Clipping Banco Central (2020-07-31)

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Banco Central do Brasil


Valor Econômico/Nacional - Política
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Enxugando gelo


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Autor: César Felício

O linchamento virtual praticado nos últimos dias
pelos militantes bolsonaristas contra a estrela da
internet Felipe Neto — segundo maior ‘youtuber
’ do Brasil, com 39 milhões de seguidores,
quase a população da Argentina — mostra que
a roda da guerra digital não parou de girar. Não
está sendo detida pela pressão da classe
política, que providenciou um pacote com
projeto de lei sobre “fake news”, CPI sobre o
tema e inquérito no Supremo Tribunal Federal,
nem pela própria autorregulação das empresas.

Um fenômeno nas redes com suas frivolidades
para adolescentes, Felipe Neto aventurou-se há
algum tempo no ativismo político, contra o

conservadorismo de modo geral. Um ponto
culminante deu-se ontem, com o debate
promovido pelo site “Jota” entre a celebridade e
o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís
Roberto Barroso. A ofensiva de Neto começou
em meados do mês, ao gravar, em inglês, um
vídeo para o “The New York Ti m e s ” em que
diz que Bolsonaro não só é pior do que Trump
como está abaixo de todos os outros
governantes da terra.

O troco, como costuma acontecer, veio com uso
desproporcional da força. Apenas na manhã do
dia 27, segundo o comunicador, 416 vídeos
foram subidos no Facebook e Instagram
associando-o à pedofilia. Houve quem fosse
mais sofisticado e postasse um tutorial sobre
como desmonetizar os vídeos do youtuber.
Houve quem fosse mais tosco e ensinasse
rituais de magia negra para prejudicá-lo.

O fato é que a polêmica sobre Felipe Neto
parece apenas um sinal na superfície com
raízes muito mais profundas. “A atenção está
voltada para redes mais fáceis de monitorar,
como YouTube e Twitter, mas de longe o
problema maior que existe no Brasil é o
WhatsApp”, comentou Pablo Ortellado,
professor de gestão pública na USP, campus da
Zona Leste. “As ações tomadas até o momento
não têm força para barrar esta máquina”.

O WhatsApp, segundo pesquisa encomendada
pelo Senado em novembro de 2019, citada no
livro “A máquina do ódio”, da jornalista Patrícia
Campos Mello, é a fonte de informação mais
importante para 79% dos pesquisados. De
acordo com outro levantamento do ano passado
também mencionado na obra, feito pela Idea Big
Data em maio, 52% das pessoas confiam em
mensagens noticiosas enviadas por familiares.
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