Banco Central do Brasil
Valor Econômico/Nacional - Finanças
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Instituições Financeiras
Bradesco reserva R$ 6,5 bi para pico
de calote em 2021
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Autor: Talita Moreira, Flávia Furlan e Álvaro
Campos
O fundo do poço para a economia pode ter
ficado para trás, mas o pico da inadimplência só
virá no começo de 2021, prevê o Bradesco.
Com essa percepção, o segundo maior banco
privado do país fez uma nova rodada de
provisões, elevando a R$ 6,5 bilhões suas
reservas contra perdas no crédito decorrentes
da crise do coronavírus.
O Bradesco fez, no segundo trimestre, um
provisionamento adicional de R$ 3,8 bilhões,
que se soma aos R$ 2,7 bilhões já constituídos
logo no início da pandemia. Com isso, atingiu
um índice de cobertura de 299% contra calotes.
“Num cenário como esse, sem precedentes,
provisões e liquidez são fundamentais”, afirmou
ontem o presidente do banco, Octavio de Lazari
Jr.
Há duas grandes incógnitas no cenário
vislumbrado pelo banco. Uma delas é se o pior
da crise já passou. Aparentemente sim,
segundo o executivo, mas não dá para ter
certeza — não está claro se haverá uma
segunda onda de covid-19 e, se ela vier, que
magnitude terá.
A outra interrogação é até onde a inadimplência
chegará. Uma escalada é dada como certa, mas
por enquanto não há muita visibilidade sobre
esse movimento por causa das prorrogações de
contratos de crédito adotadas pelas
instituições financeiras. A taxa de calotes do
banco recuou de 3,7% em março para 3% em
junho. Neste momento, afirmou Lazari, ainda
não é possível saber quantos clientes
conseguirão pagar suas parcelas quando
voltarem a ser cobradas. O Bradesco concedeu
pausa de até 120 dias para pessoas físicas e
empresas.
Os primeiros sinais são positivos, segundo o
executivo. O presidente do Bradesco disse que
o perfil dos clientes que suspenderam as
parcelas é parecido com o dos que se
mantiveram em dia — 93% não tinham atrasos
nos últimos 12 meses e 71% têm operações
com garantia real. O banco prorrogou 1,9 milhão
de contratos, que representam R$ 61 bilhões
em empréstimos e financiamentos.
Com isso, Lazari disse esperar que o custo do
crédito tenha atingido o pico no segundo
trimestre, embora não tenha descartado novas
provisões dependendo de como o cenário