Micro
- EXAME. AGOSTO 2020
E
m conversa com a EXA-
ME, Pedro Baltazar faz
uma análise ao futuro
dos média em Portugal,
explica a transição para
o digital e mantém-se otimista quanto ao
investimento publicitário apesar da pande-
mia. Falou ainda do seu envolvimento no
negócio da TVI e da longa guerra com a ad-
ministração da Inapa, empresa na qual tem
uma participação de 7 por cento. Vai ainda
assumir a presidência da boutique finan-
ceira ASK, para dinamizar e captar fundos
para investir em empresas nacionais. E não
se falou do Sporting, a cuja presidência já foi
candidato, um capítulo que está encerrado.
Está a fazer uma grande aposta no di-
gital, apesar da grande fatia do investi-
mento publicitário ainda estar concen-
trada nos meios mais tradicionais, como
a televisão?
Hoje já não é uma questão da média ser
offline ou online. A televisão continua a
ter uma grande parte do investimento pu-
blicitário, mas o digital está a crescer e a
oferta em Portugal está mais desenvolvi-
da. Os grandes clientes começam a pe-
dir o que nós chamamos de tecnologia de
média. Isto é, a procura da sua audiência
é feita em várias plataformas e dos mais
variados modos. E precisam de um aglu-
tinador para fazer face a todo este novo
mundo. E as agências de meios são os par-
ceiros ideais para responder a essas novas
necessidades.Mas, em Portugal, as televisões genera-
listas são os meios que mais captam pu-
blicidade?
É um fenómeno que acontece ainda mui-
to em Portugal e Espanha, mas que já é
inferior nos outros mercados europeus.
Nesses, houve uma mudança muito forte
para o cabo. O outdoor também teve uma
boa quota de mercado, no ano passado.Outro meio que não é digital...
Mas tem a vantagem de ser o único que
comunica com os residentes e os turistas.
E foi muito importante nos últimos anos
em Portugal.Quer isso dizer que poderá ser o mais
afetado pela pandemia?
Havendo menos pessoas na rua, o outdoor
deixa de ter a mesma importância.Apesar de liderar a captação de investi-
mento, há cada vez menos gente a ver
televisão generalista?
Tem caído ao longo do tempo, mas não de
forma tão abrupta como noutros meios.
Há um ponto que é sempre discutível que
é o estudo de audiências. Há um grande
debate no setor para saber se o painel que
dá os dados para as agências de meios es-
tará ou não atualizado.PEDRO BALTAZAR/Presidente da Nova Expressão
O mercado
publicitário deverá
cair 15%, este ano
O fundador da agência de meios Nova Expressão está a fazer
uma forte aposta na digitalização da empresa para se adaptar aos
novos hábitos de consumo nos média. O empresário é o rosto
mais conhecido da oposição à gestão na Inapa e admite ter sido
consultor numa das tentativas de compra da TVI
Texto Paulo M. Santos Fotos Diana Tinoco