OSADULTOSCOMAUTISMO 53
Denise Resnik orienta o
filho, Matt, de 27 anos,
enquanto este faz a
barba, seguindo as
instruções num iPad.
Para ajudá-lo a viver
com autonomia, Denise,
promotora imobiliária,
criou a First Place, uma
comunidade de vida
independente com 55
unidades em Phoenix.
Pessoal contratado
presta assistência aos
residentes, ajudando-os
em tarefas quotidianas,
como fazer compras,
ensinando-lhes
competências como
usar a lavandaria, e
encontrando-lhes
empregos compatíveis
com as capacidades e
interesses de cada um.
dois comportamentos de maneira praticamente
ininterrupta: cerrava os punhos e gritava com toda
a força. Estes não eram bons prenúncios para um
emprego remunerado. Porém, a equipa de Rutgers
descobriu outra circunstância: Frank adorava livros
e adorava ordem. A equipa conjecturou que ele iria
adorar a biblioteca, mas num espaço que privilegia
o silêncio os gritos não seriam bem-vindos. De
forma notável, Frank aprendeu a murmurar os
números das requisições enquanto arrumava os
livros nas prateleiras e acabou por eliminar a moti-
vação para berrar. Faltava resolver a questão dos
punhos constantemente cerrados.
É por essa razão que Frank passa as tardes na
pizaria. Com paciência, foi possível ensiná-lo a fa-
zer massa e a moldá-la em pequenas rodelas, de-
pois congeladas. Para quem faz pizzas, cerrar os
punhos é um requisito – não um problema.
Christopher Manente, director-executivo do
centro, observa Frank e o seu treinador com
atenção. “O público tem uma ideia preconcebida
acerca das pessoas autistas: ou as imagina como
génios ou como indivíduos totalmente debilita-
dos. No fundo, são dois extremos. Quando por
vezes contacto uma empresa e peço que contra-
tem uma das nossas pessoas, os meus interlocu-
tores pensam no indivíduo apenas como um tra-
balhador suplementar. Mas é muito interessante
ver como as coisas se podem compor.”
O programa de Rutgers investiga e ensina adul-
tos autistas de todo o espectro e não apenas grupos
específicos. O programa tem mais de doze alunos
matriculados, mas espera atingir 60 inscrições.
A ideia é criar uma comunidade que misture alu-
nos de pós-graduação formados para trabalhar
com adultos autistas, vivendo lado a lado com eles.