Valor Econômico (2020-06-23)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 2 da edição"23/06/20201a CADC" ---- Impressa por VDSilvaàs 22/06/2020@20:10:15


C2|Valor|Terça-feira, 23 de junhode 2020


Finanças


Juros


DI-Overfuturo- % ao ano


Jan/2021 Jan/2022

Ibovespa


Índiceem pontos


10/Jun
2020

22/Jun
2020

1/jun
2020

10/Jun
2020

20/Jun
2020

1/jun
2020

10/Jun
2020

22/Jun
2020

1/jun
2020

10/Jun
2020

20/Jun
2020

1/jun
2020

Bolsasinternacionais


Variaçõesno dia 22/jun/20- em %


Ibovespa
fecha
pregãocom
quedade

0,59

Fontes:B3 e ValorPRO.Elaboração:ValorData

Dow
Jones

S&P-


500


Euronext
100

DAX-


30


CAC-


40


Nikkei-
225

Xangai
SE

2,03

2,18


0,65

-0,57

94.685 3,03

-0,08
2,28

3,14 3,08 8


1,28%


95.335

-0,55 -0,62

-0,18

88.620

Dólarcomercial


Cotação de venda - R$/US$


em relação
ao real

0,89%


Dólar
comercial
encerra
o dia em
quedade

5,3868


4,9334,9 3


ÍndicesdeaçõesValor/Coppead


Em pontos
CoppeadMV CoppeadIP 20

97.94197.94197 941 7744

72.809


71.247


100.314

73.218 72

95.726


5,27, 20101

CVM reduz percentual mínimo para ações judiciais


Juliana Schincariol


Do Rio


A Comissãode ValoresMobi-


liários(CVM)editouaregra que


reduzaparticipação acionária


mínimanecessáriaparaa aber-


tura de açõesjudiciais contraad-


ministradores e empresas.O per-


centual mínimo exigido para


abertura de processospassoua


variarentre1% e5%, divididoem


cincofaixas,conformeproposto


na audiência pública. Comamu-


dança,oreguladorvisafortalecer


os direitosde acionistasminori-


táriosdecompanhiasbrasileiras.


Até então, só poderiampro-


moveraçõescontracompanhias


osacionistasquerepresentassem


pelo menos5% do capital social.


A escala busca diferenciar as


companhias abertas em razãodo


porte econômico, considerando


que, quanto maioracompanhia,


maiortendea ser a dificuldade


para reunir uma participação


percentualmente relevante, se-


gundo o diretorda autarquia,


Gustavo Gonzalez. “Era umala-


cunaeumadívidaantigadaCVM


comosinvestidores”,disse.


Ainstruçãoentraem vigorem


1


o
de julho. Para companhias

com capital social de zero a


R$ 100 milhões,o percentual se-


rá de 5%, e cai para 4% no interva-


lo seguinte até R$ 1bilhão. Aci-


ma dissoaté R$ 5bilhões,oper-


centual mínimonecessário será


de 3%, caindopara 2% no interva-


lo seguinte até R$ 10 bilhões.A


partirdaí,passaaserde1%.


Anormapassouaabrangerare-


dução da participação acionária


necessária para o exercício de ou-


tros direitos considerados relacio-


nados às medidas judiciais e que


tambémexigiam um percentual


mínimode 5%. Esses direitos con-


templam a exibiçãopor inteiro de


livrosdacompanhiaouaconvoca-


ção de assembleia geralquando os


administradores não atenderem,


no prazodeoito dias, apedido de


convocação. A CVMtambémin-


cluiu nesse rol pedido de informa-


ções a administradore requisição


deinformaçõesaoconselhofiscal.


“Essa instruçãoé um passo im-


portante,mas não suficientepara


amelhoria dosinstrumentosdis-


poníveisaosacionistasparadefesa


de seus direitos. É preciso ir aléme


aperfeiçoara nossalei societária”,


afirmouGonzalez, citando obstá-


culos como a falta de incentivos


econômicos eoaltocusto assumi-


dopeloacionistaqueajuízaaação.


Masodiretorponderaqueéneces-


sário equilíbrio para evitar as cha-


madas“açõesfrívolas”.


PolíticamonetáriaProjeçõescontrastamcomvisãoconservadorademanutençãoem2,25%damaioriadomercado


‘Top 5’ vê Selic em 1,75% no final do ano


Lucas Hirata


De São Paulo


Apesarda intensa discussão


no mercadosobreos rumos da


Selicdiantedas incertezasgera-


das pela pandemia,o grupode


economistas que mais acerta


suas projeçõespara ataxa básica


de jurosjá pareceter formado


um consenso sobreos próximos


passosna políticamonetária.Os


analistasdo chamado“Top 5” de


médio prazoda pesquisaFocus


veemespaçoparaflexibilização


adicional nesteano e trabalham


com ocenário de Selic a1,75% no


fim de 2020,considerandoame-


dianadesuasestimativas.


As projeções do grupocon-


trastamcomumavisãomaiscon-


servadorada maioriados analis-


tas.AFocusmostraque,emgeral,


os agentes trabalham com a


perspectiva de manutençãoda


Selicem 2,25%até ofim do ano.


Já os preçosdos ativos financei-


ros projetam40% de chances de


estabilidade da Selicem agosto,


contra47% de um novocorte—


cenário que é divididoentre30%


de probabilidade de umaredu-


ção de 0,25pontopercentual e


17%deumcortede0,50ponto.


Na avaliaçãodos analistasdo


Top 5, o cenário de inflaçãobai-


xa, contração da atividadee am-


plo desempregojustifica a ex-


pectativade rodadasadicionais


de flexibilização, emboranin-


guémbaixea guarda para os ris-


cos fiscaisede cunho político.


Ao mesmotempo,com amelho-


ra das condiçõesfinanceiras nas


últimassemanas, há aleiturade


queaspreocupaçõescomolimi-


te da políticamonetária estão


maiscontidas.


OBancoSafra,porexemplo,re-


visou recentemente seu cenário e


vê aSelic caindo para1,5%, com


três reduções de 0,25 ponto per-


centualda taxaainda este ano. A


projeçãoésustentadapelaexpec-


tativa de “inflação significativa-


menteabaixodasmetastantoem


2020comoem2021,mesmocon-


siderandocortesadicionaisdata-


xa de juros” e peloajuste na co-


municaçãodoBancoCentral.


Os analistas do bancodestacam


que o Comitê de Política Monetá-


ria (Copom) do BancoCentral


adotou um discursoque deixa


“bastante claro”apossibilidade


de novos cortes de juros. “As men-


sagens do comitê, combinadas à


ausênciade menções sobreaexis-


tência de um limite de efetividade


na política monetária, sugerem


que o Copomreconhece o eleva-


do grau de incerteza sobre o cená-


rio,podendolevar àcontinuidade


do ciclo de afrouxamento.”
Esse limite,conhecidono mer-

cado como “effective lower


bound”, diz respeitoafronteira


dapolíticamonetáriaque,secru-


zada,poderesultarem aperto


dascondiçõesfinanceiras,saída


de recursosdo país e pressãono


câmbio.Éumnúmeroque não é


fácil de ser medidoe podelevar


em consideração diversasvariá-


veis,comooprêmiodorisco-Bra-


sil, os jurosno exteriore ofluxo


de créditona economia.Noen-


tanto, partedos analistasacredi-


taqueesse“pi so”aindatemespa-


çoparasertestado.


O economista-chefeda Garde,


DanielWeeks, tem uma visãoaté


maisousadaeafirmaque não


acreditana existência de um


“lowerbound”.Até por isso,aSe -


licdevecaira1,5%,emsuaavalia-


ção. “Mesmoos indicativos de


‘lowerbound’que os diretores


do BancoCentral deramnos seus


discursos,comocupomcambial


eCDS maisjurosamericanos, es-


tão abaixode 1,5%.Ou seja, mes-


mo se existirum ‘lowerbound’,


eleéabaixodessepatamarproje-


tadopara a Selic”, explicao ana-


lista,que vê asituaçãofiscalco-


moprincipalrisconocenário.


O riscofiscalviria de um des-


controle de gastospúblicos eli-


mitariaaquedada Selicàmedi-


da que podeelevara taxa estru-


turalde jurosde longoprazoou


depreciar expressivamentea ta-


xa de câmbio, algoque afetaria


as expectativasde inflaçãode


curtoe longoprazos.Isso por-


que umaexpansãofiscalmuito


elevadapoderia“suscitar dúvi-


das acercada sustentabilidade


fiscalcomconsequências nega-


tivassobrecondiçõesfinancei-


ras no país”,afirmao economis-


ta AlfredoBinnie,da Kapitalo,


que vê Selic em 1,5% em 2020.


Elenãoacreditaqueexistaumli-


mite na taxa de jurosque seja des-


contínuo ou discreto.Binnie reco-


nheceque uma queda da Selic po-


de geraruma desvalorizaçãocam-


bial ou elevaçãoda parte mais lon-


ga dos juros. “Mesmo assim,ainda


acreditamosque o efeito geralde


umareduçãoseja positivoparaa


atividadeeportantojustificadada-


daaociosidadeeconômica”.
“Pelo que temosobservadodo

desempenhodas condições fi-


nanceirasapósdos diversoscor-


tes de Selic feitosrecentemente é


que aparentementetemosum


bomespaço aindade política


monetária”, afirmao economis-


ta-chefe da Absolute, Rodrigo


Melo, que vê aSelic em 1,75%no


fim do ano. Ele explicaque os


principaisriscosparaocenário


são uma deterioraçãodo quadro


fiscal,comaumentodosgastos


permanentes,e possíveis desdo-


bramentosda pandemia. Porum


lado,osefeitosdadoençapodem


ser menoressobrea economia,


ociosidadee inflação.Por outro,


uma segundaondaglobal da co-


vid-19poderialevara um forte


movimentode aversãoarisco e


pioranocrescimentoglobal.


Para oeconomista-chefe da


BGC Liquidez,JulianoFerreira,o


“effectivelowerbound”não seria


limitadorparaquedaadicional


de juros.“Ainda que não existam


evidências tão significativas so-


bre a existênciapráticade um


lowerbound,caso ele exista,nas


nossasmarcaçõesele seria muito


baixo,por voltade 1,25%.Ele ex-


plicaque, mesmoconsiderando


algumriscofiscaledeelevação


da taxaneutrade juros, “o au-


mentodo hiatodo produto—di-


ferençaentrePIBeseupotencial-


proporcionado pelacrisemais


do que compensaesse efeito,


abrindo espaçopara quedasadi-


cionais”, diz. Assim,olhandope-


lo prismado arcabouçodo regi-


me de metas,aSelic “aindapode


cairalémdos2,00%danossapro-


jeção”,explicaoprofissional.


Dólar tem diadealívio e


bolsapassa por ajuste


MarcelleGutierrez, Lucas Hirata


e AnaCarolinaNeira


De São Paulo


O ambienteglobalmaisfavo-


rávelaativosderisco,comvalori-


zaçãoemblocodemoedasemer-


gentes, garantiu maisum dia de


alívioparaocâmbiobrasileiro. Já


a bolsa fechouem baixa,em um


dia de ajuste,apósquatropre-


gõesconsecutivosde ganhose


comtemores de umasegunda


ondadecontágiodacovid-19.


Após ajustes,o Ibovespafe-


chou em baixa de 1,28%, aos


95.336pontos.Odólarcomercial


recuou0,89%,aosR$5,2701.


No mercadode juros, as taxas


tiveramleve alta. O Depósito In-


terfinanceiro(DI)parajaneirode


2021 ficouem 2,03%(2,02% no


ajuste anterior),enquantonos


vérticesmaislongos,oDIparaja-


neirode 2027ficouem 6,90%


(6,80%noajusteanterior).


Apesarda desvalorizaçãovista


ontemnoIbovespa,oclimase-


gue favorável para ativosde risco


no mundo,em meioao excesso


deliquidezebaixataxadejuros.


Em junho, oIbovespa acumula


ganhosde9,08%,sustentadopelo


fluxo positivo de investidores


pessoa física, comR$ 725,6 mi-


lhões, e também do estrangeiro,


com saldo positivode R$ 2,7 bi-


lhões no mercado àvista da B3 e


com cercade R$ 1,5 bilhão no fu-


turo.Emmaio, oestrangeirofi-


cou vendido tanto no àvista co-


mo no futuro, comR$ 7,4bilhões


eR$4,3bilhões,respectivamente.


Anotíciaque acendeu osinal


de alertados investidores sobre


a pandemiaveio da Organização


Mundial da Saúde(OMS),que


informou novo recorde de


183,02 mil novoscasosde covid-


19 no mundo em um dia.


No mercado de câmbio, o real


teve um dos cincomelhores de-


sempenhos do dia em um ranking


das principais divisasglobais, em-


bora ainda acumule adesvaloriza-


çãomaisintensadalistaem2020.


Avariaçãomaisamplaemrelação


a outrasdivisas emergentesdeixa


claroque qualquer movimento lá


fora éamplificadopor aqui.E, mui-


tas vezes, avolatilidade do exterior


ecoa aindaem fatores locais comoo


conturbadoambiente político.Não


àtoa,avolatilidadeimplícitadoreal,


considerandoum período de dois


meses,ébem maiselevadaque de


outrospares e já supera 22%. O mes-


mo indicadordo pesomexicano,


por exemplo, está em 17%, e do peso


colombianoseencontraem15%.Jáa


dorubloestáem13%.


Os movimentosdo dólarno


Brasilestãoacentuadospor cau-


sa dos jurosbaixos,algo inédito


para oBrasil,explicaRicardoKa-


zan, gestor da Novus Capital.


“Ainda estamos passando por


um processode transiçãode mo-


delo de juro alto para modelode


juro baixíssimo. Isso faz com que


odólar seja um ativobaratopara


ter hedgeeprotegeroutrasposi-


ções no Brasilou outrosmerca-


dosemergentes”, explica.


Isso significa que,em dias de


tensão,osinvestidorescorrempara


se proteger no dólar numaposição


contrária ao real. Já nos dias mais


favoráveis no exterior,tambémhá


pressapara desmontede posições.


Ontem, por exemplo, coma leve


queda da bolsalocal, operadores


comentamque ocorreu uma pres-


são menorpor “he dge” do que em


dias anteriores, o que facilitao alí-


vionomercadobrasileiro.


Nasdaqtemnovo recordeapesar deavançodacovid


Gabriel Roca


De São Paulo


As ações em NovaYork se desco-


laramde seus pares globais ontem


e encerraram o dia em alta, com o


Nasdaqregistrandoumanovamá-


xima históricade fechamento.


Apesardo avanço no número de


novoscasosglobaisdecovid-19no


fim de semana,ootimismo dos in-


vestidores foi sustentadopor si-


nais de umaincipiente recupera-


ção na economiaamericana e pela


expectativademaisestímulos.


ODow Jones fechou odia em al-


ta de 0,59%, aos 26.024,96pontos,


enquanto o S&P 500 avançou


0,65%, a 3.117,86 pontos. Oíndice


eletrônico Nasdaqtevesua sétima


altaconsecutiva efechou em um


novo recorde de10.056,47pontos,


com ganhos de 1,11%. Na Europa,


oStoxx600 encerrou em queda de


0,76%,aos362,70pontos.


No domingo, aOrganização


Mundial da Saúde (OMS) registrou


um recordede casosde covid-19,


commaisde183milnovasinfecções


registradas, o que ampliou a cautela


deinvestidoresaolongododia.


“A maior incerteza[paraa re-


cuperaçãoeconômica]envolveo


potencial de umaretomada nos


casosde covid-19”,escreveuBen


May, diretorde pesquisa global


da Oxford Economics, ponde-


rando que aindaé cedopara afir-


mar que umasegundaondade


infecçõesestejaacaminho.


No entanto, apósuma forte re-


cuperaçãodas açõesglobais desde


março, investidores dizem que o


cenário de curto prazo paraas


açõestemficadomaisnebuloso.


“Eu diriaque estamos em uma


terra de ninguém”,disse NateFis-


cher, estrategista da Strategic


Wealth Partners, à“Dow Jones


Newswires”. “Acho que consolidar


e moverpara o lado é amelhor coi-


saparaomercadoagora”, afirmou.


Levyvai para o Safra


LUC

IANA

WHIT

AKER

/VALOR

O ex-ministro JoaquimLevy está a


caminhodo BancoSafra, no qual


passaráa ser diretor de estratégia


econômicae de relaçõescommercados.


Doutor em economiapelaUniversidade


de Chicago,Levy foi ministro da Fazenda


no governo DilmaRousseffe presidente


do BNDESna gestão de Jair Bolsonaro.


Maisrecentemente,segundo


comunicado divulgado peloSafra,


estava desenvolvendopesquisassobre


tecnologiassustentáveis e transiçãode


economiaspara emissõeslíquidas zero


de carbonona Universidadede


Stanford, nos EstadosUnidos.“Levy


passaa integrar o timede especialistas


do Safra e seráresponsável pelaárea de


macroeconomiae de relaçõescomo


mercado”, afirmouo banco.


Sob o comandode David Safra, o


Safra terminouo primeiro trimestre


comR$ 110 bilhõesem sua carteira


de crédito e R$ 250bilhões em


recursosde terceiros sob gestão.

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