Elle - Portugal - Edição 382 (2020-08)

(Antfer) #1

30 ELLE PT


FOTOS: D.R.

ESTILO


abemos que, muito provavelmen-
te, já ouviu por mil vezes ouvir
alguém dizer que a indústria da
moda consegue ser muito cruel.
Aquilo que era “incrível” há dois meses,
subitamente, deixa de o ser. No entanto,
existem umas quantas marcas/peças que
têm a capacidade de nos marcar e ocupar
para sempre um lugar especial nos nossos
corações. A Sanjo é um delas.
Cresceu e prosperou num Portugal
completamente fechado ao resto do mun-
do, no entanto, assim que as fronteiras
se abriram, em 1974, não conseguiu
aguentar a concorrência e cerca de 20
anos depois fechava as portas. Mas ago-
ra está de volta. Graças a José Egipto
Magalhães e Hélder Pinto, que estão a
reerguer a marca. «A Sanjo foi um feliz
acaso no meu percurso profissional»
começa por dizer Pinto, «Inicialmente

foi proposto ao meu sócio José do Egipto
a possibilidade de adquirir a marca mas,
numa fase embrionária, ele não queria
envolver-se no projeto (por não ser o
ramo de negócio que desenvolveu ao
longo da sua carreira). Contudo, acho
que o meu entusiasmo com a perspetiva
de relançar uma marca como a Sanjo,
acabou por o contaminar e ficou tão ou
mais aliciado com o projeto quanto eu».
Os dois juntaram-se então neste
desafio, não só com a tarefa de reer-
guer uma marca desportiva icónica,
mas também a de limpar da memória
o relançamento feito em 2010, por um
empresário, que ficou muito longe do
desejado. «Inicialmente não tínhamos a
perceção do quanto as pessoas estavam
desagradadas com a qualidade da marca
nos últimos anos. A produção tinha
sido transferida para a Ásia e conse-

quentemente a qualidade do produto
ficou aquém das expectativas dos con-
sumidores. Isto foi o que mais tivemos
de combater para ver a marca prosperar
(...). O nosso objetivo foi sempre recu-
perar a marca e explorar o seu potencial,
acreditamos que estamos a fazer um
bom trabalho, até porque o feedback
do público tem sido bastante positivo»
afirma o administrador da Sanjo.
De facto, os erros cometidos pelo
antigo dono não voltaram a ser repeti-
dos pelos dois empresários que, mesmo
estando conscientes do quão monetaria-
mente benéfico poderia ser ter todo o seu
calçado fabricado no Oriente, optaram
por seguir um rumo diferente, produ-
zindo todo o seu produto no mercado
nacional: «Chegamos à conclusão de
que um produto com um ADN tão por-
tuguês, não tinha outra alternativa que

MARCA DO MÊS


(S)ANJO NACIONAL
A icónica marca de calçado português está de volta com uma nova
imagem, e quer que nos voltemos a apaixonar por ela.

S


A SANJO FOI A PRIMEIRA MARCA
DE TÉNIS CRIADA EM PORTUGAL.
NASCEU NO ANO DE 1933, EM SÃO
JOÃO DA MADEIRA, NA COMPANHIA
INDUSTRIALDECHAPELARIA
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