Adega - Edição 176 (2020-06)

(Antfer) #1

66 ADEGA >> Edição^176


PERFIL | por^ CHRISTIAN BURGOS E EDUARDO MILAN


Douro Superior


O melhor que o Douro pode produzir na
visão de José Maria Soares Franco

E


m 2007, depois de 30 anos trabalhando em
um dos mais importantes grupos de vinho
de Portugal, José Maria Soares Franco de-
cidiu sair da Sogrape após um acordo com
seu amigo João Portugal Ramos. “Vais ter
uma razão para sair da Sogrape, que é fazer o vinho que
tu entendes que o Douro pode fazer de melhor”, contou
Franco, em conversa com ADEGA em sua mais recen-
te passagem pelo Brasil. Foi assim que nasceu o proje-
to Duorum, expressão latina que significa “de dois”, ou
seja, dois renomados enólogos, além de lembrar Douro.
Franco conta que conseguir reunir os 160 hectares
de vinhas com os quais produz 10 rótulos diferentes foi
um trabalho árduo. “Fui para o Douro em 2007 para
comprar uvas e para criar a base das uvas do futuro do
Duorum. E escolhi o Douro Superior, que é a parte
junto a Espanha mais quente e seca. Com esse clima,
a colheita é mais consistente safra a safra. Encontramos
os terrenos perto de Foz Côa, onde na verdade não havia
muita área livre. Queria algo da margem esquerda do
Douro, pois a direita, com exposição sul, é muito quente.
Para chegar a 160 hectares, tivemos que adquirir 86 par-
celas de cerca de 3 hectares cada, todas muito pequenas.
Foi um trabalho de ourivesaria imobiliária”, afirma.
O enólogo revela ainda suas outras preocupações
na época: “precisava haver uma ligação com a estrada,
com vinhas altas, de 500 metros, e ser junto ao rio, pois
a precipitação lá é baixa e necessitava ter acesso à água”.
Em 2009, começaram a plantar castas portuguesas: cin-
co tintas (Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão,
Sousão e Alicante Bouschet) e cinco brancas (Rabigato,
Arinto, Codega, Moscatel e Viosinho).
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