O Estado de São Paulo (2020-06-23)

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O ESTADO DE S. PAULO TERÇA-FEIRA, 23 DE JUNHO DE 2020 Especial H5


JornaldoCarro


Sem intervalo


José Antonio Leme


Coincidência é o termo que defi-
ne o ato ou efeito de coincidir, ou
seja, de eventos que acontecem
juntos sem que isso tenha sido
planejado. E foi por causa de
uma dessas obras do destino que
a Ford mudou o lançamento do
novo SUV Bronco, programado
para o dia 9 de julho. Ocorre que
essa é a data de aniversário de
O.J. Simpson, que em 1994 prota-
gonizou uma fuga de épica pelas
rodovias de Los Angeles, na Cali-
fórnia, a bordo de um Ford Bron-
co. O ex-jogador da NFL tentou
escapar após ter a prisão decreta-
da por ser suspeito do assassina-
to da ex-mulher, Nicole Brown
Simpson, e o amigo dela, Ron
Goldman.
A perseguição foi transmitida
ao vivo por todas as grandes re-
des de TV dos EUA. A estimativa
é de que a ação tenha sido acom-
panhada por mais de 95 milhões
de pessoas.
O julgamento de Simpson co-
meçou em 26 de setembro de
1994 e durou 372 dias. O júri, for-
mado por um hispânico, dois
brancos e nove negros, conside-
rou que Simpson era inocente
das acusações. O veredicto foi
anunciado em 3 de outubro de
1995.
Em 2017, Mike Gillbert, que
foi agente de Simpson, colocou o
Bronco modelo 1993 à venda. Ele
disse que pagou US$ 75 mil pelo
carro, um preço muito além do
normal. E que estaria disposto a
vender o Ford por entre US$ 750
mil e US$ 1 milhão.
Gilbert disse que teria recusa-
do uma oferta de US$ 250 mil pe-
lo carro. Não há informações so-
bre a concretização da venda.


Novo Bronco. A coincidência le-
vantou a suspeita de que a Ford
poderia estar usando a data para
promover o lançamento da nova
geração do Bronco. A empresa
negou que a data tenha sido esco-
lhida com essa finalidade e mu-
dou a apresentação do SUV para
13 de julho. Nas redes sociais, a
Ford informou que é “sensível” e
“respeita algumas preocupações
levantadas anteriormente sobre
a data”.
Intencional ou não, a escolha
da data gerou uma grande reper-
cussão em torno da nova geração
do Bronco. O SUV não foi revela-
do oficialmente, mas várias fo-
tos do carro circularam em sites
e fóruns na internet.
O modelo terá duas versões. A
Bronco Sport, mais “familiar”, te-
rá quatro portas. A outra, com
duas portas, será mais parecida
com o modelo original dos anos
1970.
Além de boa distância em rela-
ção ao solo, terá pneus maiores e
caixas de roda mais largas. Assim


como ocorria nos primeiros mo-
delos, o estepe será fixado na
tampa do porta-malas.

Motor e rivais. A expectativa é
de que o novo Bronco tenha duas
opções de motor. As configura-
ções de entrada deverão trazer o
2.3 com turbo que gera 270 cv.
Trata-se do mesmo quatro-cilin-
dros da versão de entrada do
Mustang nos EUA. A outra será
um 2.7 V6 de 325 cv.
Haverá também duas opções
de câmbio. A automática será de
dez marchas – também do Mus-
tang. A manual terá seis velocida-
des além da “Crawler”, uma mar-
cha extra para garantir força em
aventuras no off-road pesado. Na
prática, trata-se de uma reduzida
que já vem integrada ao câmbio.

Dois dos principais rivais do
Ford acabam de ser renovados.
São eles o também norte-ameri-
cano Jeep Wrangler e o britânico
Land Rover Defender.
Todos esses modelos trazem
como destaque a grande capaci-
dade no off-road. São SUVs do
tipo “raiz” em um mercado cada
vez mais dominado por veículos
voltados ao asfalto.
A nova geração do Wrangler es-
tá à venda no Brasil em três ver-
sões: Sahara, Sahara Overland
(quatro portas) e Rubicon. Os
preços sugeridos partem de, res-
pectivamente, R$ 347.990, R$
370.990 e R$ 419.990. O novo De-
fender deve ser lançado no País
até o fim deste ano.
Há grande chance de o novo
Bronco também vir ao Brasil.

Adriana Del Ré


Desde que estreou na Netflix, o
filme 365 Dias (365 Dni) tem ge-
rado repercussão, sobretudo
nas redes sociais, onde há uma
corrente que compara o drama
erótico polonês à saga de Chris-
tian Grey, de 50 Tons de Cinza.
No Brasil, o filme ocupa o 1.º
lugar da lista dos 10 mais vistos
na plataforma de streaming.
No entanto, o sucesso de 365
Dias
não está ligado à qualidade
do filme. Com roteiro fraco e
interpretações sofríveis, o fil-
me se apoia nas tórridas cenas
de sexo (por vezes, quase ex-
plícitas). E nada mais.
A ideia central da trama, ins-
pirada no 1.º volume de uma tri-
logia da escritora Blanka Li-
pi ska, já é desastrosa, ainda
mais se pensarmos no contex-
to dos dias de hoje, em que se


são amplamente debatidos (e
combatidos) os relacionamen-
tos abusivos. E é isso o que
acontece na relação entre Mas-
simo e Laura, interpretados
por Michele Morrone e Anna
Maria Sieklucka.
Em linhas gerais, Massimo é
um mafioso italiano que decide
sequestrar Laura. Quer fazê-la
se apaixonar por ele em até 365
dias. Ela passa a viver em cárce-
re privado. Ele tem atitudes vio-
lentas com ela. Quer conquis-
tá-la na marra. Não foi preciso
um ano, mas poucos dias para
Laura se entregar a Massimo.
E, a partir daí, o enredo, que já
se mostrava bastante frágil, des-
camba para uma compilação
de cenas de sexo. Dispensável.

Filmes na TV


BRONCO E A


COINCIDÊNCIA


Barbarella
(França, 1968). Dir. e roteiro (com Terry
Southern) de Roger Vadim, com Jane
Fonda, David Hemmings, Ugo Tognazzi,
John Phillip Law, Anita Pallenberg, Milo
O'Shea, Marcel Marceau.

Luiz Carlos Merten

A fantasia científica do francês
Vadim, baseada na heroína dos
quadrinhos, é contemporânea
de 2001, Uma Odisseia no Espa-
ço , de Stanley Kubrick. Mas en-
quanto o segundo investe na al-
ta tecnologia, Vadim aposta na
improvisação, numa certa ba-
gunça. Jane Fonda, então casa-
da com o diretor, virou mito
erótico e a cena do sexo no futu-
ro é antológica.
TEL. CULT, 22H. COL., 98 MIN.

FORD


SUV seria lançado no aniversário de O. J. Simpson,


que em 1994 protagonizou fuga épica no modelo


História*


Ao vivo. Perseguição a O. J. Simpson durou duas horas, foi transmitida pelas principais TVs dos EUA e acompanhada por mais de 95 milhões de pessoas

REUTERS

4x4. Primeira geração tinha grande vocação para o off-road

Prévia. Novo SUV não foi lançado, mas teve imagens ‘vazadas’ em sites e fóruns na internet

Eliana Silva de Souza

Vale conferir
O canal Bis estreia nesta
terça, 23, às 23h, nova tem-
porada de Experimente.
Apresentado por Guilherme
Guedes, o programa mostra
ao público novas promessas
da música brasileira, que se
destacam nas mais varia-
das regiões do País. Neste
primeiro episódio, destaque
para o trio curitibano Tuyo,
que é formado pelas irmãs
Lay e Lio e por Jean Macha-
do e lançou seu primeiro
álbum em 2017. Outros no-
mes que passarão pelo pro-
grama são Luísa e os Alqui-
mistas, Hiran, Ana Frango
Elétrico, Zé Ibarra, Potygua-
ra Bardo, Julia Mestre, Jo-
nathan Ferr, Bivolt e Ma-
theus Torreão.

Música na tela
Estreia nesta terça, 23, às
18h, no Canal Curta!, o docu-
mentário Trinta Povos. Escri-
to, produzido e dirigido por
Zeca Brito, com produção da
Anti Filmes e Boulevard Fil-
mes, filme aborda o legado

das missões jesuíticas na
América Latina, investigando a
história do Brasil, Argentina e
Paraguai através de ruínas e
reminiscências de arquitetura,
pintura e mitologias.

Falando de tudo
Marcelo Tas conversa com o
músico e ator Leo Jaime, nes-
ta terça, 23, no seu #Provoca
em Casa. Em bate-papo vir-
tual, o músico revela como
está sendo o seu isolamento e
também fala sobre outros te-
mas, como a questão da gordo-
fobia no meio artístico, autoco-
nhecimento e amor. Atração
vai ao ar às 22h15, na TV Cultu-
ra e no canal oficial do #Provo-
ca no YouTube.

Influenciando gerações
Um dos maiores nomes do
jazz, Django Reinhardt, tem
sua vida contada em filme que
será exibido nesta terça, 23, às
23h35 no canal Film & Arts.
Django mostra a trajetória do
artista, interpretado por Reda
Kateb, e sua família, desde a
fuga de Paris, durante a 2ª
Guerra. Superando essa fase,
pôde se dedicar à música.

‘365 Dias’


abusa de cenas


de sexo para


fazer sucesso


Duplo MPB
Cale-se (Brasil, 2015.) Dir. de Marcus Fer-
nando.
Jards (Brasil, 2013). Dir. de Eryk Rocha.

Dá para fazer um duplo de música


  • os dois filmes somam duas ho-
    ras. O de Markus Fernando, de 26
    minutos, é o quarto episódio, final,
    de uma série sobre a censura na
    música, sob a ditadura. O de Eryk,
    96 minutos, mapeia a trajetória
    humana e musical do ator, cantor
    e compositor Jards Macalé, sua
    ligação com o cinema.
    C. CURTA!, A PARTIR DAS 14H30.


O Estranho/
The Stranger
(EUA, 1946.) Dir. e interpretação de Orson
Welles, com Loretta Young, Edward G. Ro-
binson, Richard Long.

Considerado um filme menor de
Welles, é muito bom. Ele próprio
faz criminoso nazista escondido
numa pequena cidade de Connecti-
cut. Está para se casar com Loret-
ta Young, que não suspeita de na-
da, quando chega o agente federal
Robinson, para (r)estabelecer a
verdade.
TEL. CULT, 1h50. P&B, 95 MIN.

DESTAQUE

FORD/DIVULGAÇÃO

PARAMOUNT PICTURES

BRONCOSPORTFORUM.COM/REPRODUÇÃO
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