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Revista Carta Capital/Nacional - Colunistas
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: ESTHER SOLANO

É a total desumanização das relações
trabalhistas. Não há um patrão de carne e osso,
não existe um departamento de recursos
humanos
Há palavras cuja sonoridade é aparentemente
inócua, cuja grafia parece inocente, insuspeita,
mas basta ir um pouco além da fisionomia
ortográfica para entender os infernos que
escondem. Uberismo seria uma das mais
recentes formas de exploração da forma de
trabalho, consistente numa hiperexploração dos
trabalhadores por meio de plataformas. Um
emaranhado algorítmico pensado para arrancar
direitos trabalhistas na forma de startup jovem,
de sucesso, vibrante, lucrativa. Recomendo a
leitura atenta do que escreve o professor Ruy
Braga, da USP, excelente pesquisador na área
sobre as ameaças brutais da “plataformização”
do trabalho ou a tirania à qual as novas
tecnologias digitais submetem a vida dos
trabalhadores mais precarizados.

É a total desumanização das relações
trabalhistas. Não há um patrão de carne e osso,
não existe um departamento de recursos
humanos, muitos sindicatos rejeitam representar
essas categorias. O contato com o “cliente”
resume-se, muitas vezes, a uma entrega rápida
e insensível, com um portão com grades no
meio de dois indivíduos, que no momento estão
a centímetros de distância, mas cujas mãos
apenas se tocam e cujas vidas se tocam menos
ainda. Não há direitos, não há humanidade.

Um país como Brasil é o ambiente perfeito para
esse processo de uberização da vida. Milhões
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