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Revista Isto é/Nacional - Notícias
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas
presidente das Forças Armadas eleito por voto
popular o aproxime dos outros dois, Hermes da
Fonseca e Dutra, respeitados na caserna.
Não é o caso.
Aos 33 anos nosso Messias foi aposentado, em
sua breve carreira no Exército, por ter
elaborado um plano para explodir bombas-
relógios em quartéis, lutando por melhores
salários.
Atitude que o nivela à mesma postura
anticonstitucional que costuma acusar seus
inimigos políticos da esquerda.
Quem sabe tenha tido uma vida política de
conquistas, tal qual um Tancredo Neves, ou um
Ulisses Guimarães.
Não é o caso.
Ao longo de seus 26 anos de carreira política, o
então vereador, depois deputado, apresentou
172 projetos.
Um deles propunha que Enéas Carneiro fosse
incluído na relação de Heróis da Pátria, para se
ter ideia do nível de irrelevância.
Dos projetos votados, apenas dois foram
aprovados, o que comprova que nunca se
destacou pela defesa dos interesses da
população.
Quem sabe sua popularidade se deva ao apoio
incondicional de um partido político ou
agremiação, como foi o caso de Lula e o PT.
Não é o caso.
Mesmo aposentado, Bolsonaro apresentou 53
projetos defendendo interesses dos militares.
Nenhum foi aprovado.
No baixo clero, onde sempre transitou,
Bolsonaro passou pelo PPB, PDC, PPR, PFL,
PTB, PP, PSC e PSL, até sua condição atual
de sem partido.
Quem sabe talvez tenha sido sua retórica, ou
talento de orador, como um Brizola, por
exemplo.
Não é o caso.
Bolsonaro, antes da eleição, era quase uma
anedota de mau gosto, ao apoiar os mais
controversos temas, como a homofobia
(“...prefiro que um filho meu morra num
acidente do que apareça com um bigodudo por
aí.” — 2011); atacar colegas do Congresso
como Maria do Rosário; apoiar torturadores
como Brilhante Ustra e por aí vai.
Quem sabe seja sua intelectualidade. Uma
espécie de FHC. Talvez Bolsonaro seja um
sociólogo amador, um psicólogo autodidata, um
economista diletantista.
Não é o caso
Durante a campanha deixou claro inúmeras
vezes que não entende de nenhum assunto e
que confiaria nos ministros especialistas.
“Minha especialidade é matar — (2017)”, foi à
única indicação de que domina alguma área do
conhecimento humano.
Apesar disso, demitiu diversos ministros
especialistas que discordavam de sua própria
ignorância.
Quem sabe seja o caso de admitirmos a mais
terrível das opções.
A de que somos um povo tacanho, ignorante,
preconceituoso e incapaz sequer de
reconhecer o despreparo de quem nos lidera.
O peixe, afinal, é o último a reconhecer o
aquário.