Exame - Portugal - Edição 436 (2020-07)

(Antfer) #1

Micro



  1. EXAME. AGOSTO 2020


empresa após a saída recente de Manuel
Falcão?
O Filipe Teotónio Pereira trabalha connos-
co há cerca de 16 anos. Entrou numa outra
fase de crescimento da empresa. Foi parte
integrante de um novo ciclo e, sendo um
homem já com um pensamento digital,
soube desenvolver as equipas para esta
mudança gradual para o digital.


A pandemia veio alterar a forma como
distribuem a publicidade pelas várias
plataformas?
Sim, houve um maior crescimento do di-
gital. Mas não foi exponencial. As televi-
sões continuam a ter um grande peso, os
outdoors tiveram uma redução e o papel
continua o seu calvário, embora alguns
grupos, mais ágeis, tenham compensado
esta perda com o aumento das receitas no
digital. Mas ainda há muito para fazer.


O problema é que as receitas do online,
por vezes, são insuficientes para pagar os
custos que os órgãos têm com o digital?
Mas é um caminho sem retorno. Eu sou
um grande adepto da Imprensa. Traba-
lhei nela e continuo a gostar de mexer e
de ler no papel. Vai haver cada vez mais
especialização no papel e quem tiver pu-
blicações tradicionais tem de as interligar
bem com o digital.


Estando os órgãos de comunicação so-
cial muito dependentes do investimento
publicitário, esta mudança para novos
meios irá criar ainda mais dificuldades
para jornais, revistas e televisões?
Eu costumo dizer que todas as empresas
têm de se adaptar ao mercado. Vimos al-
guns grupos de média a crescer ou a se-
rem lançados com objetivos que não eram
puramente económicos. Não é uma crí-
tica. Mas alguns estiveram relacionados
com projetos de investimento estrangeiro
em Portugal. Mas, a partir de determinado
ponto, toda a gente se esquece da génese
da criação destes grupos. E muitos não es-
tão preparados, nem estão a acompanhar
esta mudança.


A publicidade pode cair ainda mais de-
vido à pandemia?
Vai haver uma queda no investimento,
mas não estou tão pessimista. O mercado


teve dois bons anos anteriores com cres-
cimentos entre 3% e 4 por cento. Acho
que o investimento total de publicidade
em Portugal poderá cair cerca de 15% no
final do ano.

Em abril e maio as quedas foram supe-
riores a isso?
Mas junho já foi razoável. Acho que 15%
é um número razoável. A publicidade é
um pouco como os mercados acionistas.
Tem de antecipar o que aí vem. As marcas
estão neste momento a fazer uma adap-
tação prudente ao seu investimento pu-
blicitário face ao que possa acontecer em


  1. As marcas não podem morrer. Têm
    de manter a comunicação com os clien-
    tes. A publicidade vai continuar nos se-
    tores de grande consumo. Onde poderá
    haver uma grande diferença é nas indús-
    trias mais afetadas, como o turismo e as
    viagens.


Por falar em turismo, esse sempre foi um
dos vossos setores mais fortes nos últi-
mos anos?

Vai haver
cada vez mais
especialização
no papel e quem
tiver publicações
tradicionais tem
de as interligar
bem com o digital”

Temos um histórico muito grande no tu-
rismo do qual muito nos orgulhamos, pois
acho que contribuímos para o efeito que
este setor teve na economia e no País nos
últimos anos. Fizemos a revolução para o
digital com o Turismo dos Açores, quan-
do ganhámos um concurso internacional.
Esse projeto acabou por ser um exemplo
para as campanhas que se fizeram uns
anos mais tarde para promover Portugal
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