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Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Hélio Schwartsman - Bolsonaro tem


chance de se reeleger?


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Autor: Hélio Schwartsman

São Paulo - Um dos problemas com a
democracia é que ela favorece demais
candidatos que já ocupam o cargo. A taxa de
reeleição numa base de quase 3.000 pleitos
realizados em diversas partes do mundo ao
longo dos últimos dois séculos e meio é da
ordem de 80%. Isso significa que nunca se deve
desprezar um postulante à reeleição, por mais
fraco que ele possa parecer.

Pesquisa recente do Instituto Paraná, que
coloca o presidente como favorito à sua própria

sucessão, animou as hostes bolsonaristas. Não
tenho nenhuma razão para contestar os
números do levantamento. Acredito mesmo que,
se a eleição fosse hoje, Bolsonaro concorreria
com grandes chances. Mas a eleição não é
hoje. Será em 2022.

Dois anos em tempos de pandemia são uma
eternidade. Nos cinco meses em que o Sars-
CoV-2 circula entrenós, já vimos Bolsonaro
renegar a bandeira anticorrupção e aliar-se ao
centrão. Se há, porém, um fator razoavelmente
consistente no que diz respeito a efeitos
eleitorais, é a economia, que não vai ajudar o
presidente.

Ninguém ainda sabe qual o tamanho do
desastre que a pandemia vai provocar, mas é
certo que estará entre os piores da história - e
não será passageiro. Só por milagre
assistiremos a uma recuperação tão intensa que
possa servir de cabo eleitoral para o presidente
em 2022.

De olho nas urnas, Bolsonaro dá sinais de que
vai criar a sua versão do Bolsa Família, que ele
tão duramente criticava quando o beneficiário
eleitoral do programa era o PT. Em condições
normais, podería funcionar. Mas o Brasil tem
hoje pouco espaço nas contas públicas. Se o
presidente fizer alguma loucura, a inflação, que
é eleitoralmente corrosiva, reaparece.
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