Clipping Banco Central (2020-07-31)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


O Globo/Nacional - Economia
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

quer modernamente que é saber quanto de
tributo há em cada mercadoria ou serviço.


Há outros efeitos colaterais. A CPMF incide
sobre impostos já pagos, ou seja, promove
bitributação. Também leva à perda de
competitividade na economia ao estimular a
verticalização. Empresas passam a incorporar
todas as etapas do processo produtivo
internamente, para fugir do imposto pago pelo
serviço de terceiros. A informalidade cresce, e
o spread bancário pode ficar maior, provocando
aumento das taxas de juros.


A vantagem para o cobrador de impostos é que
ela arrecada muito. Fica tentador. Da outra vez,
o provisório foi ficando permanentemente na
economia até ser derrubado dez anos depois
pelo Congresso, em 2007. Se a ideia é repetir a
história, que aproposta - como disse o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia - seja
apresentada integralmente. Assim, acabarão as
suposições, as meias verdades, os nomes de
fantasia, a impressão de que a taxa recairá
sobre outro contribuinte. Não, recairá sobre
todos.


O governo montou um pacote de bondades e
frequentemente saca de lá algum bom bocado
para seduzir o contribuinte. Fala em desonerar
a folha para estimular o emprego, ou no
mínimo a retirada parcial de encargos. Promete
elevar a faixa de isenção do Imposto de Renda
Pessoa Física. Fala em fazer um novo Bolsa
Família, maior e mais amplo. Acena com um
IPI menor. Paulo Guedes chegou a fazer até
uma pilha. "Você pode até reduzir cinco, sete,
oito ou dez impostos".


Que as contas sejam mostradas, que os nomes
próprios apareçam. Esse jogo de balão de


ensaio cansou. Todo governo gosta de CPMF.
Em janeiro de 2016, meses antes de deixar o
cargo, a então presidente Dilma Rousseff disse
que "diante da excepcionalidade do momento"
a CPMF era "a melhor opção disponível".
Agora, Guilherme Afif, assessor de Guedes,
diz: "A resposta a quem critica é: me dê uma
alternativa melhor do que essa. Ainda não vi."
Afif ficou conhecido reclamando dos impostos
excessivos e agora manda o contribuinte
arranjar uma ideia melhor. Ora, deve dizer
claramente qual é a conta que pretende enviar
para o pagador de impostos.

Governo tem que parar de fingir que não quer
recriar a CPMF. O truque de acenar com
bondades não vai funcionar

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas, Banco Central - Perfil
1 - Paulo Guedes
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