Aero Magazine - Edição 300 (2019-05)

(Antfer) #1
1955

PARIS É TAMBÉM UM AVIÃO
Uma das mais antigas fábricas de aviões, a Aéroplanes Morane-
Saulnier voltou a fazer história nos anos 1950. Um dos seus modelos,
o Type L, tornou-se o primeiro caça da história, ao ser equipado
com uma metralhadora pelo piloto francês Roland Garros em 1914.
Quarenta anos depois, a empresa desenvolveu o curioso MS.760
Paris, um jato para quatro pessoas com jeitão de carro de passeio. Em
1955, numa parceria com a Beech Aircraft, o modelo foi oferecido nos
EUA como jato executivo – caindo nas graças de celebridades como
Frank Sinatra e o Xá Reza Pahlavi. Em 1966, a linha de aviões civis foi
transferida para a Socata (hoje parte do grupo Daher), fabricante dos
turbo-hélices executivos TBM, cuja versão mais recente é a 940. 12/06/1955
RECORDISTAABSOLUTO
Ao contrário do que parece, aaeronave
mais produzida em toda a históriada
aviação não é um avião de combate,
fabricado aos milhares durante as
guerras. O recorde de vendas repousa nas
mãos de um pacato aviãozinho civil que
voou pela primeira vez em junho de 1955
e chegou ao mercado no ano seguinte:
o Cessna 172 Skyhawk, monomotor
norte-americano de asa alta com quatro
assentos e trem de pouso fixo. Mais de
44 mil unidades já foram entregues, em
dezenas de variantes e versões especiais.
O Skyhawk se destaca pela facilidade
de pilotagem, confiabilidade mecânica
e baixo custo de operação. Com preço
na faixa dos 200 mil dólares (nos EUA),
segue até hoje em produção.

01/05/1955

FRIGORÍFICO VOADOR
Aos 28 anos de idade, Omar Fontana era piloto e apaixonado por
aviação. Mas seu pai era dono de um grande frigorífico em Santa
Catarina. Juntou sua paixão aos negócios: arrendou um DC-3 e
fundou a Sadia S/A Transportes Aéreos, inicialmente para fazer
o transporte de carne e embutidos para o frigorífico da família. A
empresa aérea cresceu, diversificou as atividades e, no início dos
anos 1970, transformou-se na Transbrasil S.A. Linhas Aéreas, que
fez sucesso com seus “ jatões” coloridos e operou até 2001.

10/12/1954


DOS


AEROMODELOS


AOS AVIÕES
Na Semana da Asa de
1941, um concurso de
aeromodelos planadores
do Aeroclube do Brasil foi
vencido pelo adolescente
José Carlos Neiva. Em
dezembro de 1954, o piloto
José Carlos associou-se
ao engenheiro Antônio
Azevedo para fundar a
Sociedade Construtora
Aeronáutica Neiva. Dois
anos depois, a fábrica da
Neiva em Botucatu (SP)
retomou a produção do
treinador CAP Paulistinha
(paralisada em 1947),
equipado com um motor
mais potente e rebatizado
P-56.


22/05/1953

A FAB
NA ERA
DO
JATO
Uma segunda geração de jatos de combate já
começava a surgir e a FAB seguia dependendo
dos obsoletos P-47 e P-40 a pistão dos tempos
da Segunda Guerra. A compra de novos aviões
esbarrava em vetos norte-americanos e na falta
de divisas. Em 1952, a Inglaterra aceitou trocar
70 jatos Gloster Meteor novos por 15 mil
toneladas de algodão dos estoques do Banco
do Brasil. Transportados de navio, os caças
foram montados na Fábrica do Galeão. Em 22
de maio de 1953, o primeiro deles – um TF-7
biplace de treinamento – voou nos céus do Rio
de Janeiro. Não era o avião dos sonhos dos
pilotos brasileiros, mas a FAB entrava enfim na
era do jato.

23/08/1954

O HERCULES
DEFINE UM PADRÃO
Até meados dos anos 1940, a aviação de
transporte militar dependia de versões
adaptadas de aviões comerciais. Com o final da
Segunda Guerra, começaram a surgir aeronaves
especialmente projetadas para essa tarefa,
como os Fairchild C-82 Packet e C-118 Boxcab,
o Blackburn B-101 Beverley britânico e o Nord
Noratlas francês. Mas o avião que definiu um
novo padrão para o transporte aéreo militar só
voou em agosto de 1954. Quadrimotor turbo-
hélice de asa alta, o Lockheed C-130 Hercules
opera em pistas curtas e não preparadas, carrega
até 30 toneladas de carga em compartimento
amplo e de fácil acesso e oferece longo alcance e
boa velocidade de cruzeiro. Com mais de 2.500
unidades entregues em 70 diferentes versões,
continua a ser fabricado, 63 anos após entrar em
serviço. Um recorde entre os aviões militares.

25/02/1955

POUSO
ENVIESADO
Quando velozes aviões a jato
começaram a decolar e pousar
em porta-aviões, surgiu um
grande problema: como impedir
um acidente caso uma aeronave
pousando não enganchasse nos
cabos de frenagem e houvesse
outros aparelhos mais à frente
no convés? A engenhosa
solução foi encontrada pelos
britânicos: posicionar a pista de
pouso com um ligeiro ângulo
em relação ao navio, deixando-a
livre para eventuais arremetidas.
Em fevereiro de 1955, a Marinha
Real comissionou o HMS Ark
Royal R-09, primeiro porta-
aviões a sair do estaleiro já com
o convés de pouso enviesado.

955

UTO


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