Aero Magazine - Edição 314 (2020-07)

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nos valores de até 10%. No futuro,
precisaremos de mais dados reais
das transações para realmente
discernir quanto e com que rapidez
os valores caíram, ainda que o
consenso geral seja de que alguma
depreciação está ocorrendo nos
valores, mas não tão ruim quanto as
de 2008.
Mas o que isso tem a ver com
o seguro de aeronaves? Bem, na
verdade, muito. Diferentemen-
te das apólices de automóveis,
que são baseadas no valor real
do bem e o valor pago em uma
indenização é ajustado conforme a
depreciação do veículo, as apólices
de seguro de aeronaves são pagas
com base no valor acordado. O
único ajuste seria para a franquia,
que é mínima. No entanto, consi-
derando o uso do valor acordado
como base para uma indenização,
há o risco de a aeronave estar
segurada com um preço além ou
aquém do que realmente vale. Aí
reside o risco de um mercado em
situação de mudança como a que
estamos passando.

SOBREVALORIZADO
OU SUBVALORIZADO
O maior perigo de se manter
um seguro sobrevalorizado de
aeronave é se o bem sofrer sérios

danos, mas não for completa-
mente destruído. Suponha que
seu avião tenha sido segurado há
três anos por um valor acordado
de 20 milhões de dólares, mas
hoje a aeronave vale apenas 15
milhões de dólares, porque o
mercado mudou. Imagine que
está com seguro sobrevalorizado
e sofre um incidente sério. Pode
ser um problema do hangar, uma
excursão na pista, um incêndio
na aeronave ou uma colisão no
solo. Você e o segurador vão pre-
cisar decidir se reparam ou não a
aeronave. Suponhamos também
que custará 10 milhões de dólares
para reparar sua aeronave - por-
tanto, o valor de recuperação será
de 5 milhões de dólares. Embora
as políticas variem um pouco,
a fórmula padrão usada pelos
seguros para declarar uma perda
total é a seguinte:
Custo para reparar + Valor residual
igual ou superior ao valor segurado
Nesse caso, o valor acordado
ainda é 20 milhões de dólares,
e não 15 milhões, que é o valor
atual da sua aeronave. Portan-
to, o segurador provavelmente
decidirá reparar sua aeronave em
vez de declarar uma perda total.
Eles preferem pagar 10 milhões
de dólares para consertar do que

declarar uma perda total e pagar
o valor acordado de 20 milhões
de dólares, se esse valor for de
apenas 15 milhões. No entanto,
se o reparo custar 12 milhões de
dólares, o seguro provavelmente
declarará perda total da aeronave.
“Qualquer reparo acima de 75%
do valor da aeronave é conside-
rado próximo a uma perda total”,
explica Alexandre Marroquim, da
Good Winds Corretora. Mesmo
assim, o máximo que você rece-
beria seria 15 milhões de dólares
e não a cobertura de 20 milhões
de dólares que você pensava ter (e
estava pagando).
Por outro lado, se durante um
período de valores em declínio
você reajustou seu valor acordado
para 15 milhões de dólares, traba-
lhando de modo proativo com seu
corretor de seguros, então, nessa
situação, o seguro pagaria a você
15 milhões de dólares completos
para que você pudesse comprar
outra aeronave.
Se, em vez disso, sua aeronave
tiver de ser reparada, você enfren-
tará muitos meses de inatividade
e ficará sem transporte durante
esse período. Durante o reparo,
outros danos não documentados
ou corrosões não relacionadas
podem ser descobertos e você
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