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Folha de S. Paulo/Nacional - Poder
sábado, 1 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas
Não antes da abolição do papado
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Autor: Demétrio Magnoli
Vírus ainda mais contagioso controla os portões
escolares, a política eleitoral
Vejo, melancólico, as fotos de Adriano Vizoni,
das escolas públicas fechadas (Folha, 27.jul).
Lembro das primeiras escolas em que dei aulas,
em Carapicuíba e Caucaia do Alto, nos idos de
- A placidez com que o Brasil encara a
interrupção eterna do ano escolar é um retrato
em preto e branco do desprezo nacional pelos
pobres â?"e pela educação.
Cito os estudos científicos sobre as escolas
básicas suecas, que nunca fecharam, e alemãs,
reabertas em maio? Eles mostram o risco
irrisório do retorno parcial às aulas, sob os
conhecidos protocolos sanitários, durante o
declínio das infecções. Menciono a orientação
do Centro de Controle de Doenças dos EUA
â?"são médicos, não agentes de Trumpâ?" de
próximo retorno às aulas (bit.ly/30ac7AZ)?
Melhor não.
"Você quer matar as crianças, os professores,
os pais e os avôs!"; "arauto da necropolítica!";
"genocida!". As réplicas rituais surgem, aos
gritos, de quem jamais lerá estudo algum
â?"mas não cansa de empregar a palavra
"ciência".
Falar em escolas já produziu até uma nova
especialidade acadêmica. Um matemático da
FGV criou um modelo profético que garantia a
morte de milhares de crianças em poucas
semanas de aulas. Depois, voltou atrás,
alegando "empolgação", reconhecendo
equívocos de comunicação e estratosféricas
incertezas estatísticas. Com o vírus, ao lado da
Matemática Pura e da Aplicada, nasceu a
Matemática Empolgada.
"Uma única vida perdida", porém, seria