Clipping Banco Central (2020-07-31)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia & Negócios
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

não tenham incentivo para deixar a plataforma.
O Snap foi esmagado assim. O Insta,
comprado sob esta ameaça.


Não é liberdade de mercado. É abuso de poder
para impedir que exista um mercado
competitivo. E, de fato, é um mercado com um
concorrente só - o Twitter, que mal se equilibra
das pernas.


Se Joe Biden for eleito presidente,
possivelmente o Departamento de Justiça
abrirá um processo antitruste contra pelo
menos uma destas empresas. A julgar pela
sede dos deputados, ontem, o Facebook é o
primeiro da mira. Mas sede de político é
diferente do raciocínio de procuradores. Quem
decidirá que processo abrir o fará seguindo
outro critério: o caso mais fácil de ganhar, por
conta do volume de provas. Então é preciso
esperar para ver o que ocorrerá.


A equipe do WhatsApp se queixou de minha
coluna da semana passada. Cometi um erro:
afirmei que os arquivos distribuídos pelo zap
não eram encriptados. Eles são, sim. Também
são armazenados em servidores. E seria
possível, tecnicamente, fazer o que o Artigo 10
da Lei das Fake News propõe: mapear todos
os encaminhamentos para, caso um procurador
queira requisitar em juízo, possa chegar a
quem pôs inicialmente uma notícia falsa para
circular. A equipe do Zap, assim como
muitagente na sociedade civil, se assusta com
esta possibilidade. Seria uma empresa privada


coletando dados em massa a respeito das
comunicações de três quartos de nós
brasileiros.

A preocupação é justa. A proposta da empresa
é fazer aquilo que telefônicas fazem: o
procurador pede ao Zap que acompanhe as
comunicações de um número telefônico
suspeito, e os engenheiros fazem. Mapeiam
apenas aquelas relações. Pode ser que
funcione, sim. Esta não é uma conversa fácil
pois parte de desconfiança. O WhatsApp se
recusa a reconhecer que é uma ferramenta de
broadcast, em muitos momentos se recolhe e
atua com pouca transparência. E é uma
empresa com poder demais - uma empresa
monopolista que, no momento, mesmo sem
intenção, torna viáveis ataques ao coração de
democracias.

"Empresas, quando crescem demais, sufocam
a possibilidade de inovar"

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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