Clipping Banco Central (2020-08-01)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Revista Isto é/Nacional - Editorial
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

de seu governo na pandemia está tipificada e
enquadrada dentro do contexto de genocídio
pelo número de pessoas atingidas e em virtude
do desastre causado. Configuram crimes
contra a humanidade graves violações de
direitos humanos embutidas nesse
comportamento, digamos, libertino e
desregrado. O capitão em pessoa fez pouco
caso das reclamações. Deu de ombros. Nem
liga. O sobranceiro atrevimento parece ligado à
sensação de impunidade. Afinal, é ele o chefe
impávido de uma nação, até aqui, dita
democrática. A omissão e o descaso sobre as
baixas por conta da doença fazem parte. Diria
assim o soberano comandante. Muitas vezes,
em algumas cabeças coroadas como a dele,
confundem-se os significados de liderança e
desmando. Suprema ironia é o incômodo
causado nas forças militares que lhe prestam
vassalagem quando arroladas pelo ministro do
Supremo Gilmar Mendes como possíveis
corresponsáveis dessa sarabanda de
genocídios levada a cabo pelo capitão. Se
alguns dos seus boinas verdes estão lotados
no Ministério da Saúde, posto de controle das
operações para debelar a doença, e nada
entendem ou fazem que não atender aos
desígnios de Messias, parece natural serem
tratados como coniventes. A mesma expressão
“genocídio” foi usada por outro ministro do STF,
Luiz Roberto Barroso, que disse que a
Suprema Corte impediu o governo Bolsonaro
de produzir mais genocídio ao vetar a
campanha “O Brasil Não Pode Parar”, que
estimulava a volta ao trabalho, não importando
a letalidade da pandemia em andamento. Seja
entre juízes, médicos, autoridades em geral, a
sensação de que o mandatário estimula
comportamentos perigosos — para dizer o
mínimo — é crescente. Vale lembrar que, ao
final de maio passado, o Brasil já alcançava a


assustadora marca de 10 mil mortos. De lá
para cá, em pouco mais de dois meses,
estamos prestes a bater o número de 100 mil.
Quantas vidas mais serão necessárias para
que autoridades como o imprudente Bolsonaro
perceba a gravidade da situação e se engaje
na luta adversa a essa crise sanitária? Difícil
dizer, quase impossível crer. Alguém que,
mesmo contaminado, foi capaz de pegar a
moto e sair a passear, parando para confabular
com trabalhadores, sem máscara, nos jardins
do seu palácio, não tem realmente a noção do
mal que está causando.

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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