O
s aeroclubes brasileiros
poderiam ser consi-
derados patrimônio
nacional. Quem voa
sabe que eles são muito
mais do que entidades de utilidade
pública, como são classificados por
governos municipais. Não por acaso,
sofreram muito com as novas regras
de distanciamento. A essência de um
aeroclube é justamente o contrário
do que prega a restrição social. É a
convivência, o encontro de pessoas que
compartilham a paixão pelo aerodes-
porto. Mas seria possível manter essa
essência a distância?
A maior parte dos aeroclubes foi cria-
da no final da década de 1930 e início dos
anos 1940, época da campanha nacional
da aviação (CNA), também conhecida
como “Deem asas ao Brasil”, idealizada
pelo empresário e jornalista Assis Chate-
aubriand no governo de Getúlio Vargas.
Os aeroclubes foram, por muitas décadas,
os grandes formadores de pilotos para a
aviação brasileira, tanto comercial como
de negócio. Mas se tornaram também um
ponto de encontro, um local de convívio
entre os aerodesportistas e um palco para
os famosos bancos “seca pouso”: um
grupo que se reúne para conversar sobre
aviação e “secar” o pouso daqueles que
enveredam na atividade do voo.
O mesmo se aplica às inúmeras pe-
quenas pistas de pouso espalhadas pelo
interior do Brasil. Privadas ou públicas,
embora não levem a denominação de
“aeroclube”, também cultuam essa filo-
sofia. É nessa atmosfera que trocamos
experiência, desenvolvemos conversas
sem-fim sobre esta ou aquela aeronave,
indicamos oportunidades de trabalho
e vemos muitas carreiras de pilotos
profissionais começarem. É daí também
que muitos voos de final de semana são
combinados.
O convívio social em um ambien-
te tão fértil de assuntos aeronáuticos