Clipping Banco Central (2020-07-31)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Valor Econômico/Nacional - Eu & Fim de Semana
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Banco Central - Perfil 1 - FMI

os efeitos da pandemia, o governo japonês
reservou cerca de US$ 2,2 bilhões para
subsidiar empresas japonesas dispostas a
reorganizar suas cadeias produtivas, não
necessariamente instalando fábricas no próprio
Japão. A primeira companhia a demonstrar
interesse, sintomaticamente, foi uma fabricante
de máscaras de proteção: a Iris Ohyama
anunciou em abril que produziria o
equipamento no próprio país.


Graças à sua mão de obra mais barata, o
Vietnã colheu benefícios das iniciativas de
reorganização das cadeias, que vêm sendo
chamadas de “China mais um” ou “China mais
dois”. Fornecedores das gigantes americanas
Apple e Google transferiram parte da produção
para o país. Tailândia, Malásia e Índia também
aproveitaram a ocasião para oferecer
vantagens a multinacionais que quisessem se
instalar em seus territórios. “Esse movimento
ainda é pequeno e concentrado em produtos
de menor valor agregado. É difícil encontrar um
país com mercado tão vasto e mão de obra tão
qualificada como a China, sem sindicatos
combativos ou regras rigorosas”, diz Santoro.


Apesar da resposta demorada das autoridades
chinesas e seus esforços iniciais para abafar as
notícias sobre o surgimento de um novo vírus
mortal, o impacto sobre sua influência e poder
geopolítico será pequeno, estima o filósofo
americano Francis Fukuyama, em artigo
publicado na revista “Foreign Policy”.
Discordando de Rudd, Fukuyama aponta que
outros países também subestimaram a força do
novo coronavírus, com consequências ainda
mais devastadoras do que em Wuhan, tanto na
saúde quanto na economia. Os chineses, pelo
menos, mudaram rapidamente de política,
conseguindo manter a contagem de mortos
pela covid-19 relativamente baixa.


Fukuyama aponta que os chineses batem


frequentemente na tecla da comparação de sua
própria resposta com a dos EUA, onde o
presidente Trump tentou evitar o fechamento
de cidades, provocou conflitos com adversários
políticos, deu palpites mal-informados sobre a
área de saúde e interferiu em vendas
internacionais de equipamentos médicos.

Como resultado, enquanto Nova York vivia um
surto grave de covid-19, o presidente perdeu
popularidade, e seu país viu o prestígio
internacional abalado. Hoje, com novos surtos
em áreas onde o partido Republicano, de
Trump, costuma ser forte, a situação do
presidente se agrava. Pesquisa atrás de
pesquisa aponta grande vantagem de seu
adversário, o democrata Joe Biden, nas
eleições de novembro.

Os chineses também se beneficiam do fato de
que o eixo político do mundo acompanha o eixo
econômico, que se desloca para a Ásia,
aconteça o que acontecer com o prestígio do
“Império do Meio”. O projeto do “pivô para o
Pacífico” na política externa americana,
anunciado por Barack Obama em 2011,
expressa a constatação desse deslocamento,
em contraste com o projeto da década de 1990,
sob Bill Clinton e George Bush, que consistia
em aumentar o espaço dos chineses nos
organismos globais centrados no Ocidente. A

pesar da retórica de Trump e da retirada
americana da Parceria Transpacífica (TPP), o
“pivô para o Pacífico” permanece como
estratégia de Estado nos EUA, lembra Santoro.
“Nas eleições deste ano, o republicano Trump
e o democrata Biden vão disputar quem
consegue ser mais agressivo com a China”,
diz. “Provavelmente a única política realmente
bipartidária de Trump seja sua confrontação
com os chineses, apoiada até mesmo por
editoriais da imprensa liberal.”
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