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Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
sábado, 1 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

A chamada cultura do cancelamento


representa uma ameaça à liberdade


de expressão?


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Autor: Leandro Narloch Milly Lacombe

Sim Apedrejar infiéis

Prática histérica funciona como aviso: quem
ousar discordar será eliminado

Imagine se um repórter da Folha, depois de ler
estudos e entrevistar cientistas, descobre que
uma substância usada em cosméticos provoque
câncer. Ao propor a reportagem, ouve do chefe:
"Este assunto é delicado. Podemos perder

anunciantes, deixa pra lá".

O comportamento do editor, é claro, não seria
fiel ao projeto editorial desta Folha. Os leitores
esperam que o jornal retrate a verdade sem se
preocupar com interesses de empresas.

Pois suponha que num outro dia o mesmo
jornalista, depois de ler estudos e entrevistar
cientistas, conclua que é um mito dizer que as
mulheres ganham 25% menos que os homens
para o mesmo trabalho. Ao propor a
reportagem, ouve do chefe: "Este é um tema
sensível e inconveniente. Vai gerar revolta no
Twitter e perda de anunciantes. Deixa pra lá".

Se a decisão do editor valesse, a atividade
jornalística também se curvaria a interesses -
neste caso, os do movimento feminista.

A cultura de cancelamento criou um ambiente
em que é perigoso discordar de idéias,
propostas e até de termo s preferidos por
minorias identitárias. Quem ousa discordar corre
o risco de ser linchado virtualmente, perder o
emprego, o patrocínio ou a verba de pesquisa. E
um ambiente terrível para o debate aberto e a
liberdade de expressão.
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