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Valor Econômico/Nacional - Opinião
sexta-feira, 31 de julho de 2020
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A economia perturbada do Líbano


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Autor: Ishac Diwan

País vive crise tripla: Estado e bancos falidos,
falta de crédito e déficit externo

A economia do Líbano entrou em colapso. Há
uma pequena confusão sobre o porquê ou o que
é necessário para salvá-la. A questão é porque
é que nada foi feito.

Nas últimas duas décadas, o Líbano vivia de
entradas de capital, com uma média de 20% do
PIB por ano. Graças às altas taxas de juro, os
depósitos — em grande parte denominados em
dólares americanos — aumentaram para cerca
de 400% do PIB do Líbano, com grande parte
do dinheiro sendo emprestado ao Estado para

financiar grandes déficits fiscais. Em julho
passado, o déficit da balança de transações
correntes ultrapassava 25% do PIB e a dívida
pública excedia 150% do PIB. Os títulos do
governo e os depósitos no banco central
representavam 14% e 55% dos ativos
bancários, respectivamente, por uma exposição
soberana total de quase 70% dos ativos.
Enquanto isso, o crescimento do PIB tem estado
próximo do zero desde 2011.

O castelo de cartas desmoronou no final do ano
passado, quando um onda de saques levou a
uma corrida aos depósitos, seguida por uma
parada repentina de entrada de capital. No início
deste ano, o Líbano estava mergulhado numa
crise tripla: o Estado e os bancos estavam
falidos, sem liquidez e sem empréstimos, e o
país sofria de um déficit externo.

Em março, o governo anunciou que não poderia
pagar a dívida. Na esperança de evitar um
descumprimento soberano, trabalhou com
especialistas internacionais para desenvolver
um plano de reforma econômica que
enfrentasse as fraquezas da economia: reduzir
a dívida pública, diminuir o déficit orçamental e
desvalorizar a libra libanesa. Também foi
planejada uma reestruturação no setor bancário
— com parcela significativa das perdas (cerca
de US$ 90 bilhões) aos bancos.

Até agora, nenhum passo foi dado para
implementar qualquer reforma. O governo do
Líbano solicitou cerca de US$ 10 bilhões ao
Fundo Monetário Internacional, mas as
negociações não chegaram a parte alguma.
Enquanto isso, as autoridades nem sequer
impuseram controles de capital.

Houve progressos em relação à redução do
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