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Banco Central do Brasil


Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
sábado, 1 de agosto de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Vale-tudo


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Autor: Julianna Sofia

brasília No vale-tudo de Paulo Guedes
(Economia) para desinterditar o debate sobre a
recriação da CPMF, o ministro usa técnicas de
um diversionismo pouco sofisticado para
sugestionar a opinião pública, majoritariamente
contrária ao novo (antigo) tributo.

Nas investidas mais recentes, o economista de
Jair Bolsonaro vincula a instituição do imposto, a
um só tempo, à desoneração de 25% da folha
de salários das empresas, à ampliação da faixa
de isenção do Imposto de Renda e ao

financiamento de parte do novo Bolsa Família
(Renda Brasil).

Com as finanças públicas exauridas, Guedes
não abre mão do dinheiro grosso que poderia
amealhar com uma alíquota mínima de 0,2%:
R$ 120 bilhões. Há planos por uma taxação de
até 0,4%. Joga iscas ao empresariado, à classe
média e à população de baixa renda para
capturar o mundo político - atmosfera na qual
nunca orbitou.

Por inabilidade ou dissimidação, a equipe
econômica insiste não se tratar de
reempacotamento da CPMF, pois o novo tributo
incidiria sobre pagamentos, sobretudo compras
no e-commerce. Das falas desencontradas e
dos vazamentos seletivos de informações,
conclui-se, porém, que a intenção vai além de
criar um "imposto do Rappi", restrito ao
ambiente digital, de cunho moderno e elitizado.

Pagamentos de qualquer tipo, compras inclusive
em dinheiro, estariam sujeitos à tributação
devido ao registro digital - hoje válido até para o
pãozinho na padaria. Impostos sobre transações
vigoram atualmente apenas em uma dúzia de
países, como Paquistão, Venezuela, Argentina e
Sri Lanka.
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