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O Globo/Nacional - Opinião
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

NELSON MOTTA - O mestre e o


gafanhoto


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Autor: MERVAL PEREIRA

Há muito tempo não chorava tanto.

Meu primeiro amigo perdido para a Covid-19,
aos 45 anos. Amado pelo público esportivo,
Rodrigo Rodrigues, com esse nome divertido
que era sua cara e seu temperamento, foi muito
mais do que um apresentador do SporTV, o
mais original, simpático e carismático, sempre
engraçado e inteligente. Seus colegas o
adoravam. O comovente programa de
homenagem da Sport TV teve colegas de Fox,
ESPN, Esporte Interativo, UOL, de todas as

concorrentes, unidas na dor da perda e na
celebração de um ser humano exemplar. A
capacidade de agregação era uma de suas
grandes qualidades, ainda mais em tempos de
ódio.

RR também era músico, guitarrista da sua
banda, The Soundtrackers; o amor à música
também nos aproximava. Não há notícias de
quem tenha conhecido Rodrigo e não gostasse
dele, era o clássico gordinho simpático que
encantava à primeira vista. Ma nonsolo.
Escreveu uma ótima biografia da Blitz e dois
guias preciosos de Paris e de Londres.

Conhecí Rodrigo com 20 anos, ainda estudante
de Comunicação na Estácio, quando fui
entrevistado por ele e uma colega para a TV
Universitária. Gostei muito dele e começamos a
trocar mensagens, ele passou a me chamar de
mestre e se intitulou meu gafanhoto, como o
discípulo do mestre de kung fu. E me tratava
com o perfeito equilíbrio entre o respeito e a
irreverência. Um dia, do nada, me mandou de
São Paulo um lindo quadro pop de Tim Maia,
que até hoje alegra minha sala.

Fez uma carreira única nos canais esportivos,
porque sabia muito do mundo da bola, mas fazia
comentários divertidos, na medida certa, com
leveza. Era respeitado e amado pelo público.
Mas, quando foi chamado pelo SporTV,
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