Clipping Banco Central (2020-08-01)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Revista Carta Capital/Nacional - Economia
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

posto em meio a críticas de desatualização
profissional e forte reação corporativa, ambas
admitidas por Novaes em declarações após o
anúncio da sua saída. “Ele não tinha nenhum
traquejo para dirigir uma empresa do porte do
Banco do Brasil”, dispara Marcel Barros, diretor
da Previ eleito pelos funcionários da instituição.
Relatos da equipe do banco dão conta de que
quem tocava o dia a dia era Carlos Hamilton
Vasconcelos Araújo, vice-presidente de Gestão
Financeira e Relação com Investidores.


Sem perfil para o cargo e acusado
internamente de machismo e misoginia,
Novaes aumenta a lista de baixas da equipe
econômica. Desde junho, pediram a conta
Mansueto Almeida, secretário do Tesouro, e
Caio Megale, diretor de programas da
Secretaria Especial da Fazenda.


O legado de erros e omissões de Novaes é
extenso. “O banco não acompanhou a Caixa e
tardou a entrar no Programa Nacional de Apoio
ao Médio Produtor Rural (Pronamp), o
programa de ajuda às pequenas empresas na
pandemia. Depois, liberou os recursos e foi
uma corrida maluca às agências, o crédito
acabou e estão esperando uma nova remessa”,
dispara João Fukunaga, diretor do Sindicato
dos Bancários de São Paulo e coordenador da
Comissão de Empresa dos Funcionários do
Banco do Brasil.


Entre seus feitos, o presidente demissionário
promoveu Antônio Hamilton Rossell Mourão,
filho do vice-presidente da República, de
assessor na diretoria de Agronegócios para
assessor especial da presidência da instituição
e, seis meses depois, para gerente executivo
de Marketing e Comunicação, área que
veiculou anúncios do banco no site Jornal da
Cidade Online, divulgador de notícias falsas
favoráveis à campanha de Bolsonaro em 2018
e um dos alvos da CPI das Fake News no


Congresso. Denunciado pela organização
Sleeping Giants Brasil, o BB suspendeu a
publicidade, sob protesto de Carlos Bolsonaro.
O banco voltou atrás para atender o filho do
presidente, mas o TCU obrigou-o a continuar
fora do jornal extremista, proibição que teria
sido desrespeitada.

A controvérsia mais recente envolve a venda
para o Banco BTG Pactual, por 371 milhões de
reais, de carteira de títulos com valor de face
de 2,9 bilhões. “A transação é, no mínimo,
suspeita, porque há um vínculo do ministro com
o BTG e a carteira é um bem público. A venda
tinha de ser mais publicizada”, critica o
deputado Enio Verri, que ingressou na Câmara
com pedido de explicações.

“A operação é legal, permitida pela CVM, mas
é imoral porque um dos fundadores do BTG
Pactual é o ministro Paulo Guedes. Para nós,
foi uma injeção de recursos, acho que o banco
privado estava com alguma dificuldade”,
acrescenta Fukunaga.

A versão de venda da carteira para auxiliar o
BTG correu o mercado no dia da operação e é
plausível, segundo profissionais do setor. Caso
tenha sido essa a motivação, a iniciativa do BB,
ao contrário do apontado por alguns
economistas, não caracterizaria uma
aberração, antes o contrário. Em maio, uma
emenda constitucional autorizou o Banco
Central a comprar e vender ativos de categoria
BB-, considerados junk bonds ou de alto risco,
durante a pandemia. Prática semelhante é
permitida pelo Federal Reserve, dos EUA,
desde 2008. A Grande Depressão dos anos
1930, sublinham vários economistas, mostrou
que deixar o sistema financeiro quebrar é
encaminhar a demolição do conjunto da
economia e, desde a crise das hipotecas, 12
anos atrás, os bancos centrais atuam para
evitar efeitos em cadeia das dificuldades de
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