Elle - Portugal - Edição 382 (2020-08)

(Antfer) #1
não tinha atingido a maturidade que
sinto ser necessária para dar esse passo»,
constata a atriz. «Estou feliz por não ter
acontecido nessa altura, por mais que
lutasse e batesse com o pé no chão. O
universo trabalha de maneira perfeita,
mesmo com os nãos que recebemos. Faz
tudo sentido». Mas só faz sentido quando
há trabalho, foco e rigor envolvidos e
isso é mais do que visível no currículo
versátil de Alba. Depois da curta Miami
de Simão Cayatte, em 2014, a atriz tem
andado muito ocupada entre telenovelas,
séries de televisão e (principalmente)
cinema, onde começou a sua carreira,
aliás. Um começo um pouco atípico
no panorama português. «Geralmente,
não sei, os jovens atores em Portugal
costumam ter a primeira oportunidade
em televisão, nomeadamente em novelas
porque é o meio mais aberto para acolher
novas caras», partilha. «Tive a sorte de
começar em cinema porque introduziu-
-me à indústria de uma maneira muito
íntima e muito cautelosa». Nota-se pelo
brilho dos olhos que o cinema é um caso
sério para Alba. «Sim, sem dúvida que
cinema é sempre diferente», revela. Des-
ta forma, não é de estranhar que a Sétima
Arte seja uma constante para a atriz e o
momento presente é prova disso mesmo:
Alba participa em Patrick, o aplaudido
filme de Gonçalo Waddington, que está
em exibição nas salas de cinema, e está a
gravar um filme francês, produzido por
Paulo Branco, onde a luso-brasileira vai
falar francês e português.

SIM, JÁ CONTÁMOS três línguas diferen-
tes em projetos distintos neste artigo, mas
Alba sabe falar fluentemente cinco (mais
alemão e espanhol, uma consequência de
ser filha de uma tradutora de profissão e
ter frequentado um colégio bilingue).
Parece que tudo no percurso da atriz foi
desenhado para que esta oportunidade
chegasse, mas em poucos minutos ouvi
referências à sorte e intervenções cósmicas
como as responsáveis pelo seu sucesso,
o que me intriga. «Uma grande amiga
minha disse-me: “Alba, tens que parar

BUZZ


que fui escolhida. Isso vai estar sempre
lá no fundo, no subconsciente», conclui.
E não é para menos. Provavelmente
já ouviu falar de Alba. Se ainda não tinha
ouvido antes de junho, com toda a certeza
já sabe quem ela é por esta altura. A atriz
de 23 anos (feitos no passado dia 10 de
julho) já falou com todos os meios de
comunicação portugueses nas últimas
semanas e tudo devido à estreia da sé-
rie Warrior Nun, inspirada na manga
Warrior Nun Areala, publicada nos anos


  1. Sem spoilers, revelamos que Alba
    interpreta a protagonista Ava Silva, uma
    jovem tetraplégica que, depois de morrer
    no orfanato, onde viveu praticamente toda
    a sua vida, ressuscita com superpoderes.
    Isto faz de Alba Baptista a primeira atriz
    com nacionalidade portuguesa a assumir
    o protagonismo de uma série inglesa da
    famosa plataforma de streaming.


A OPORTUNIDADE SURGIU em 2018,
depois de um convite para marcar pre-
sença no festival de cinema internacional
Subtitle, na Irlanda. «Durante uma
semana, vemos muitos filmes e temos
entrevistas com diretores de casting e
produtores. Num desses dias, conheci
uma diretora de casting que disse que
achava que eu era perfeita para um papel.
Fiz o casting lá e o resto é história». E
a história é que, depois de Alba trazer
também o prémio de Atriz Revelação
dessa edição do festival, recebeu a con-
firmação que o papel era seu e mudou-se
para Málaga para gravar a série.
Apesar deste ser o seu primeiro pro-
jeto internacional, a aventura por outros
mercados não é uma novidade. «Em
2017, já estava a tentar internacionali-
zar, mas é muito difícil vencer e estava
numa altura da minha vida onde ainda

A atriz luso-brasileira
também faz parte
do elenco do filme
Patrick, de Gonçalo
Waddington.
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