Adega - Edição 177 (2020-07)

(Antfer) #1

(^)
Liebfraumilch
Como um vinho cultuado se tornou pop
e sinônimo de vinho barato
M
uitas pessoas acham que vi-
nhos alemães são sempre
“sweet and cheap” – docinhos
e baratos, como eram (e ainda
podem ser) aqueles vendidos
com o nome Liebfraumilch no rótulo. Definiti-
vamente, não são, pois a Alemanha hoje, e desde
sempre, produz alguns dos grandes vinhos clássi-
cos do mundo. Infelizmente, o Liebfraumilch e
seus assemelhados criaram, em determinado pe-
ríodo, uma imagem pejorativa difícil de apagar.
Mas essa imagem já foi bem diferente, acredite.
A bela e antiga cidade de Worms fica próxi-
ma do rio Reno, no Rheinhessen. Esta é a maior
região produtora de vinhos alemães. Nessa ci-
dade, em 1276, começou a construção de uma
igreja, concluída em 1465, e dedicada a Nossa
Senhora – Liebfrau, em alemão. Daí seu nome:
Liebfrauenkirche, Igreja de Nossa Senhora. Um
monastério foi acrescentado e, como era costu-
me durante muitos séculos, os monges tinham
um vinhedo e produziam vinho. Monge, em ale-
mão antigo, era “Minch” (hoje seria “Mönch”).
Os peregrinos que passavam pelo local podiam
beber um vinho cuja fama era grande, e cujo
nome acabou sendo transmutado de “vinho do
Liebfrauminch” – dos monges de Nossa Senhora



  • para Liebfraumilch. Milch é leite, e não mon-
    ge, mas o nome agradou e pegou, como se fosse
    “o leite da Virgem Maria”. Alguns traduziram
    algo literalmente, e errado, para “leite da mulher
    amada”, de novo uma expressão agradável e co-
    mercialmente eficaz.

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