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Folha de S. Paulo/Nacional - Poder
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas
MPF tem de se submeter à
democracia
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Autor: Reinaldo Azevedo
Nada é mais importante no país do que resgatar
o devido processo legal
Nada é mais importante no país do que resgatar
o devido processo legal, soterrado pelo
imoralismo lavajatista, que destruiu princípios,
valores e procedimentos sob o pretexto de
combater o malfeito. Assim, a criação da Unac
(Unidade Nacional de Combate à Corrupção e
ao Crime Organizado) é uma prioridade.
Depois será preciso mudar as leis 12.846 (de
leniência) e 12.850 (das delações) para que o
país deixe de ser governado por agentes do
Estado convertidos em achacadores de
chantageados convertidos em delatores. O
terceiro passo é desmilitarizar a política. Há uma
"trilha clara para o meu país, apesar da dor"
(Caetano).
A Unac tem de ser criada pelo MPF não para
que se erija um ente estatal opaco, constituído
por superprocuradores que se imponham ao
arrepio da lei, munidos de espírito punitivo-
salvacionista, empenhados em driblar a
Constituição e os códigos e, por consequência,
esbulhando direitos, impondo penas
extrajudiciais, substituindo o escrito por
arbitrariedades ditadas por solipsismos de
justiceiros ensandecidos.
Eis a Lava Jato, cujo ilegalismo devorador de
instituições remonta já a 2014, ano de sua
criação, como comecei a apontar, então, neste
espaço. Minha crítica não é ideológica nem
nova. Insisto nela por obcecação? Talvez sim,
mas não por obsessão. Sou obcecado pela ideia
de que o direito sem a forma é mero valor que
degenera em arbítrio.
Vejo com assombro vicejar até no STF certo
consequencialismo inconsequente, disposto a