Adega - Edição 176 (2020-06)

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78 ADEGA >> Edição^176


TERROIR BRASIL | por^ ARNALDO GRIZZO


IP Campanha Gaúcha


Nova Indicação de Procedência
contempla boa parte do sul gaúcho

N


o começo de maio, foi criada a In-
dicação de Procedência Campa-
nha Gaúcha pelo INPI (Instituto
Nacional da Propriedade Indus-
trial) após um processo de análise
que durou pouco mais de dois anos. “Nossa asso-
ciação tem cerca de 10 anos e há pelo menos sete,
com ajuda de muitos parceiros, vem trabalhando
para conseguir esse reconhecimento. Esta é uma
ocasião muito especial”, garante Clori Peruzzo,
presidente da Associação Vinhos da Campanha
Gaúcha, que conta com 17 produtores.
A concessão do INPI veio no dia 5 de maio,
em meio à pandemia de Covid-19, mas, mesmo
o período turbulento não tirou o ânimo dos pro-
dutores, que esperam uma safra espetacular para
iniciar os primeiros vinhos com selo “Campa-
nha Gaúcha”. “Nosso terroir é diferente, essa era
a nossa busca. Temos 36 castas incluídas e um
sistema de trabalho para que cada vinho possa
conquistar o selo. A safra 2020, com certeza, vai
trazer grandes vinhos para iniciar a IP”, diz Clori.
Ao se analisar as regulamentações da nova
IP, a sexta exclusivamente para vinhos finos no
Brasil, percebe-se que, apesar das características
próprias, a juventude da região fala alto, abrin-
do espaço para 36 variedades de vitiviníferas, que

vão desde as consagradas no local como Tannat,
até outras menos faladas como Colombard. E há
ainda um adendo de que outras podem ser usadas
dependendo da análise do Conselho Regulador.
Permite-se apenas o sistema de espaldeira e
produtividades de até 10 toneladas por hectare
para tintas em geral e 12 ton/ha para brancas. Po-
derão levar o selo vinhos brancos, tintos, rosados
e espumantes, somente se produzidos com uvas
vitiviníferas. Mas o que mais chama a atenção na
IP são seus impressionantes 44.365 quilômetros
quadrados de área próxima da fronteira com o
Uruguai.
“Esse é um primeiro passo importante para a
região, reconhecer que os vinhos da Campanha
Gaúcha são diferentes dos de outras regiões do
Rio Grande do Sul. Agora o ideal é trabalhar para
afunilar mais os terroirs, pois é uma região mui-
to grande com vinhos que podem ser bastante
diferentes entre si”, aponta Alejandro Cardozo,
enólogo uruguaio que assessora a vinícola Gua-
tambu. Cardozo lembra que, numa área em que
as distâncias entre uma ponta e outra podem ser
de quase 500 quilômetros, há uma considerável
diferença de climas e solos. Mas, ainda assim, a
IP é um reconhecimento de que a região tem um
diferencial que precisa ser notado.
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