causadisso eaqueda de preços


no Brasil, normal no segundose-


mestre,nãodeveráseacentuar.


A cota “extra” foi criadana sema-


na passada.Poderáseracessada até


17 de novembro, desdeque 85% do


volume de 750 mil toneladas por


anopermitidasatualmentesejapre-


enchido. De acordo comopresiden-


te da Associação Brasileira da Indús-


tria do Trigo (Abitrigo), oembaixa-


dorRubensBarbosa,osmoinhospe-


diram a ampliação comreceio de


quefaltetrigoargentinoatéofimdo


ano.Emparte, essetemorderiva de


estoques iniciais baixosedaaqueci-


da demandano país por alimentos


básicos,queusamtrigoemsuacom-


posição,umreflexodapandemia.


Segundo a Companhia Nacional


deAbastecimento(Conab),oconsu-


mo internode trigo voltará aficar


em tornode 12,5 milhões de tonela-


das em 2020, mesmo patamar do


ano passado,ea colheita brasileira


cresceráquase 5%, para 5,7 milhões.


Assim,conformeaestatal, as impor-


tações crescerão apenas 100 mil to-


neladasesteano,para7,3milhões.A


Argentina temrepresentado 85%


das importações do Brasil e, segun-


do os exportadoresdo vizinho, não


há riscode problemas no forneci-


mento mesmoque ovolume supere


as 5,5 milhõesde toneladas que até


agora preveemembarcar —75% das


importaçõesbrasileirasprojetadas.


“Essa expansão [da cota]éilegal.


O Brasildeve reverter a medida”,


afirmou um exportador ao jornal


argentino“La Nación”. Pormeio


das entidadesque os representam


(Ciara e CEC),os exportadores en-


viaram notas de protestoao gover-


no do país,até agorasem efeitos


práticos. Numpassadonãomuito


distante, a Argentina já foi a origem


de 90% das importaçõesbrasileiras,


ou até maisque isso. Masdiversifi-


cou suas vendas eviu opercentual


cair um pouco. Da mesma forma, a


indústria brasileiratentadiversifi-


car suasfontes de abastecimento,


num movimentoque beneficia


EUA e Rússia,principalmente.


Em maio, o Brasil importou


466,8mil toneladasde trigo, ou


US$ 104,2milhões,conforme da-


dos compiladospelo Ministério da


Agricultura. Do total adquirido,


397,3mil toneladas, ou 85,1%,vie-


ram da Argentina. Na comparação


com igual mês de 2019, ovolume


cresceu15,3%e a receita foi 9%


maior. Opreço médiodatonelada


caiudeUS$236,16paraUS$223,20


na mesmacomparação. Nos pri-


meiros cinco meses do ano,moi-


nhos brasileiros já compraram


3,05 milhões de toneladas do ce-


real do exterior, 4,7% maisque no


mesmoperíodode 2019,eopeso


argentino foi mantido. O valor re-


cuou5,7%,paraUS$638,4milhões.


Segundo Luiz Carlos Pacheco,


analista da T&F Consultoria, as im-


portaçõesmensais tendemacrescer


noiníciodosegundosemestre,devi-


do aum atrasoda colheitabrasileira


—eantesqueestaentrenomercado.


Em 2020,disseele, só 100 mil tone-


ladas foram compradas de fora do


Mercosul. Mas, tendoem vista que a


relação entre oferta e demanda po-


deráficarmaisjusta,ovolumepode-


ráaumentardepoisdesetembro.


“Até a nova safra brasileira ser co-


lhidaechegar aos moinhos, levará


uns quatro meses, e o Brasil precisa-


rá nesse período de 3,7 milhõesde


toneladaspara esmagar. Comano-


va cota, os moinhos queremapenas


se garantir,afirmou Pacheco.Ele


não acredita que a indústria tenha


pedido o volume extra para pres-


sionar as cotações, infladas pelo


câmbio.Segundo a T&F, atonelada


para entrega em setembroestá em


R$ 1,1 mil; para outubro,em R$ 1


mil, e para novembro, em R$ 900.


Atvosregistrouprejuízode R$ 1,4 bi na safra 2019/20


Balanço


CamilaSouzaRamos


DeSãoPaulo


AAtvos Agroindustrial Partici-


pações(AtvosPar),controladapela


Odebrecht e em recuperação judi-


cial, encerrouasafra 2019/20,em


31 de março, com prejuízo de R$


1,439bilhão, praticamenteem li-


nhacomoresultadodatemporada


anterior. Obalanço foi publicado


no“DiárioOficialdeSãoPaulo”.


Comaltadevendastantonomer-


cado interno comono externo, a re-


ceitalíquidada Atvos Paraumentou


6%, para R$ 4,549bilhões, eolucro


antesde juros, impostos, deprecia-


ção e amortização(Ebitda) foi de R$


1,5 bilhão na safra 2019/20, 2% aci-


madoregistradonocicloanterior.


A companhia processou 26,9


milhõesde toneladas de canana


safra passada, 200 mil amais que


em 2018/19. O rendimentomédio


subiu2%, ficouem 133,6quilosde


AçúcaresTotaisRecuperáveis(ATR)


portoneladadecanamoída.


Aproduçãode etanol,princi-


pal foco da companhia,alcançou


2 bilhõesdelitros,enquantoafa-


bricaçãode açúcarficouem 235


mil toneladas.Aenergiacogera-


da do bagaçoda canaalcançou


2,8milgigawatts-hora(GWh).


“O melhor preço médio no eta-


nol, alémde reduções de custos e


ganhosde produtividade impac-


taram positivamente nos resulta-


dos. Seguimos com foco no con-


trolededespesas enaimplemen-


tação de soluções para redução de


custos e ganho de produtividade”,


afirmouAlexandre Perazzo, dire-


torfinanceirodaAtvos,emnota.


Nas notas do balanço, acom-


panhiainformouqueseuresulta-


do da safra passada “não teve im-


pactos significativos”decorren-


tesdapandemia.AAtvosafirmou


que,paraesta safra, espera que o


reflexoesteja concentradono1


o

trimestre, quetermina neste mês,


eque vislumbrarecuperação “ao


longodaprópriasafra”.


A companhia, que tem nove usi-


nas sucroalcooleiras,éparticular-


mente sensívelàs oscilaçõesno


mercado de combustíveis,já que


suasplantasestãomajoritariamen-


tevoltadasàproduçãodeetanol.


Como processode recuperação


judicial ainda em andamento na


safrapassada ecom restrições de li-


quidez, a Atvos reduziu em 11%


seus investimentos, para R$ 932 mi-


lhões (incluindoas despesas com


tratos culturais). Porisso, a área


plantada,sobretudopara renovar


lavouras antigas e menosproduti-


vas, foi reduzida em 5,6%para 70


mil hectares (em terrenospróprios


e em terrenos de fornecedores).


AAtvos tambémaumentou sua


dependência de fornecedores, que


representaram34% de todaacana


processadaemsuasusinas,ante30%


na safra anterior. Segundo a compa-


nhia,houveuma maior transferên-


ciadeáreaafornecedores.Acompa-


nhia gastou R$ 1,3 bilhão compar-


ceriasagrícolasefornecedores.


No fim da temporada passada,a


companhiatinhauma dívida de R$


15,6 bilhões. O planode recupera-


ção judicial, que reduziuadívida fi-


nanceira em50%, só foi aprovado


em maio e ainda não foi homologa-


do pelojuiz da causa. Segundoa At-


vos, se o plano tivesse sido aprovado


antes,opassivo circulante seria de


R$ 1,6 bilhão,enãodeR$13,6 bi-


lhão, comoregistrado.Aalavanca-


gem financeira,porsua vez, ficaria


em3,6vezes,aoinvésde7,7vezes.


IMPACTOSDO


CORONAVÍRUS


.


Com29 fábricas no Brasil,a donada Sadiaé líderem alimentos processados


REPRODUÇÃO/TWITTER
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