Banco Central do Brasil
Valor Econômico/Nacional - Valor Investe
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Banco Central - Perfil 1 - FMI
Próximas semanas serão decisivas
para retomada
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Autor: Gustavo Sechin
Como será a recuperação da economia
brasileira frente à crise provocada pela covid-
19? A primeira preocupação de todos nós, sem
dúvida está relacionada à vida e ao cuidado
com pessoas. Mas, depois desta preocupação,
essa é a pergunta que os executivos mais
fazem. Não faltam previsões de especialistas e
estudiosos. Na busca pelo didatismo, o formato
das letras é utilizado para ilustrar o ritmo da
retomada, sua velocidade e sua intensidade —
se mais lenta ou mais rápida.
Na história da evolução da escrita, sabemos que
o alfabeto é um sistema totalmente abstrato, ou
seja, uma convenção. Aqui também
convencionou-se que uma retomada em “V”
indica que a recuperação se dará de forma tão
acentuada quanto a queda — não me parece
ser o cenário mais realista, tanto para o Brasil
quanto para o mundo; uma retomada em “U”
pressupõe que os reflexos continuarão ativos
por alguns meses, mas, após o fim das
restrições, a produção irá reagir com rapidez; já
uma retomada em “W” é usada pelos que creem
que, após uma primeira onda de crescimento,
terão os repiques que voltarão a atacar e a
economia postergando a recuperação.
Agora, quando se fala de uma retomada em “L”,
temos a visão dos pessimistas, aqueles que não
veem crescimento nos próximos períodos.
Tomemos São Paulo como exemplo. Maior PIB
do Brasil, principal centro financeiro do país,
com o maior e mais completo parque industrial,
responsável pelo maior polo terciário nacional,
com parcela significativa do comércio, além de
grande oferta e demanda de serviços. No último
dia 22 de julho, completamos 120 dias de um
processo de “confinamento” e restrições com
impactos severos na atividade econômica. De
um modo geral, observa-se restrições similares
e os mesmos impactos em todas as regiões do
país.
O fato é que o Brasil, um país continental, com
realidades distintas ao longo do nosso território,
foi bastante impactado. Já vemos os reflexos
nos níveis de emprego, na queda da renda e
nos impactos na produção. Planejamento,
unidade, alinhamento e coordenação poderiam
minimizar os efeitos. Mas se levarmos as
vítimas da pandemia e os efeitos econômicos
citados, observa-se nestes 120 dias a ausência
destes princípios.