Clipping Banco Central (2020-07-31)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Valor Econômico/Nacional - Brasil
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Reforma da Previdência

permite que a despesa seja corrigida só pela
inflação de um ano para o outro).


Onde cortar há e muito, e não é só nas
centenas de bilhões de reais de benefícios
fiscais. O problema é a disposição para
enfrentar os lobbies cujo poder de pressão tem
sido descomunal. É mais do que sabido que as
universidades públicas beneficiam os
estudantes mais ricos, mas quem vai se arvorar
a defender o ensino pago para quem pode
pagar? Ou qual a razão para que funcionários
de tribunais e do Ministério Público, que
recebem salários de R$ 30 mil tenham, ainda,
mais de R$ 1 mil por mês em auxílio-refeição,
além de ser frequente a distribuição de verbas
indenizatórias? O que justifica o advogado da
Advocacia-Geral da União ou um procurador da
Fazenda Nacional ter direito a um percentual
das causas ganhas? Ou, ainda, os fiscais da
Receita Federal receberem bônus de
desempenho?


A resposta é simples: As corporações se
apropriaram do Estado brasileiro. O que fazer?


Para corrigir as tremendas injustiças que
maculam o setor público é preciso fazer uma
reforma administrativa ampla e irrestrita, que
abarque os três Poderes: o Executivo, o
Legislativo e sobretudo o Judiciário, que é onde
se acumulam mais privilégios. O governo, que
está tateando em busca de uma base de apoio
político, jogou o tema da reforma do Estado
para 2021.


Nenhum desses exemplos renderia, por si só,
os bilhões necessários de corte de gastos.


Mas ao encolher os privilégios dentro de casa
fica mais fácil para o governo cobrar impostos
dos verdadeiramente ricos.


Aliás, uma das funções da lei do teto deveria


ser dar impulso às discussões públicas sobre
onde o governo gasta, para quem e por quê,
em vez de ficar nesse vai e vem entre arrombar
ou obedecer o teto.

Não basta dizer que a folha de salários da
União é a segunda maior despesa do
Orçamento. É necessário avançar no debate e
mostrar as razões pelas quais a soma da
Previdência mais salários consomem 80% do
gasto anual, enquanto que na média dos
países da OCDE os dois itens respondem por
60% do gasto.

A vantagem de expor a real situação da
despesa é ganhar o apoio da opinião pública e
foi isso que ajudou o governo e o Congresso a
terem algum sucesso na reforma da
Previdência.

Há grande expectativa de que o ministro da
Economia defina a trajetória do endividamento
do setor público e, com ela, as metas para o
desempenho das contas primárias e nominais
nos próximos anos. O déficit primário deve
atingir, este ano, o recorde histórico de 11,3%
do PIB, segundo informou o secretário especial
de Fazenda, Waldery Rodrigues, ontem,
durante reunião da comissão do Congresso
que acompanha as medidas de enfrentamento
da covid-19. Esse prognóstico pressupõe uma
contração de 4,7% do PIB. A dívida bruta do
setor público, no caso, sobe para
insustentáveis 94,7% do PIB. Para 2021, a
proposta do orçamento dirá qual é o objetivo do
governo para as contas públicas. Como parece
claro, a âncora fiscal hoje é o teto do gasto, e
não mais a meta para o resultado primário.

Bolsonaro, segundo relato de fontes oficiais,
teve que se render aos argumentos de Guedes
apesar de ter pautado sua vida política contra a
cobrança da CPMF.
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