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Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Claudia Costin - Perdas civilizatórias


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Autor: Claudia Costin

Claudia Costin

Diretora do Centro de Excelência e Inovação em
Políticas Educacionais, da FGV. Escreve às
sextas

As redes sociais parecem ter liberado vozes que
não encontravam canal de expressão em outras
circunstâncias. Clamores contra limitações
impostas por avanços civilizatórios aparecem

em diferentes formatos, denunciando o quanto
seria desagradável seguir um roteiro
politicamente correto, não poder ofender
minorias ou fazer chacota com os "menos
iguais".

Foi difícil, ao longo da nossa história, construir
visões menos excludentes e fazê-las avançar na
sociedade. Apesar de ainda existir uma
discriminação velada - e, em alguns países, um
pouco ostensiva - dificilmente um governo se
gabava, a partir do final do século 20, de ser
abertamente racista, negar fatos históricos
registrados e adotar um discurso de supremacia
do seu povo ou grupo étnico.

Mas o advento de um processo acelerado de
automação, que inclui a inteligência artificial,
passou a destruir postos de trabalho, até alguns
que demandam competências intelectuais.
Comisso, a desigualdade social passou a
crescer e, com ela, o descontentamento com
uma ordem mundial que, ao conectar países,
quebrou elos de pertencimento dos que se
sentiam antes incluídos, levando-os a uma
frenética busca de bodes expiatórios.

Paradoxalmente, a entrada, há poucos anos, de
novos atores, numa sociedade que já foi mais
restrita, também contribuiu para certo mal-estar.
Quando o clube dos que detêm privilégios
admite desiguais, há os que se sintam invadidos
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