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AS BORBOLETAS NÃO PARAVAM DE CHEGAR, pri-
meiro aos milhares, depois às dezenas ou mesmo
centenas de milhares. As suas asas eram castanhas
por baixo e de um tom cor de laranja por cima, pare-
cendo pedacinhos de raios de sol enquanto voa-
vam. O cenário era maravilhoso, inspirador de
admiração e até um pouco desconcertante.
Encontrei a nuvem de borboletas (tecnicamen-
te falando, uma irrupção de Nymphalis califor-
nica) num dia de Verão, de céu azul luminoso,
na Sierra Nevada. Passeava a pé por Castle Peak,
uma montanha a noroeste do lago Tahoe, na com-
panhia do biólogo Matt Forister, da Universidade
de Nevada. As borboletas de Castle Peak são uma
das populações de insectos mais estudadas do
mundo: há quase 45 anos que, todos os verões,
são submetidas a um recenseamento quinzenal.
A maior parte dos dados foram recolhidos pelo
mentor de Matt, Art Shapiro, entomólogo dedica-
do e professor da Universidade da Califórnia, que
registou a informação em fichas.
Depois de introduzirem os dados do recensea-
mento em computador e de os analisarem, Matt
Forister e a sua equipa concluíram que as borbo-
letas de Castle Peak começaram a entrar em declí-
nio em 2011. Estávamos a discutir os motivos des-
se declínio quando nos aproximámos do cume e
nos vimos envolvidos na névoa cor de laranja.
“A ideia de os insectos estarem a sofrer é cho-
cante e eu percebo isso”, disse Matt, acrescentan-
do: “Os insectos fazem isto, pelo que parece extra-
vagante” a ideia de um declínio.
Junto do rio Mosela,
na Alemanha, Martin
Sorg, curador-chefe
da Sociedade
Entomológica de
Krefeld, segura um
frasco com amostras
recolhidas numa
armadilha Malaise,
um dispositivo
semelhante a uma
tenda para capturar
insectos voadores.
Os membros da
Sociedade monitorizam
estas armadilhas desde
a década de 1980.