Exame - Portugal - Edição 436 (2020-07)

(Antfer) #1
AGOSTO 2020. EXAME. 39

no estrangeiro. Tivemos outros contratos
com regiões de turismo. O último, que
acabou agora em junho, foi com a Ma-
deira.


Baixaram as previsões de faturação de-
vido à Covid-19?
Tínhamos uma primeira previsão otimis-
ta, com base na faturação do ano passa-
do e dos novos projetos que estavam a ser
preparados para este ano. Com base no
que se passou nos primeiros meses e com
os projetos que temos agora em mãos, al-
terámos as previsões da faturação da Nova
Expressão de 24,1 para 20 milhões e da
Power Media [um agrupamento de agên-
cias que inclui a Nova Expressão] de 100
para 85 milhões de euros.


Esteve envolvido na operação de compra
da TVI...
Antes de continuar deixe-me ser claro
nesse assunto. Na Nova Expressão sem-
pre cultivámos um bom relacionamento
com todos os grupos de média. Começou
como uma relação meramente comer-


cial e, ao longo do tempo, foi-se tornan-
do mais complexa com toda a estrutura,
desde as administrações aos acionistas.
Quando há interessados nos média que
estão fora desta indústria, acabam por
bater à porta de quem acham que tem
algum conhecimento do setor. E foi isso
que aconteceu. Um dos grupos que já fa-
lavam há algum tempo na aquisição da
TVI a uma determinada altura pediu-me
se eu podia funcionar como um consultor
para a operação.

Mas envolveu-se mais do que como um
mero consultor.
Esse envolvimento veio depois. Nós acha-
mos que as agências de meios têm atual-
mente um papel mais importante do que
ser apenas um representante dos clientes
ou intermediário entre o anunciante e o
grupo de média. A minha forma de estar
é mais envolvente.

A entrada de Mário Ferreira na TVI dá
por encerrado o negócio para o grupo
Nova Expressão?
No meu ponto de vista, o processo ainda
está muito complicado. Um dos conselhos
que dei foi alertá-los que eles não estão
a comprar uma empresa como qualquer
outra. Não é uma operação meramente
económica. Os média passam por regras
de ética muito vincadas quanto à infor-
mação. E, por vezes, o problema é que es-
tes interessados não trazem consigo pes-
soas já conhecedoras do meio, quer do
ponto de vista jornalístico, quer da ges-
tão de um setor muito particular.

No caso da Cofina isso não acontecia?
Sim, esse era setor com setor e, teorica-
mente, seria mais fácil essa integração.
Mas as propostas atuais não. São opera-
ções que vêm de fora da indústria que
vão ter sérias dificuldades se não atraí-
rem pessoas ligadas ao meio para a estru-
tura acionista.

Vai apresentar uma lista para liderar a
ASK (uma boutique financeira com li-
cenças para operar em Portugal, Brasil
e Angola)?
Apresentámos uma lista para a assembleia
geral, que irá nomear os novos corpos ge-
rentes, que se realiza no final deste mês.

Qual o seu objetivo para avançar com
esta candidatura?
Tenho um plano agressivo para desenvol-
ver as potencialidades da ASK que passa
por exponenciar os fundos existentes e
canalizar esse dinheiro para projetos por-
tugueses, nomeadamente do setor agríco-
la e do imobiliário. Quero ainda que haja
um maior envolvimento das pessoas, por-
que há acionistas muito importantes que
têm estado divorciados da ASK.

Tem sido muito crítico da gestão da Ina-
pa, empresa onde a Nova Expressão tem
atualmente uma participação de 7 por
cento?
Os resultados deste presidente, que eu
critico formalmente e ferozmente, são
estes: prejudicou de forma voluntária o
acionista Nova Expressão. Fomos dela-
pidados em 25% do valor acionista que
tínhamos. Já recorremos da decisão em
tribunal. A decisão teve como objetivo de-
fender o interesse dos credores e foi feita
com pareceres de advogados que, depois
viemos a saber, têm ligações a estes ban-
cos credores.

Mas as suas críticas são à gestão da em-
presa?
Na realidade, desde que este presidente
entrou, a única coisa que tem feito são
operações de cosmética. Comprando ou-
tras empresas para aumentar a faturação
gerando resultados líquidos negativos, em
vez de desenvolver a área de packing, que
está em crescimento em todo o mundo
devido ao comércio digital.

Vai continuar essa luta que já vem de
trás?
Este é o meu desafio. O presidente tem
uma capacidade muito redutora de alterar
o rumo da empresa. Com esta administra-
ção não vamos lá.

Qual a solução?
A Parpública tem de assumir o seu papel
e as suas responsabilidades de acionista
maioritário. Ou então retira-se e vende a
sua posição. A empresa é boa, tem uma lo-
gística muito afinada e está presente em
seis países. E é uma perda para o setor do
papel em Portugal, porque se está a dela-
pidar uma empresa forte na distribuição.
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