Clipping Banco Central (2020-08-01)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Revista Isto é/Nacional - Brasil
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Mansueto Almeida

uma instituição financeira listada em Bolsa,
alinhando-a aos caprichos do governante de
plantão.


É a mesma trajetória seguida pelo titular da
Economia. Paulo Guedes chegou ao governo
prometendo um choque de privatizações.
Queria angariar R$ 1,2 trilhão com a venda das
614 estatais, um valor suficiente para zerar a
dívida pública, que representava cerca de 78%
do PIB. Um ano e meio depois, essa dívida
caminha para 100% do PIB e nenhuma
empresa pública foi vendida. A estruturação da
privatização das primeiras 18 candidatas
(menos de 3% do total) ainda não caminhou. O
mesmo vale para as reformas estruturantes. A
única aprovada, a Previdenciária, foi liderada
pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia. As
PECs moldadas para disciplinar os gastos
públicos só chegaram ao Congresso no final de
2019, e já foram abandonadas. A Reforma
Administrativa, que conteria os
desproporcionais gastos com funcionalismo (a
segunda maior rubrica do Orçamento, atrás
apenas da Previdência), foi barrada pelo
presidente, que deseja atender o interesse
corporativo dos servidores — como sempre fez
nos seus tempos de deputado. Já a Reforma
Tributária, que foi adiada pelo ministro até
agora, passou a ser o projeto central de
Bolsonaro — mas no mau sentido. Abandona
definitivamente a proposta de modernizar a
economia, destravando os investimentos, e
prevê recriar a CPMF. O imposto do cheque é
considerado pelos especialistas a pior opção
possível. A unificação do PIS e do Cofins com
a alíquota de 12% caiu como um bomba no
setor de serviços. “Isso não é reforma tributária.
Haverá um brutal aumento de carga tributária e
o efeito danoso vai incidir sobre toda a cadeia
da Educação, um setor que já vive uma
situação dramática com a Covid-19”, diz Beth
Guedes, presidente da Associação Nacional
das Universidades Particulares (Anup) — irmã


do ministro.

Prioridade para reeleição
Com a implantação da nova CPMF, Guedes
engessa a economia, mas garante o terreno
para a reeleição de Bolsonaro. A previsão é
arrecadar R$ 120 bilhões. Ela surge para
sustentar o Renda Brasil, programa que vai
encampar o Bolsa Família. Um bilhete
premiado para as eleições de 2022. Guedes
também pretende ampliar a isenção do Imposto
de Renda, outra promessa com potencial
popular. As pressões para driblar o teto de
gastos crescem no Palácio do Planalto. Um de
seus defensores é o general Walter Braga
Netto (Casa Civil). O longo e acidentado
processo de garantir o ajuste fiscal pode ser
implodido exatamente pelas mãos de Guedes,
um antikeynesiano. Uma das baixas na sua
equipe é o secretário do Tesouro, Mansueto
Almeida, defensor histórico do controle nas
contas públicas. Um quadro técnico, Almeida
veio do governo Temer. Ele negou divergências
com o ministro, assim como os outros ex-
membros da equipe. Mas isso não significa que
a ambição e o potencial do time sejam os
mesmos. Não há substituto à altura para
Marcos Troyjo, que conseguiu garantir o acordo
de livre comércio Mercosul-União Europeia na
Secretaria de Comércio Exterior e saiu em 15
de junho para ingressar no Banco dos Brics. O
diretor de programas da Secretaria Especial da
Fazenda, Caio Megale, era um nome afinado
com o mercado, e já tinha atuado como
secretário da Fazenda da cidade de São Paulo
na gestão do PSDB. Anunciou sua saída no
último domingo, 26.

Guedes nega a debandada e argumenta que
“na média, o nível da equipe está subindo”. É
mais um truque retórico, que virou sua
especialidade. O sucessor de Mansueto, Bruno
Funchal, foi secretário da Fazenda do Espírito
Santo. De fato, é um nome comprometido com
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