Elle - Portugal - Edição 382 (2020-08)

(Antfer) #1

142 ELLE PT


FOTO: XIMENA MORFIN - REALIZAÇÃO: CAROLINA ALVAREZ

BELEZA


CORPO


NAS


ENTRELINHAS


Porque é que não despimos os preconceitos e as roupas, deixamos à mostra o nosso
corpo e exibimos (e tratamos) com orgulho as nossas estrias? Por Carolina Adães Pereira

primeira vez que Catarina Corujo foi impactada
emocionalmente pelas suas estrias foi algures
entre 2006 e 2007. «Tive uma depressão e
engordei cerca de 30 e poucos quilos em três
meses e as estrias apareceram nos meus braços. Cheguei ao
ponto de olhar para o espelho e ver os braços completamente
roxos de todas as estrias novas que tinha». Este momento
foi marcante para a modelo e influenciadora de 33 anos, por
ser novidade, não pelo facto de ter estrias. «Tinha uma ou
outra, que também me apareceram nessa altura, na bar-
riga. Mas nunca tinha tido estrias nos braços», recorda.
As marcas que surgiram nos membros superiores foram
as que mais chocaram Catarina, porque os complexos
com os seus braços já existiam anteriormente «por
serem muito grossos e quando surgiram as estrias, este
complexo ficou ainda maior. Não vestia tops de alças
e, se vestisse, usava um casaco. Nunca tinha os meus
braços à mostra», partilha ela com a ELLE.
Não é fora do comum termos inseguranças, tal como
não é fora do comum uma pessoa ter estrias. Aliás, a
probabilidade de você, que está a ler estas palavras neste
preciso momento, ter estrias é muito elevada. Um estu-
do publicado pelo Journal of Cutaneous and Aesthetic

Surgery em 2016 estima que 90% das mulheres grávidas
durante a gestação vão ter estrias, 70% dos adolescentes de
género feminino vão desenvolver estrias assim como 40%
dos adolescentes de género masculino. Estas estatísticas
revelam duas conclusões: a primeira é que grande parte
da população mundial tem estrias e a segunda é que estas
marcas que aparecem na pele surgem, normalmente,
em alturas associadas a mudanças no nosso organismo
e a processos de descoberta, onde a parte emocional dos
seres humanos está mais fragilizada.
É essencial perceber, antes de mais, o que são as es-
trias. «São cicatrizes lineares da derme que traduzem
uma atrofia das fibras de colagénio e elastina que se
tornam finas e retraídas,» explica Isabel Fonseca, médica
dermatologista (isabelfonsecadermatologia.com). O
aparecimento destas cicatrizes regista-se sobretudo nas
nádegas, coxas, mamas e na região lombo sagrada e pode
ter diversas explicações, mas a mais comum é serem um
resultado de alterações rápidas de peso ou uma conse-
quência da gravidez. A palavra cicatriz não lhe pode ter
passado despercebida. Na verdade, cada estria que tem
é uma cicatriz e, por isso, não desaparece. É algo que vai
ficar para sempre registado na sua pele.

A

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