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Banco Central do Brasil


O Estado de S. Paulo/Nacional - Espaço Aberto
sábado, 1 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Os súditos do presidente


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Autor: Miguel Reale Júnior

A pandemia faz aflorar a sensação plena de
nossas contingências e fragilidades. Integramos
agora, independentemente de nossa origem,
cor, condição social, sexo, religião ou time de
futebol, uma mesma categoria: potenciais
vítimas da covid-19.

Tal importa em visitar e praticar o valor
solidariedade social, fruto da consciência viva
de dependermos cada qual do outro. Assim,
cooperamos com o nosso próximo, esperando
que ele também colabore conosco, para, em

irmandade, juntos, superarmos o inimigo
comum.

A noção de planetário pertencimento à nova
categoria de potenciais vítimas do vírus desfaz
eventual sensação de ser o outro um inimigo,
uma fonte de desgraça, pois todos somos, sem
o querer, concomitantemente, destinatários ou
transmissores do mal. Esta recém-
experimentada condição, que nos retira de
nossas atividades habituais, impõe a humildade
de reconhecer que se deve aos demais a
atenção de cuidados para protegê-los.

O pertencimento a uma situação geral perigosa
deve unir, e não confrontar, fazendo surgir
espírito comunitário, a ser vivido na rua, no
prédio de moradia, no supermercado, nos
ônibus, consistente no respeito à vida de todos,
mesmo porque a proteção dos circunstantes
também significa a defesa de si mesmo.

Todavia não é o que se está a verificar em
parcela da nossa sociedade, ao negar o valor da
solidariedade e se arvorar imune à peste, para
por comodidade ou arrogância desrespeitar a
vida alheia e não colaborar com o bem comum.

Já Oliveira Vianna (Instituições Políticas
Brasileiras, José Olympio editor, 1949, pág. 132
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