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O Estado de S. Paulo/Nacional - Notas e Informações
sábado, 1 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas
O SUS precisa ser cuidado
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A sociedade brasileira, por meio de seus
representantes constituintes, decidiu ter um
sistema de saúde universal e gratuito. Deste
anseio nasceu o Sistema Único de Saúde
(SUS), inspirado no britânico Serviço Nacional
de Saúde (NHS, na sigla em inglês). Mais de
três décadas após seu advento, com o modelo
já consolidado, é difícil imaginar o País sem o
SUS.
Muitos cidadãos não fazem ideia de quão
precário era o atendimento médico para quem
tinha pouco ou nenhum dinheiro no Brasil até o
início da década de 1990. Aos que não podiam
pagar por um plano de saúde ou não estavam
empregados "com carteira assinada", quando
adoeciam, só restava a inestimável caridade das
Santas Casas e de outros hospitais filantrópicos
ou os escassos hospitais públicos de seus
Estados e municípios. Em boa hora, este
descaso quase darwinista com o bem-estar de
milhões de pessoas foi substituído por uma
nova política de saúde pública mais humana e
abrangente. Mas isto custa muito caro.
Em que pese o incontestável aprimoramen- to
da cidadania a partir da criação do SUS, há
problemas renitentes que precisam ser
superados para que, além de universal e
gratuito, o sistema também seja reconhecido
pela qualidade dos serviços que presta à
população. E para tanto o SUS precisa ser bem
financiado. A bem da verdade, nunca foi.
O SUS demanda muito dinheiro, seja para
custeio, seja para investimentos em pesquisa,
melhorias e aumento da capacidade de
atendimento. Há muitos anos lida com a
iminência de um colapso financeiro. A última
atualização da tabela de procedimentos
cobertos pelo SUS ocorreu em outubro de 2007.
De lá para cá, aumentou tanto o número de
atendimentos prestados como o grau de
complexidade dos procedimentos. No entanto, a
remuneração dos hospitais não acompanhou
essa evolução. Resultado: hospitais fechados,
funcionando precariamente ou endividados. As
Santas Casas que o digam.