O Estado de São Paulo (2020-06-24)

(Antfer) #1

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A14 QUARTA-FEIRA, 24 DE JUNHO DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


Esportes


●Quase cem jogadores da elite
do futebol brasileiro já foram
contaminados pelo vírus

CONTAMINAÇÃO


INFOGRÁFICO/ESTADÃO

Corinthians

Vasco

Ceará

Flamengo

Bahia

Botafogo

Palmeiras

Santos

São Paulo

Goiás

Fortaleza

Sport

Atlético-GO

Atlético-MG

RB Bragantino

Grêmio

Internacional

Fluminense

Coritiba

Athletico-PR

CLUBES

21

19

11

9 7 5 4 4 4 3 2 2 1 1 1 1

NÃO REVELOU

NÃO REVELOU

NENHUM

NENHUM

NÚMERO
DE CASOS

TOTAL

95 infectados


Ciro Campos
Raul Vitor / ESPECIAL PARA O ESTADO


Os clubes da Série A do Cam-
peonato Brasileiro registra-
ram até agora 95 casos do novo
coronavírus em jogadores. O
Estadão levantou o número
com base nas informações ofi-
ciais das próprias equipes divul-
gadas após as baterias de exa-
mes com os atletas, com desta-
que para a retomada das equi-
pes de São Paulo. A contabiliza-
ção leva em conta os casos ati-
vos e também os que já são con-
siderados recuperados. O Co-
rinthians é o campeão de regis-
tros no elenco, com 21.
O número de 95 atletas signi-
fica que o Campeonato Brasilei-
ro seria capaz de acomodar oito
times titulares completos for-
mados apenas por jogadores
que já tiveram contágio pelo ví-
rus. Caberiam ainda mais sete
reservas. Proporcionalmente, o
número é bastante alto. Mesmo
com esse registro, a quantidade
de contaminados pelo vírus po-
de ser ainda maior pela possibili-
dade de subnotificação e pelo
tipo de exame utilizado poder
não coincidir com a janela imu-
nológica da doença. Existe o ris-
co também da contaminação se
alastrar pelos próximos dias
com o retorno dos times aos


treinos. Os clubes informam
que os atletas contaminados es-
tão em quarentena.
Dos 20 participantes da elite
nacional, somente os paranaen-
ses Coritiba e Athletico não reve-
laram se tiveram registros de co-
vid-19 nos grupos. Quem até ago-
ra não teve casos conclusivos
confirmados foram Inter e Flu-
minense. O time do Sul já voltou
à atividade, enquanto os cario-
cas ainda “brigam” com a federa-
ção do Rio para não jogar duran-
te a pandemia. Todas as outras
16 equipes tiveram alguma con-
firmação por contágio, com um
grande número de concentração
especialmente no Corinthians.
Dos 27 atletas, 21 testaram positi-
vo, o equivalente a 77%.
Segundo o consultor médico
do clube, Joaquim Grava, o nú-
mero elevado se explica pelo fa-
to de a equipe ter sido submeti-
da a testes mais apurados. “Nós
realizamos nos atletas um exa-
me que tem mais sensibilidade.
Aplicamos um protocolo que
consegue delimitar traços sensí-
veis da doença”, disse o médico
ao Estadão. Na opinião dele, a
quantidade de casos não pode
ser considerada elevada. “Eu es-
perava até um número maior do
que esses 95. Mas cada caso é
um caso, porque depende de
qual exame foi feito. Tem testes

com grau de confiabilidade bai-
xo”, afirmou. Há três tipos de
testes apenas. O RT-PCR, Soro-
logia e os Rápidos. Os clubes
usam o primeiro, com maior nú-
mero de acerto e confiabilida-
de, considerado padrão ouro pa-
ra a covid-19.
Os cinco times paulistas da
Série A do Brasileiro somam até
o momento 34 casos, dos quais
23 estão recuperados. Os qua-
tro principais times do Estado
retomaram os trabalhos nesta

semana com um esquema espe-
cial de testagem. O Palmeiras,
por exemplo, organizou um dri-
ve thru no estacionamento da
Academia de Futebol para verifi-
car os jogadores. Os atletas fo-
ram testados sem precisarem
sair dos carros. O Corinthians
levou os jogadores para seu de-
partamento médico.
Para o diretor médico da Fe-
deração Paulista de Futebol
(FPF), Moisés Cohen, a confir-
mação de quase cem casos na
Série A representa um avanço e
não um alerta. “O fato de detec-
tar muitos casos positivos é
bom para que os clubes tenham
tempo de tratar essas pessoas
antes que a doença possa ser
transmitida. Muitos atletas tive-
ram contato com o vírus e nem
sabiam que haviam se contami-
nado”, explicou.
Cohen afirmou que pelo pro-
tocolo médico da FPF, as equi-
pes do Estado têm realizado
dois tipos de testes: um molecu-
lar e outro sorológico. A utiliza-
ção deles permite cobrir janelas
diferentes de manifestações do
vírus dentro de cada organismo.

Segundo o médico, a presença
de clubes com um número mais
alto de infectados do que outros
não pode ser encarada como
uma irresponsabilidade.
“Eles (jogadores) estão vol-
tando agora. Estavam em casa.
Se houve falha foi deles mes-
mos (dos jogadores), por esta-
rem em uma zona mais contami-
nada, ou talvez porque não te-
nham tomado os cuidados ne-
cessários. É possível. O clube
não tem nada a ver com isso. Ele
simplesmente está passando
uma régua e vendo quem con-
traiu e quem não contraiu a

doença no Brasil”, comentou.
Vale ressaltar que alguns joga-
dores foram criticados por te-
rem dado festas durante a pan-
demia. Cazares, do Atlético-
MG, foi um deles. O jogador reu-
niu amigos e foi multado pelo
clube. Em abril, os jogadores ga-
nharam férias. Retornaram em
maio, mas continuaram treinan-
do em suas respectivas casas.
Por outro lado, para o médi-
co Marcelo Otsuka, coordena-
dor do Comitê de Infectologia
Pediátrica da Sociedade Brasi-
leira de Infectologia (SBI), a
quantidade de casos representa
um susto para o futebol brasilei-
ro. “Esse número de 95 casos é
muito preocupante. Se formos
levar em consideração que cada
clube tem cerca de 30 atletas no
elenco, ainda temos uma gran-
de parcela que pode adquirir a
infecção. É claro que dificilmen-
te um atleta vai desenvolver um
quadro grave da doença, mas
ele pode disseminar o vírus pa-
ra outras pessoas”, explicou.
Procurados pelo Estadão,
atletas e dirigentes não quise-
ram comentar o assunto.

O atacante Dudu, do Palmeiras,
foi acusado pela ex-mulher, Ma-
lu Ohanna Neves Rodrigues, de
29 anos, de violência doméstica
e lesão corporal. Um boletim de
ocorrência (B.O.) foi registrado
ontem na 4.ª DDM (Delegacia
de Defesa da Mulher) da Polícia
Civil de São Paulo. O jogador,
de 28 anos, nega as agressões e
se apresentou no mesmo dia à


delegacia para prestar esclareci-
mentos. A informação foi publi-
cada pelo portal Metrópoles e
confirmada pelo Estadão.
Segundo a denúncia, as agres-
sões teriam começado na gara-
gem da residência de familiares
da ex-mulher, no bairro da Casa
Verde, na zona norte de São Pau-
lo. Malu Ohanna contou aos po-
liciais que foi chamada pelo ex-
marido pelo celular. Dudu foi
ao local para buscar um compu-
tador para o filho mais novo do
casal, de oito anos.
Segundo a mulher, o atleta de-
monstrava um comportamen-
to estranho e passou a tratá-la
de forma agressiva. Em segui-
da, ela conta que o atacante do

Palmeiras começou a agredi-la
com socos na cabeça, no peito e
puxões de cabelo. A vítima rela-
tou às autoridades que conse-
guiu se afastar de Dudu, mas a
discussão continuou por mais
algum tempo. Logo depois, fun-
cionários da família apartaram
a discussão e a briga.
Após a confusão, Malu foi até
o Hospital Albert Einstein, on-
de foi atendida e medicada.
Após a realização de uma tomo-
grafia, não foi constatada ne-
nhuma alteração. Ela apresen-
tou escoriações e dores muscu-
lares. O caso será investigado
pela 3.ª DDM, subordinada à 3.ª
Seccional de Polícia.
Para Malu Ohanna a polícia

informou que ela será chamada
para a realização de exames no
IML (Instituto Médico Legal)
para a constatação das possí-
veis lesões corporais. O casal es-
teve junto por cerca de 11 anos,
mas se separou há cinco meses.
Procurada pelo Estadão, a as-
sessoria de imprensa do joga-
dor Dudu negou a acusação. O
atacante se diz inocente, afirma
que a acusação é falsa e, por is-
so, se apresentou à polícia on-
tem, antes mesmo de qualquer
intimação. “Vale ressaltar, ain-
da, que todas as inverdades rela-
tadas à polícia teriam aconteci-
do em local público, com câme-
ras de segurança e na presença
de testemunhas, o que facilita-
rá o esclarecimento dos fatos e
o prevalecimento da verdade”,
informa, em nota, a assessoria
do atacante. / C. C.

Ex-mulher acusa Dudu de agressão; atacante nega


U


m avião com a mensa-
gem “White Lives
Matter Burnley” (Vi-
das Brancas Importam Burn-
ley) sobrevoou o estádio do
Manchester City antes do iní-
cio da partida contra o Burn-
ley, válida pela 30.ª rodada do
Campeonato Inglês, na últi-
ma segunda-feira. A frase é

uma alusão ao movimento
“Black Lives Matter” (Vidas Ne-
gras Importam), acolhido pela
Premier League e que tem toma-
do as ruas de Londres nas últi-
mas semanas, como reflexo dos
protestos americanos, após o as-
sassinato do segurança america-
no George Floyd.
O Burnley, equipe cujo nome

também estava escrito na faixa,
afirmou que trabalha com as au-
toridades para identificar os res-
ponsáveis pelo voo. Segundo o

clube inglês, os dizeres da faixa
são incompatíveis com os seus
ideais. “Isso não condiz, de for-
ma alguma, com o que o Burn-

ley Football Club representa e
trabalharemos em conjunto
com as autoridades para identi-
ficar os responsáveis e emitir
proibições vitalícias. Pedimos
desculpas sem reservas à Pre-
mier League, ao Manchester
City e a todos aqueles que aju-
dam a promover o “Black Lives
Matter”. Queremos deixar cla-
ro que os responsáveis não são
bem-vindos”, informou a equi-
pe, em um comunicado oficial.
Bem Mee, capitão do Burn-
ley, afirmou, após aquela parti-
da, que ficou envergonhado
com ocorrido e responsabili-
zou uma pequena parcela da tor-
cida do time pelo ato. Segundo
ele, esses torcedores precisam
entender que vivem no século


  1. “Estou envergonhado
    com a atitude tomada por
    um pequeno número de nos-
    sos torcedores. Eles não en-
    tenderam o movimento que
    nós apoiamos e isso não re-
    presenta o clube, os jogado-
    res e a maior parte dos fãs.
    Acho que essas pessoas preci-
    sam chegar ao século 21 e se
    educar. Estou muito triste
    com isso”, comentou Mee.
    Ao invés de utilizarem o no-
    me dos jogadores nas costas,
    as equipes do Campeonato In-
    glês adotaram a frase “Black
    Lives Matter”. A proposta da
    liga inglesa foi adotada por to-
    dos os 20 clubes que dispu-
    tam a primeira divisão, com o
    aval da Fifa.


PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


Boletim de Ocorrência


diz que jogador do


Palmeiras teria dado
socos na cabeça e no


peito e puxões de cabelo


na ex-companheira


] O sérvio Novak Djokovic lamentou
ontem os casos de covid-19 entre parti-
cipantes do torneio de exibição que
promoveu em seu país – entre os infec-

tados com o novo coronavírus está o
próprio Djokovic. O tenista número 1
do mundo disse que errou na avalia-
ção ao realizar a competição com torci-
da, e sem cuidados de distanciamen-
to. “Estávamos errados e era cedo de-
mais (para promover o evento)”, disse.

BURNLEY CRITICA VOO


COM FAIXA RACISTA


SENSIBILIDADE

‘Nós realizamos nos
atletas um exame
que consegue
delimitar traços
sensíveis da doença’

CESAAR GRECO / AG. PALMEIRAS

Briga. Dudu, atacante do Palmeiras: explicações à polícia

INFECTADO PELA COVID-19,
DJOKOVIC ADMITE ERRO

SHAUN BOTTERILL/AFP

Premie League

Preconceito. Avião sobrevoou estádio do Manchester City

Clube inglês lamenta mensagem produzida para


se contrapor ao movimento ‘Black Lives Matter’


FOTOS RODRIGO COCA / AG. CORINTHIANS

Clubes da


Série A têm


95 atletas


com covid-


Futebol. Corinthians é o clube com maior


número de casos, com 21 atletas infectados


Cuidados. O zagueiro Gil e o lateral Fagner usam equipamentos individuais durante treino

Joaquim Grava
CONSULTOR MÉDICO DO CORINTHIANS
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