Clipping Banco Central (2020-08-01)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


O Globo/Nacional - Rio
sábado, 1 de agosto de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Ipea

letalidade é de 10% para os que vivem nas
áreas mais pobres e despenca para 1,4% nas
regiões com IDS 5. A diferença é grande
mesmo no recorte de pessoas com mais de 80
anos, as maiores vítimas da doença. A taxa é
de 54% no grupo 1 e de 34% no grupo 5.


Em relação à mortalidade por 100 mil
habitantes, a maior diferença está nas faixas de
40 a 49 anos e de 50 a 59 anos, em que o
grupo com IDS 2 tem mais que o triplo (74,8 e
157,7 por cem ml habitantes, respectivamente)
do que o grupo 5 (20,8 e 50,3 por cem mil
habitantes). Outras grandes variações são
vistas entre moradores de 70 a 79 anos, cuja
taxa é de de 691,6 por cem mil habitantes no
grupo 1 e de 379,8 por cem mil habitantes nas
regiões com IDS 5. A mortalidade só fica
próxima na faixa das pessoas com mais de 80
anos: 1.163 por cem mil habitantes no grupo 1;
1.331, no grupo 2; 981,3, no grupo 3; 1.334,9
no grupo 4; e 1.135,1, no grupo 5.


Apesar de os bairros serem heterogêneos, o
grupo 5 é muito distante de todos os demais,
olhando pelos indicadores sociais. Enquanto
isso, os grupos 1, 2, 3 e 4 são próximos -
explica o pesquisador do Ipea Pedro Miranda,
um dos cinco integrantes do grupo de trabalho.



  • A doença acaba sendo mais homogênea,
    socialmente falando, apenas no grupo de mais
    de 80 anos.


MENOS ISOLAMENTO


O fato de o grupo 5 ter mais idosos - 5% dos
moradores dessas áreas estão acima de 80
anos, enquanto apenas 1% chegou a esta
idade na região com IDS 1 - "inflaciona" as
taxas das regiões mais ricas da cidade.

A população do grupo de IDS 5 é a mais velha,
o que traz um peso grande para a média final.
Então dá uma falsa impressão de taxa de
mortalidade homogênea, mas a diferença
socioeconômica aparece de maneira explícita
quando separamos por faixa etária - diz
Miranda.

Para Ligia Bahia, especialista em saúde da
UFRJ, o maior risco de morte por Covid em
bairros menos desenvolvidos tem relação
também com o fato de que a população destas
áreas fez menos isolamento social - o home
office é uma realidade distante para moradores
das áreas mais carentes. Além disso, usa mais
transporte público e historicamente, diz ela, tem
mais comorbidades, como diabetes e
hipertensão. O acesso à à assistência médica
também é mais difícil, frisa a pesquisadora.

Para Leonardo Mattos, pesquisador da UFRJ
que vem se debruçando sobre falhas na oferta
de serviço médico durante a pandemia, a
pesquisa do IPEA deixa mais uma vez claro
que houve um colapso na rede pública
hospitalar, apesar de as secretarias de Saúde
não admitirem: - A saúde nunca é só uma
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