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Madi descontrola-se
enquanto se esforça
para fazer os trabalhos
de casa. A sua irmã
Mackenzie, de 6 anos,
olha para ela com
preocupação.
“Os trabalhos de casa
são frustrantes para mim
e fazem-me confusão”,
diz Madi. “Provoca-me
uma sobrecarga de
ansiedade. A minha
raiva vem ao de cima
e é difícil manter essa
emoção sob controlo.”
a ideia de dar emprego a pessoas com autismo”,
conta. “Assustava-me imenso.” Descrevendo-se a
si próprio como um tipo de gestor obstinado, teve
de aprender a ouvir com atenção os seus colabo-
radores para conseguir compreendê-los. “Penso
no exemplo do Melvin: a princípio, pensava que
teria de despedi-lo e não conseguia imaginar um
mundo no qual ele fosse capaz de ser um bom em-
pregado. Hoje, este miúdo é uma estrela de rock.
Quem me dera ter cem como ele.”
Jeff e Anthony irrompem porta adentro. Am-
bos têm 32 anos. Quando não está a limpar car-
ros, Jeff está a aprender a fazer dobragens de voz.
Também gosta de teatro de marionetas. Anthony
tem um podcast intitulado “A-Log on the Airwa-
ves”, no qual transmite canções divertidas em
madmusic.com e também gosta de imitar vozes
de famosos. Demonstra a sua imitação de Bernie
“Sou mesmo bom nisto e não tenho filtro,” diz,
com alegria, em tom de cumprimento. Qual a sua
parte preferida do trabalho? “Às vezes, os inter-
valos; noutras ocasiões, a chuva; e noutras vezes,
as pessoas. Há coisas que acontecem e nos fazem
questionar a vida.”
Tive receio de lhe perguntar o que queria dizer,
mas não precisei de o fazer. Há sempre um cliente
estranho. “Uma vez uma cliente só trazia vestido
o sutiã e as calças.” Certa vez, “encontrei um pre-
servativo usado lá dentro.”
“O que fazes no teu tempo livre?”, interrompo.
“Depois de trabalhar aqui, quero dormir e não
tratar dos carros”, responde, usando um qualifica-
tivo para os carros que exprime, em simultâneo, o
exaspero e o orgulho de um trabalhador.
Ao início, Tom não ficou muito entusiasma-
do com a ideia. “Não me sentia à vontade com