Clipping Banco Central (2020-07-31)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


O Estado de S. Paulo/Nacional - Política
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

ELIANE CANTANHÊDE Duas caixas


de segredos


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Aguerra contra a Lava Jato não é só da
Procuradoria Geral da República nem é só
contra a força-tarefa de Curitiba. O procurador-
geral Augusto Aras é o líder ostensivo e porta-
voz, mas o ataque à maior operação de
combate à corrupção do mundo vai muito além
dele, incluindo Congresso e parte de Supremo,
OAB, Conselho Nacional do Ministério Público
(CNMP) e da própria mídia. É um movimento
combinado e visa Curitiba, São Paulo e Rio.

Ninguém questiona a fala de Aras sobre
"correção de rumos" e "garantias individuais",
mas é preciso ficar claro se, por trás, não está
em curso o desmanche da Lava Jato, punir e
demonizar seus expoentes, impactar processos

em andamento e até anular condenações já em
execução. Ou seja, se a intenção é acabar com
"excessos", "hipertrofia", investigações
indevidas, dribles em leis e regras - que podem
efetivamente ter ocorrido -, ou desfazer tudo e
demolir, por exemplo, o ex-juiz Sérgio Moro e o
procurador Deltan Dallagnol.

Enquanto Aras ataca a Lava Jato por atacado,
seus aliados agem no varejo contra Moro e
Dallagnol. No Supremo, Dias Toffoli propõe que
magistrados só disputem eleições após
quarentena de oito anos. Na Câmara, Rodrigo
Maia acata a ideia - e já para 2022. É para
cortar uma candidatura Moro pela raiz? Do PT
ao Centrão, passando por MDB e PSDB,
levante o dedo quem apoia Moro e Lava Jato no
Congresso! Simultaneamente, entra em ação o
CNMP. O conselheiro Marcelo Weitzel
determinou intervenção na distribuição de
processos no MP Federal de São Paulo,
visando os que têm o carimbo da Lava Jato.
Outro, Luiz Fernando Bandeira, pretende retirar
Dallagnol da força-tarefa de Curitiba, por ter
sugerido um fundo lavajatista com bilhões de
reais recuperados do petrolão. Além disso,
Dallagnol também foi pivô das mensagens
hackeadas entre procuradores e Moro.

Esses movimentos contra a Lava Jato vêm num
crescendo. O marco foi a ida da
subprocuradora-geral Lindora Araujo a Curitiba
para requisitar todo o arquivo e rastrear os
equipamentos da força tarefa. Em seguida, o
vice-procurador Humberto Jacques criticou o
modelo da operação como "desagregador",
"disruptivo" e "incompatível com o MPF".
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