Clipping Banco Central (2020-08-01)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Revista Carta Capital/Nacional - Capa
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Banco Central - Perfil 1 - FMI

que um grupo tenta construir uma cooperativa
no Rio de Janeiro para garantir aos
trabalhadores direitos essenciais, como
descanso semanal ou auxílio em caso de
afastamentos por acidentes ou problemas de
saúde.


Eduarda Alberto, de 24 anos, é uma das
idealizadoras do projeto. Bartender até o início
da quarentena, ela passou a fazer entregas
com sua moto. “Na época, meu namorado
estava parando de trabalhar para os apps,
cansado da exploração. Então, desde o início,
tentei correr por fora”, diz a jovem integrante do
grupo Entregadores Antifascistas, estudante de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade
Federal do Rio de Janeiro. O maior desafio
para viabilizar a cooperativa é justamente o
desenvolvimento de um aplicativo para
gerenciar os pedidos de entrega.


O grupo pretende apropriar-se da tecnologia
desenvolvida pela CoopCycle, uma federação
que reúne 30 cooperativas de entregadores na
Europa e no Canadá. “Precisamos fazer
adaptações. Por causa da topografia, os
europeus atuam mais com bicicletas, o que é
inviável aqui. Precisamos traduzir tudo para o
português e adequar o sistema de
pagamentos”, explica.


Alheio ao drama do desemprego, Jair
Bolsonaro tenta empurrar a fatura da crise para
os estados e municípios que adotaram medidas
de distanciamento social na esperança de
conter o avanço do coronavírus. Em ofício
encaminhado ao presidente na segunda-feira
27, o governador do Maranhão, Flávio Dino,
propôs a criação de um Pacto Nacional pelo
Emprego, a ser debatido com entidades
empresariais e sindicais. Bolsonaro reagiu com
deboche. “Tem governador agora que quer que
eu faça um pacto pelo emprego. Mas ele
continua com o estado dele fechado”, disse o


ex-capitão durante conversa com seus
seguidores na saída do Palácio da Alvorada.

Em abril, um grupo de economistas liderado
por Esther Dweck, professora da UFRJ,
projetou os impactos econômicos da pandemia.
A equipe trabalhou com três cenários. O
primeiro previa uma crise em V, com rápida
recuperação da atividade econômica, após um
período eficaz de isolamento social. O cenário
de referência, por sua vez, vislumbrava uma
reabilitação em U, com retomada lenta após
um período prolongado de distanciamento
social. Por fim, o cenário pessimista previa uma
recuperação em L ou U prolongada, marcada
por vagarosa retomada da atividade econômica
a partir de 2021, após o fracasso das medidas
sanitárias. “Estamos atualizando os dados, mas
não temos observado mudanças significativas
nas projeções”, diz Dweck. “Apenas
descartamos o cenário otimista, porque ele é
irreal.”

Neste caso, o Brasil deve perder de 8,2
milhões a 14,7 milhões de postos de trabalho
em 2020. “Não há sinalização alguma de que o
governo vai tomar medidas efetivas para
estimular o crescimento da economia e, ao
mesmo tempo, a pandemia induz a mudanças
tecnológicas, em favor de uma maior
automação do trabalho. A combinação desses
dois fatores é explosiva para o mercado de
trabalho”, lamenta Dweck. “Desde o início da
pandemia, Bolsonaro tenta explorar a suposta
dicotomia entre economia e medidas sanitárias,
quando, na verdade, os países que fizeram
uma quarentena mais séria conseguiram conter
o avanço do vírus e retomaram as atividades
econômicas de forma segura.”

Epicentro global da pandemia, o Brasil acumula
mais de 90 mil mortos e 2,5 milhões de
infectados pelo coronavírus. Números oficiais e
claramente subnotificados, convém sempre
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