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Estamosa praticarmecanismosdeelogiaro outro
noCampoparaNamorosPEERS,um programa
paraadolescentese adultoscomnecessidades es-
peciaisquetêmesperançadeencontraroamor.
A maioriadosparticipantes,muitosdosquais com
autismo,jápassarama barreirados 20 anos, mas
parecembastantemaisnovos.Vieramsozinhos ou
acompanhadospelospaisoucuidadoresou, por
vezes, por um irmão ou irmã. Quase todos vivem
com as respectivas famílias. Vêem-se muitos pêlos
faciais mal semeados, T-shirts de bandas musicais
obscuras, auriculares de protecção contra ruído
para os que sofrem de sensibilidade auditiva e por-
ta-chaves de peluche pendurados nas mochilas.
A interpretação de pistas sociais é difícil para os
indivíduos com perturbações do espectro autista.
Por isso, todos os presentes querem aprender as
regras. E nos encontros românticos há mesmo
regras. Treinadores de namoro, alguns dos quais
alunos de doutoramento e outros responsáveis
pelo programa de neurociências da Universidade
da Califórnia, estão a tentar explicá-las.
Um homem franzino franze o sobrolho enquan-
to inspecciona uma treinadora de namoro, em
busca de alguma pista. O seu rosto ilumina-se ao
reparar numa tatuagem que ela tem no tornozelo.
“Olha! Estou a ver que tens um lambda. Gostas
de biofísica? Eu também!”
“Do pescoço para cima, foi o que eu disse. Mas
sim, estiveste bem!”, encoraja o treinador que
conduz o exercício. “Isso foi muito bom. Desco-
briste um interesse em comum.”
O jovem faz um sorriso resplandecente.
O treinador vira-se para um homem com cara
de bebé, com uma bonita camisa abotoada até
ao colarinho e pede-lhe que tente elogiar a trei-
nadora. Ela faz-lhe um sorriso encorajador. Ele
Há mais de uma década
que Gus (ao centro),
de 18 anos, filho de
Judith Newman, a
autora deste artigo,
aparece quase todos
os domingos em Grand
Central Terminal, na
cidade de Nova Iorque,
para conviver com
os motoristas. Sabe
de cor o nome de
todos, bem como as
suas rotas. Também
gosta de distribuir
horários de comboio
e de dar orientações
aos passageiros.
“MALTA!
NÃO SE ESQUEÇAM:
DO PESCOÇO PARA CIMA!
VAI,
FORÇA.”