AGOSTO 2020
ou trespassados pelas baionetas. Os sons de sofri-
mento quase abafavam o troar das armas.
No terreno, e devido ao posicionamento numa
cota superior, os comandados de Wellington come-
çaram a ganhar vantagem. Uma investida francesa
chega a ganhar posição num dos cumes da serra,
mas, sem apoio e coordenação, é varrida da posição
arduamente ganha. Nesse instante, talvez o general
britânico tivesse começado a intuir que os pratos
da balança se inclinavam decisivamente a seu favor.
Escassas duas horas e meia depois, a batalha
terminava com a retirada das tropas francesas do
campo de batalha. No alto da serra, portugueses
e ingleses rejubilaram, soltando gritos de triunfo
entre os corpos caídos que juncavam o terreno.
Mas Wellington mostrou-se comedido: a vitória
fora importante, mas a expulsão das tropas fran-
cesas estava longe de ser conseguida.
TRAVADO NO BUSSACO, o exército francês continuou
a marcha, mobilizado em relação ao objectivo final
de atingir Lisboa. Percebendo a inutilidade de ata-
car uma posição onde o adversário gozava de supe-
rioridade táctica, Massena ordenou o rápido
contorno da serra do Bussaco por Boialvo, em direc-
ção a Avelãs de Caminho, tomando aí a estrada real
que ligava o Porto a Lisboa.
O coberto vegetal mudou muito desde 1810. Na
gravura de Thomas Sutherland, a orografia foi clara-
mente exagerada, mas mantém-se a ideia de uma
serra despida, hoje desmentida pela visão do Palácio
Nacional do Bussaco enquadrado pela vegetação.