Aero Magazine - Edição 314 (2020-07)

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A REALIDADE

A comunidade europeia tem

pressionado cada vez mais fabri-

cantes e operadores aeronáuticos

para reduzir as taxas de emissão

de agentes poluentes, especial-

mente monóxido de carbono e

partículas sólidas, geradas pela

queima de combustível fóssil.

Entre as medidas está a criação de

taxas ambientais, nada atraentes

do ponto de vista financeiro. Elas

representam um desafio para as

companhias aéreas que correm

para operar aeronaves cada vez

mais eficientes.

Apesar da pressão, as perspec-

tivas não são das mais promis-

soras. Mesmo com aviões novos,

como o Airbus A350 e o Boeing

787, que emitem quase 50%

menos gases poluentes do que

modelos dos anos 1970, como o

A300 e o 747-200, a frota global

ainda despeja na atmosfera terres-

tre milhões de toneladas de gases

tóxicos.

A evolução da eletrônica e da

computação criou condições para

o desenvolvimento de um motor

elétrico viável para a aviação. O

próprio Velis Electro dispõe de um

motor compacto que oferece boa

relação peso-potência, o E-811-

-265MVLC. Ainda assim, a perfor-

mance desse propulsor está muito

aquém do que seria necessário

para viabilizar a decolagem de um

avião de maior porte. Os motores

elétricos atuais não conseguem

gerar força suficiente para impul-

sionar um avião com mais de 300

lugares e toneladas de carga.

Uma das soluções atualmente

estudadas, inclusive pela Nasa,

prevê o uso de uma série de moto-

res, exatamente como ocorreu no

início da aviação, com aeronaves

com quatro, seis, oito e até 24

motores a pistão – ou mesmo na

era do jato, quando alguns aviões

empregavam oito motores, como

o famoso B-52. O avanço da tec-

nologia permite que um bimotor

como o 777-9 possa voar com o

empuxo de apenas um dos reato-

res. Hoje, a configuração bimotora

existe muito mais pela redundân-

cia do que pela falta de potência,

considerando que o GE90 supera

115 mil libras-força.

DESAFIOS

A aviação elétrica enfrenta um

grande desafio, a capacidade das

baterias. Hoje, a soma do peso

do conjunto de baterias dividido

pela energia armazenada torna

essa solução completamente

inviável. Espera-se que até o final

da década de 2020 um quilo de

bateria represente a mesma ener-

O X-57 Maxwell
é uma aeronave
desenvolvida pela
NASA para pesquisar
tecnologias de
propulsão elétrica