Clipping Banco Central (2020-07-31)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Correio Braziliense/Nacional - Política
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Vara Federal de Curitiba, que condenou o ex-
presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do
triplex de Guarujá: qualquer nova lei sobre
inelegibilidade para magistrados e
procuradores não pode ter efeito retroativo.
Mas existe, sim, um clima no Congresso para
aprovação de uma lei que tire das eleições de
2022 magistrados e procuradores da Lava-Jato
que vierem a deixar a carreira para mergulhar
de cabeça na luta política eleitoral.


Assim como o "partido fardado" que emergiu
das eleições de 2018 na garupa do presidente
Jair Bolsonaro, até agora, nada impede que
surja um partido togado, "lavajatista", na
expressão de Augusto Aras, para disputar as
eleições de 2022. Seria o caminho natural a
tomar por parte dos procuradores da Lava-Jato,
se forem desmobilizados e marginalizados pelo
procurador-geral da República. A Lava-Jato,
mesmo que venha a ser desmantelada pela
Procuradoria-Geral e o Supremo, continuará
sendo um divisor de águas na política
brasileira, pelo menos para as atuais gerações.
É muito difícil tomar a bandeira da ética das
mãos de seus protagonistas, procuradores e
juízes que promoveram o maior expurgo de
políticos enrolados em escândalos de
corrupção da vida nacional da nossa história.


Colaterais


O presidente Jair Bolsonaro foi eleito num
tsunami eleitoral, na qual a Lava-Jato foi o fator
decisivo. Entretanto, o presidente da República
tomou outro rumo na condução de seu
governo, desde o rompimento com Moro.
Embora não se tenha registro de nenhum
grande escândalo de corrupção na
administração federal, a bandeira da ética se
perdeu com o rompimento com Moro e,


sobretudo, por causa do caso Fabrício Queiroz,
amigo do presidente da República e ex-
assessor do seu filho mais velho, senador
Flávio Bolsonaro (Progressistas-RJ),
investigado no escândalo das rachadinhas da
Assembleia Legislativa fluminense. Consciente
da situação, Bolsonaro já opera uma mudança
de eixo eleitoral, agora estribado na força do
poder central e nas políticas de transferência
de renda, como ficou evidente, ontem, na
viagem ao Piauí, na companhia do senador
Ciro Nogueira (PI), presidente do Progressistas
e um dos caciques do Centrão. Por sinal, um
político denunciado pela Lava-Jato.

Um bom termômetro da força de inércia da
questão ética na campanha eleitoral teremos
nas eleições de São Paulo, sobretudo na
disputa pela prefeitura da capital. Embora não
esteja envolvido em nenhum escândalo, o
prefeito Bruno Covas, que vem liderando as
pesquisas, começa a ter que pôr no seu
planejamento para gestão de crises os efeitos
da Lava-Jato na disputa da Prefeitura de São
Paulo, em razão das denúncias contra o
senador José Serra (PSDB-SP) e o ex-
governador Geraldo Alckmin (PSDB),
fundadores e principais líderes da legenda no
estado. Alvo de operações recentes, os dois
estão sendo investigados por lavagem de
dinheiro e uso de caixa dois eleitoral, o que tem
um efeito deletério para a candidatura à
reeleição do prefeito paulistano.

Extrapolando as eleições municipais -- o que as
urnas podem confirmar ou não --, é muito
provável que o desgaste sofrido pelo PSDB,
por causa desses escândalos, venha a criar
dificuldades para o governador de São Paulo,
João Doria (PSDB), viabilizar sua candidatura a
presidente da República. Conspiram contra
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